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Mais de 100 anos de vida, com muitas histórias

Moradora de Ancionato em Timbó, que completou 103 anos de vida, fala sobre as lembranças da infância e de como a fé é o alicerce de sua vida

7 de abril de 2024

Foto: Isadora Brehmer / JP

Uma vida centenária, repleta de experiências e lembranças. Regina Campestrini, hoje residente do Ancionato Elze Benz, em Timbó, comemorou o aniversário de 103 anos no mês de janeiro, cheia de vontade de viver ainda mais e agradecendo a cada novo dia.

Regina nasceu em 31 de janeiro de 1921, na cidade de Presidente Nereu, mas com 16 anos foi morar em Palmeira, onde permaneceu até os seus 24 anos. Dona Regina contou que a infância e juventude não foi fácil, mas também revelou a relação próxima com os irmãos.

“Lembro que sempre nos amávamos, entre irmãos, éramos oito irmãos, obedecíamos muito a minha mãe, ajudávamos muito no que podíamos. Quando tinha nove anos, ficava em casa cuidando de quatro irmãos. Mas tivemos a criação rígida, não podia sair de casa, além de ir às missas ou sair com os pais. Minha mãe trabalhava a semana inteira na roça, sábados e domingos tinha alguns outros afazeres, então eu cuidava dos pequenos. Saí de casa apenas quando me casei, com 25 anos, e lembro que minha mãe chorou muito, pois sua ‘menina’ estava indo embora”, relembra.

Aos 25 anos, então, dona Regina se casou com Mário Campestrini, com quem teve dois filhos, um deles já falecido. “Trabalhei durante a minha vida somente na roça, não havia outra coisa, não tinha muitas indústrias, fábricas e os empregos eram mais para os homens. Plantávamos um pouco de tudo, milho, tabaco, somente o suficiente para viver”, conta.

Após morar em Rio dos Cedros, dona Regina veio morar em Timbó, no bairro Padre Martinho Stein, onde viveu por muitos anos, junto de sua família. No entanto, após ficar viúva, dona Regina foi morar no Ancionato, em Timbó, no dia 02 de fevereiro de 2015.

Foto: Isadora Brehmer / JP

 

“Eu me lembro como se fosse ontem o dia em que cheguei aqui. Era uma segunda-feira quando meu filho me trouxe e hoje minha casa é aqui. O Lar é um lugar onde vivemos bem, obedecemos ao horário de dormir, de tomar os remédios e temos uma rotina, o que é o mais certo. Quando éramos crianças obedecíamos aos pais e agora seguimos as regras daqui do Lar. Gosto muito de morar aqui, antes estava sozinha e aqui tenho companhia e quem cuide de mim”, afirma dona Regina.

Ainda relembrando sobre a infância e juventude, dona Regina lamenta que não pôde frequentar a escola, quando mais nova. Mesmo assim, não perdeu a vontade de aprender e buscou novos conhecimentos por conta própria.
“Não frequentei a escola, mas aprendi a ler sozinha e sempre gostei muito de literatura. Hoje em dia não consigo mais ler, pois minha visão não está mais tão boa e sinto falta”, comenta.

Para a celebração do aniversário da moradora centenária do Ancionato Elze Benz, houve uma festa especial, com direito a bolo e “Parabéns para você” cantado por todos os demais moradores e colaboradores do local.

“A festa que fizeram para mim foi muito bonita, eu não esperava e gostei muito. Me deixou muito feliz receber esse carinho. E ainda tive outra festa. Uma menina, de quem eu cuidei na infância dela, fazia aniversário alguns dias antes de mim e, por isso, fizeram uma festa para nós duas, o que também foi muito especial”, afirma Regina.

A idosa também fala sobre a fé e como ela tem sido um alicerce ao longo de sua vida. Inclusive, no Ancionato, que possui uma capela própria, Regina tem a oportunidade de continuar exercitando sua espiritualidade, algo que também lhe faz bem.

“Gosto de participar das missas, adoro a igreja e me lembra da infância, pois sempre íamos à missa, mesmo que igreja fosse longe. Todos os domingos tínhamos que ir à missa. Vamos sempre assistir a Palavra de Deus, que é muito importante. Tenho fé que ainda vou viver mais um bom tempo. Não podemos perder a fé a alegria de viver. Sempre vou me deitar feliz e acordo feliz, pensando sempre em Deus, em primeiro lugar, pois Ele me dá forças”, finaliza Regina.

A administradora e coordenadora do Ancionato, Morgana Kurtz, trabalha no local há 10 anos e comentou sobre a chance de conhecer inúmeras histórias de vidas, como é o caso da dona Regina.

“Conheci inúmeras histórias de vidas, de erros e acertos, de perdas e conquistas, muitas delas de amor e perdão. Nestas, destaca-se a Sra. Regina que, chegando aos 103 anos, aos poucos sentindo o peso da idade demonstra gratidão pela vida e por tudo que passou. Ao nos dirigirmos a Sra. Regina ela sempre nos recebe com uma frase positiva de um ‘Bom dia, Graças a Deus’ e de ‘Boa noite e até amanhã se o Nosso Senhor permitir’. Quando nós colaboradores fazemos aniversário, temos o prazer de receber os parabéns destes anciões que aqui moram. Digo que é nosso maior presente receber um ‘Parabéns’ de um Coral com este peso – idosos com 60,70, 80, 90 e mais de 100 anos, isso pra nós não tem preço, lembranças para toda uma vida”, destaca Morgana.

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