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Reencontro: médica da Unidade Dr. Horst Bernhardt revê filha do falecido médico, que foi sua professora no Ensino Básico

Depois de anos sem se encontrarem, Thais Frantz e Germaine Aline Bernhardt se reencontraram e relembraram trajetória até então

9 de abril de 2024

Foto: Joana Prochera / JP

Um reencontro emocionante, traçado pelo destino. Thais Frantz e Germaine Aline Bernhardt, foram aluna e professora, respectivamente, em Pomerode há cerca de 20 anos, e se encontraram novamente em uma circunstância muito especial.

Na primeira semana do mês de abril, foi inaugurada a nova sede da Unidade de Saúde da Família Dr. Horst Wilhelm Bernhardt, de Testo Central. Thais é a médica responsável pela Unidade de Saúde e pôde reencontrar, de surpresa, a professora Aline, alguém que sempre a incentivou na busca da realização de seu sonho de ser médica.

“Tive aula com a professora Aline quando estudei no Ensino Médio no Colégio Sinodal Dr. Blumenau nos anos de 2003, 2004 e 2005. A professora Aline foi umas das professoras que sempre me incentivaram a realizar meu sonho de se tornar médica. Foi aquela professora amiga que deixava claro que nada pode nos impedir de alcançar um objetivo. Sabíamos que o caminho não seria fácil, mas assim como meus pais Adilson e Laide, ela sempre me ajudou a entender que o caminho não é fácil, mas que com persistência e determinação tudo é possível. Aline sempre foi uma pessoa alegre.  Admiro ela como professora, mas acima de tudo como pessoa, principalmente por sua participação na minha formação”, conta Thais.

A médica também falou sobre a emoção em reencontrar alguém que marcou a sua trajetória enquanto estudante. “Eu sabia que a professora Aline era filha do Dr. Horst, mas não imaginava que ela viria na inauguração, pois achei que ela não estava residindo em Pomerode. Quando a vi, no dia na inauguração, passou um filme na minha mente, voltei mais de 20 anos, onde uma adolescente de 14 anos tinha o sonho de se tornar médica. Consegui relembrar toda a minha trajetória, as dificuldades, as alegrias e consegui ver o quão abençoada eu sou e o quanto Deus foi generoso comigo, pois realizei meu sonho, construí minha família, um bom ambiente de trabalho. Percebi que as dificuldades e obstáculos me tornaram mais forte e decidida”, enaltece.

Germaine Aline, ou simplesmente Aline, como sempre foi conhecida em Pomerode, é natural da Cidade Mais Alemã do Brasil, mas saiu daqui para cursar o ensino superior na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde se formou em Geologia. Após a graduação, Aline retornou a Pomerode e atuou na área da educação entre 1992 e 2010, principalmente no Colégio Sinodal Dr. Blumenau, onde lecionou por 18 anos e foi coordenadora por quatro anos.

Foram 18 anos na área da Educação e, em 2010, Aline se mudou para Florianópolis, para trabalhar em uma empresa de Geologia. A filha do Dr. Horst Bernhardt retornou a Pomerode em 2017. Atualmente, tem sua própria empresa na área da Geologia e presta serviços em Pomerode e outros municípios.

A professora e geóloga afirmou que foi muito emocionante e gratificante poder reencontrar Thais depois de anos e vê-la como médica.

“Eu não a reencontrei pessoalmente desde que ela deixou de ser minha aluna, mas via seu caminhar e suas conquistas pelas redes sociais e pelo que a mãe da Thais me contava quando a encontrava na Unidade de Saúde de Pomerode Fundos. Maior do que a emoção do reencontro foi a emoção de saber que era ela a responsável pela Unidade de Saúde que leva o nome do meu pai. Deus e o destino fizeram com que ela estivesse lá. A Thais é uma pessoa maravilhosa, com um coração gigante, que tem empatia, que se preocupa com os outros, que busca ajudar a todos. Não poderia ter pessoa melhor para dirigir a Unidade de Saúde com o nome do meu pai, porque eles compartilham dos mesmos valores, pois meu pai também buscava ajudar a todos independente de quem fosse. A emoção por isso já era enorme, mas ficou ainda maior quando a Thaís pediu a palavra e lembrou do fato de eu ter sido professora dela. Da mesma forma que ela tem gratidão por mim, eu tenho gratidão por poder ter convivido com uma pessoa como ela e me sinto muito honrada por ter contribuído, pelo menos um pouco, para que ela se tornasse quem é hoje”, declara Aline.

 

A educação como elemento transformador

Segundo Thais, ser médica sempre foi o seu sonho profissional e afirma ser muito realizada por alcançar este sonho.

“Sou imensamente grata a meus pais, pois mesmo com todas as dificuldades e obstáculos nunca deixaram de me incentivar e apoiar nos meus sonhos e objetivos. Sem eles nada do que aconteceu na minha história de vida teria sido possível. Voltando para trás e analisando minha vida, consigo ver e entender os planos de Deus. Desejo que mais crianças e adolescentes tenham essa chama acesa em suas vidas e lutem, porque a vitória sempre vem para aqueles que são honestos e lutam pelos seus sonhos”, pondera.

