Segurança

Vítimas da insegurança

Sequência de crimes faz dos últimos cinco dias, os mais assustadores da história da cidade. Entre eles, o assassinato de Magrit Hackbarth, de 47 anos.

1 de junho de 2015

Passava um pouco das 19h, quando a sirene de uma das viaturas do Corpo de Bombeiros Voluntários cortou a cidade, rumo ao bairro de Pomerode Fundos. O veículo seguiu para o conhecido Morro da Turquia, que desde 2011, na enchente, vem trazendo problemas e tristezas à população pomerodense. Chegando lá, a desgraça que já era anunciada minutos antes, pelo barulho agudo da sirene e pela ligação ao 193, só foi confirmada. Magrit Hackbarth Maas, de 47 anos, foi atingida por um tiro no pescoço, a queima roupa, que foi fatal. A morte instantânea não foi vista pelo marido, Waltergert Maas. Mas ele ouviu o único tiro e em seguida ouviu os cachorros latindo agressivamente em direção ao mato que fica atrás da residência de número 659, onde morava o casal.
O viúvo contou que estava indo para a roça, fazer os serviços habituais de todo fim de noite. Ele quis antecipar o trabalho e já foi até o local do serviço; sua esposa viria em seguida. “Eu já fui na frente e ela estava vindo logo atrás, só precisava fazer algumas coisas antes. Mas foi tudo muito rápido, eu só ouvi o barulho do tiro, os cachorros latindo e eles correndo pro mato, mas não adiantou, ela já tinha morrido”, contou.
Um homem, que estava ao lado do viúvo, disse: “Foi meu filho, foi meu filho. Por causa das drogas ele fez isso e cometeu mais um crime. Eu não sei o que fazer, ele roubava tudo de todos para conseguir essa porcaria de droga”, lamentou.
O homem, com lágrimas nos olhos, é pai de Marciano Wehrmeister, de 22 anos, principal suspeito do crime.
Polícia Militar e Bombeiros estavam no local. Enquanto a guarnição do Corpo de Bombeiros aguardava a Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias (IGP), policiais militares estavam no matagal, fazendo buscas para encontrar o criminoso.
De acordo com os Bombeiros, não foi encontrada nem a arma, nem o cartucho do projétil disparado. Porém, as marcas do tiro na vítima levam a crer que foi utilizada uma arma calibre 22. Segundo testemunhas, a arma é de posse do pai do suspeito.
Testemunhas e familiares da vítima afirmaram que a família Maas já sofria ameaças do suspeito há muito tempo. Um familiar, inclusive, que preferiu não ser identificado, disse que dias antes do Natal, convidou o casal para almoçar, mas eles estavam com medo de sair de casa. “Aqui nessa rua, a maioria das pessoas tem medo desse rapaz; ele já trouxe muita desgraça para o pessoal daqui e cada vez só piora mais; e agora acabou nisso”, desabafou.
Enquanto o IGP não chegava, uma nova correria. Pai do acusado e um dos policiais militares correram da casa até a viatura. “Seu policial, ele acabou de ligar lá para casa e disse para a minha mulher: ‘Mãe, avisa o pai que ele é o próximo’. Isso foi agora mesmo e eu não sei de onde ele ligou porque a gente não tem identificador de chamada”.
O pai do garoto, contou ainda que esta não foi a primeira vez que o filho o ameaçou. Para fazer o cerco e tentar prender o acusado que continuava escondido no mato, mesmo com a noite caindo, foi chamado reforço da Polícia Militar das cidades de Blumenau, Indaial e Rios dos Cedros.
Muitos policiais entraram no matagal. Outros ficaram à espreita em locais estratégicos que poderiam ser buscados como alternativa de fuga pelo suspeito.

As investigações – As investigações do caso terão continuidade pelos próximos 30 dias, prazo final para a conclusão do inquérito. Ao final, conforme a Polícia Civil que está trabalhando no homicídio para averiguar as causas do crime, após a entrega do material, deverá ser solicitada a prisão preventiva à juíza de Pomerode, Iraci Satomi Kuraoka Schiocchet. Caso Marciano não seja encontrado até o fim deste período, ele será procurado como fugitivo. O delegado interino de Pomerode, Gilberto Azevedo, da comarca de Timbó, assumiu o caso e dará prosseguimento ao processo.

