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Em coração de mãe sempre cabe mais um

Família “adota” o sobrinho, a fim de realizar o seu sonho de ter um pai presente

17 de maio de 2020

Já dizia o ditado que “em coração de mãe sempre cabe mais um” e na família Schmidt Machado, a história começou exatamente assim. O casal Iriane Schmidt, 28 anos, e Jeferson Machado, 34, decidiu adotar o sobrinho, Marcelo, já que o sonho dele era ter um pai presente.

O rapaz, que hoje tem 15 anos, desde pequeno passava as férias com a família da tia, em Pomerode, e a relação com ele sempre foi de muito amor. Neste ano, com a situação da pandemia e da quarentena, com as aulas suspensas, Marcelo também ficou na casa da família de Iriane, que percebeu o quanto a relação do garoto com o marido, Jeferson, se tornou ainda mais próxima.

“Ele foi criado só pela mãe e o maior sonho da vida dele era ter um pai presente. Foi aí que entendi tudo que estava acontecendo, comecei a orar e pedir para Deus me mandar um sinal. A relação dos dois foi ficando cada vez mais estreita e, então, resolvi sentar com o Marcelo e conversar. Ele disse que gostaria de viver com a gente, expliquei como as coisas aconteceriam aqui e, então, conversamos com a mãe dele, que é minha irmã por parte de pai”, comenta Iriane.

A irmã não aceitou de primeira a ideia de Marcelo morar com Iriane e Jeferson, mas as conversas continuaram e a sugestão foi sendo amadurecida. Um dia, segundo a auxiliar administrativa, Marcelo mandou uma mensagem para a mãe dele pedindo muito para que autorizasse ele a morar com os tios. 

“Isso porque, segundo ele, sempre quis ter um pai e o ‘tio Jefi’, como ele chama, estava fazendo aquilo que ele demorou anos para ter. Foi ali, entre muitas lágrimas, que entendemos a nossa importância na vida do Marcelo. Na verdade, foi ele que nos escolheu e isso tem um significado muito grande para nós”, revela a auxiliar administrativa.

Iriane admite que a ideia inicial do casal sempre foi ter um filho apenas, mas ressalta que preza muito pela família e sabe o tamanho da importância e do papel dos pais na vida de uma criança, por isso, a vontade de Marcelo falou mais alto. “Quando eu vi o Marcelo tão carente dessa atenção, carinho e amor, amoleceu meu coração. Quem nos conhece sabe o quanto somos presentes na vida do Pedro, vi ali a oportunidade de fazer o mesmo pelo Marcelo”, enaltece.

A auxiliar administrativa reconhece que não havia cogitado a possibilidade de adotar antes, mesmo que tenha grande admiração pelo ato. Ela afirma que sempre enalteceu a adoção, assim como aos pais de crianças especiais, pois acredita que estas pessoas são escolhidas a dedo para algo grandioso como o ato de adotar. E foi a maternidade que a fez perceber a beleza da adoção.

 “Adotar é um ato de muito amor, de reponsabilidade, uma decisão bastante difícil. Por diversas vezes eu me perguntei se estava preparada para enfrentar esse desafio, porque, até então, eu era mãe de um menino de quase três anos, Pedro Henrique, o qual eu ia educar da forma que eu acho correta. Agora, estou sendo mãe de um adolescente de 15, que já veio pronto, mas graças a Deus, o Marcelo é um menino muito bom, educado, prestativo e só veio pra acrescentar”, pondera.

Marcelo está com sua nova família há pouco mais de 40 dias e, de acordo com eles, representa uma nova oportunidade de poder fazer a diferença na vida dele. Para Iriane e Jeferson, ter a certeza de que pode mudar a história da vida de alguém é bastante representativo.  

O Dia das Mães neste ano, portanto, foi mais do que especial para Iriane, pois pôde aproveitar o amor dos filhos em dobro. “Esse é o meu terceiro Dia das Mães, sendo mãe do Pedro, mas posso falar que foi tão importante e emocionante quanto o primeiro. Agora, com tudo isso que estamos passando no mundo, poder receber e entregar amor é algo bastante significativo, estar com eles por perto só me deixou ainda mais feliz. Fui acordada com uma linda cesta de café da manhã e com os três, meu marido, Marcelo e Pedro me dando um bom dia especial”, conta. 

E mesmo Marcelo não tendo sido gerado por Iriane, ela afirma que a sensação é muito semelhante. “Parece que eu acabei de parir ele, (risos), é engraçado, a sensação é a mesma de quando tive o Pedro, só que com ainda mais responsabilidade. Sei que temos que dar a ele o amor que ele sempre quis, mas sem querer ocupar o lugar de ninguém, temos que escrever uma nova história. Mas a sensação é essa mesmo, como se ele fosse meu bebê recém-nascido com uma dose a mais de responsabilidade”.

Aos poucos, a família vai escrevendo esta nova história, de compreensão e amor, sempre pensando, em primeiro lugar no bem-estar dos dois filhos.
“Vejo no rosto dele muita felicidade, a cumplicidade dele com o Jeferson é muito grande, muito bonita de se ver, assim como nasceu uma nova mãe, nasceu um novo pai, que está aprendendo com a situação, acredito que esteja sendo enriquecedor para todos nós de casa, o Pedro está radiante e os dois se chamam de ‘mano’, é bonito ver como em tão pouco tempo essa relação já é tão forte, sem contar que é alguém a mais para o Pedro brincar e gastar toda a energia”, finaliza.

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