Beleza e sustentabilidade

Também chamados de Sistemas de Biorretenção, os Jardins de Chuva são pequenos jardins ou grandes canteiros que ajudam a captação, retenção e escoamento das águas de chuva. Com a atual realidade de muitas das nossas cidades, o uso de pavimentações impermeáveis em calçadas e ruas devido ao constante crescimento vem se tornando inevitável. Com este excesso de obstrução da drenagem natural dos terrenos, o resultado em épocas de chuva ou em pequenas tempestades tem sido comum – alagamentos, enxurradas e enchentes. 

Os jardins de chuva vêm como uma solução relativamente simples e fácil de ser executada, pois podem ser adaptados numa infraestrutura que já existe – como canteiros e rotatórias, calçadas e áreas não estacionáveis de rua – e utilizam da drenagem pluvial já consolidada. O sistema funciona com a coleta da água superficial das ruas sendo canalizada ou drenada por gravidade para dentro dos canteiros, que devem ser ligeiramente mais baixos que o nível da rua. Após esta captação, a água é drenada por toda a parte subterrânea do canteiro, fazendo a saturação da terra, filtragem, alimentação do lençol freático e das plantas. O excesso de água que por ventura surgir, volta para a drenagem pluvial da rua pelos meios tradicionais. 

O uso desses jardins de chuva em grupo, numa mesma rua, ajudam muito a reduzir a quantidade e velocidade do escoamento das sarjetas, e também na filtragem dos pequenos sedimentos.

Além do benefício para a natureza, com a coleta desta água superficial novamente para o solo, os jardins ainda promovem espaços urbanos mais bonitos, humanizados e sustentáveis. As plantas utilizadas nos jardins dependem do projeto utilizado e do clima local, pois é necessário avaliar as condições de variação entre chuva e seca, tipo de solo e iluminação. Já existem canteiros adaptados em grandes cidades que inclusive proporcionam uma horta comunitária nos pequenos bairros. Para a criação dos jardins de chuva é necessário envolvimento público para o projeto e realização das obras, é claro, mas também um envolvimento da comunidade para a participação e ajuda na manutenção. Tudo isso obviamente, pensando no bem comum para a natureza, moradores e para a cidade. Mãos à obra!

Por Cristina Fausel, arquiteta e designer de interiores