E para que sonhos como o de Thais se realizem, mestres como Aline, que acreditam na educação e no potencial de seus alunos, são essenciais e exercem um papel indispensável.

“Sempre acreditei e acredito na educação. Desde pequena meu pai sempre disse que a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos é a educação e a cultura. Fui educada assim e eu realmente acredito que quanto mais conhecimento se tem mais a pessoa está preparada para enfrentar os desafios que surgem na vida. Alguém com conhecimento e habilidades tem as ferramentas para vencer, para superar os obstáculos, para alcançar seus sonhos. Enquanto professora sempre busquei que meus alunos (as) desenvolvessem suas habilidades e competências e com isso construíssem seu conhecimento. Nunca quis alunos (as) que somente repetissem o que outros já disseram, mas que fossem pessoas capazes de construir seus próprios pensamentos, ideias, crenças, atitudes. Repetia muitas vezes para eles que era importante eles continuarem estudando, pois isso lhes daria mais ferramentas para viver dignamente como pessoas, cidadãos. Dizia, principalmente para as meninas, que estudassem, que se formassem, que tivessem sua profissão e que se depois, optassem por não seguir a profissão, tudo bem. No caso das meninas, se optassem por não trabalhar e cuidar da sua família, tudo bem, mas que isso fosse por opção e não por falta de opção. Da mesma forma que incentivava e acreditava nas minhas filhas, buscava incentivar e acreditar nas crianças e jovens que passavam pelas minhas mãos”, frisa a professora e geóloga.

 

Uma homenagem merecida

Para Thais, o sentimento com a nova sede da Unidade de Saúde Dr. Horst Wilhelm Bernhardt é de felicidade. “Esse local permitirá um melhor trabalho em saúde e melhor qualidade de vida tanto para nós profissionais quanto para a população assistida”.

Aline também afirma a gratidão por ver uma homenagem mais do que merecida ao seu pai, além de expressar o quanto é grata por ter tido um pai como o Dr. Horst e por ter tido a oportunidade de fazer a diferença na vida de crianças e jovens.

“Gratidão e orgulho/honra. Cada vez que encontro um ex-aluno (a) sinto orgulho deles, pelo que eles se tornaram e me sinto honrada pelo privilégio de ter contribuído, pelo menos um pouco, para que isso acontecesse. Quando digo ter contribuído um pouco quero dizer que o maior mérito é deles. Foram eles que se construíram, que lutaram, que cresceram, que buscaram seus sonhos. Se minha participação na vida deles contribuiu para isso, somente posso me sentir grata e honrada. E também há o sentimento de justiça. Considerando a vida do meu pai, sua forma de ser, sua história de vida, principalmente em Pomerode, seus valores, me sinto muito honrada e grata por ser filha dele e de ter podido aprender tanto com ele e acho muito justa a homenagem feita a ele. Sei que hoje muitas pessoas em Pomerode não o conhecem, mas até hoje quando vou em algum lugar e as pessoas ‘descobrem’ que sou filha dele alguém tem sempre uma história a dizer sobre ele. Sinto muito orgulho do meu pai e de saber que seu nome ficará marcado na história de Pomerode. Como dizia Jorge Luis Borges: ‘Um homem só morre efetivamente depois que o último homem que o conheceu morre também.’ Nesse sentido, sei que meu pai viverá ainda por muitas gerações”, ressalta Aline.

 

Legado: contribuir com a comunidade

Assim como seu pai, Aline também já deixou a sua contribuição para Pomerode. No ano de 2008, com os desastres causados pela chuva, a geóloga auxiliou com seus conhecimentos acerca das encostas. Por isso, também afirma que Pomerode está na maioria dos capítulos de sua história.

“Sou filha de Pomerode, foi aqui que cresci, aqui que me eduquei, onde foram forjados meus valores e caráter. Me ausentei daqui em duas ocasiões. Uma para estudar Geologia quando residi em Curitiba (1984- 1991) e outra para trabalhar quando residi em Florianópolis (2010-2017). Sim, parti para outros lugares, mas sempre carreguei Pomerode na minha memória e no meu coração. Parti, mas retornei. Aqui é meu lugar, aqui cresci, aqui constitui família, aqui tive minhas filhas e aqui elas cresceram. Amo minha cidade e quando posso contribuir para ela eu o faço. Penso que em momentos de desastres, como em 2008, cada um pode se colocar à disposição para auxiliar com aquilo que tem. Em 2008 foram deslizamentos das encostas, eu sou geóloga, mesmo que à época eu não estivesse atuando como. Mas eu tinha o conhecimento e podia auxiliar de alguma forma. Pensei: melhor alguém desatualizada, mas que tem o conhecimento sobre do que ninguém. Mas devo confessar que recebi muito mais do que dei. Meu trabalho nessa época abriu as portas para que eu voltasse a trabalhar nessa área que amo. Acredito na lei da ação/reação ou da reciprocidade. Tudo que se faz, volta pra você. Fiz um pequeno gesto, o retorno foi enorme”, finaliza a geóloga.

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