O histórico do suspeito
Marciano Wehrmeister, segundo a polícia, é conhecido dos órgãos de segurança pública da região. De acordo com a Polícia Civil, depois da maioridade, já foram registrados 20 Boletins de Ocorrência contra ele.
Uma das ocorrências que mais chamou a atenção da população local, envolvendo o suspeito, aconteceu em 2011, quando um assalto tumultuou a cidade. Por volta das 10h da manhã, do dia 19 de maio a Polícia Militar foi informada de que uma casa havia sido invadida no Jardim Pomerânia. Marciano Wehrmeister, na época com 20 anos, foi rendido por populares até a chegada da polícia e preso em flagrante.
O acusado havia invadido uma residência na Rua Júlio Wollick, onde furtou algumas roupas. O vizinho, que era filho da vítima, avistou Marciano nos fundos da residência falando em um celular, e com ajuda de um irmão, perseguiu o acusado. Durante a fuga, Marciano invadiu outra residência, desta vez no Jardim Pomerânia, na Rua Augusto Schlütter, onde furtou roupas, um vídeo game e alimentos.
Segundo informações policiais, Marciano estava preso no Presídio Regional de Blumenau, até o fim do ano passado, quando foi libertado.

Nos últimos cinco anos, outras três pessoas foram vítimas de homicídio na cidade
Em 2009, no dia 18 de outubro, um vizinho de Gilmar Schuerer o encontrou morto, por volta das 11 horas daquele domingo, na cozinha de sua residência localizada à Rua Alberto Rahn, no Wunderwald. A vítima, de 35 anos, apresentava sinais de violência e os ferimentos apontavam que ela foi esfaqueada e teve a garganta cortada, possivelmente com uma garrafa de vidro. Vizinhos relataram que houve uma discussão entre padrasto e enteado e que ambos haviam ingerido bebida alcoólica, na noite anterior.
Na residência, viviam Gilmar Schuerer e os enteados Claudemir e Claudinei. A mãe dos irmãos havia falecido, na época, há pouco mais de um ano. O irmão do suspeito afirmou que Gilmar e Claudemir bebiam juntos e brigavam somente nestas circunstâncias, mas logo se entendiam.
Claudemir Nunes Ferreira, conhecido como Jamaica, na época com 25 anos, foi preso pela Polícia Civil na tarde de segunda-feira, 23 de novembro de 2009, após se entregar na Delegacia do município de Brusque, onde estava foragido. Após um mês da prática do homicídio, o jovem confessou ser autor do crime, alegando legítima defesa, afirmando que foi atacado pela vítima.
Simone Dickmann, 35 anos, morreu em novembro de 2010, depois de ter uma convulsão no hospital. Dois meses antes, o marido dela, Maurício Dickmann, fez um seguro de vida para a esposa no valor de R$ 500 mil. Com a morte de Simone, a seguradora pediu para que a polícia investigasse o caso, pois suspeitava do marido.
No inquérito policial, a delegada responsável pelo caso, Stela Maris Antunes da Rosa ouviu no total, 24 depoimentos. A conclusão das investigações apontou que Maurício já teria recebido mais de R$ 200 mil em seguros feitos anteriormente. Em um dos casos registrados, ele teria cortado parte do dedo da mão para receber o dinheiro da indenização.
Para tentar provar o envenenamento, a delegada pediu a exumação do corpo da vítima. A perícia recolheu amostras do cabelo de Simone e encaminhou para Florianópolis.
Já no ano passado, na manhã de segunda-feira, dia 09 de abril, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Pomerode e a Polícia Militar de Pomerode foram acionados para atender uma ocorrência. O fato se tratava de um corpo que estava às margens da Rua Presidente Costa e Silva, nº 3743, em Testo Rega. Ao chegar ao local, o corpo foi identificado como sendo de Adelson Denuzete Borges, 39 anos. O homem havia sido visto pela última vez por volta das 21h de sábado, dia 07 de abril, de acordo com o Boletim de Ocorrência.

Para assistir a reportagem em vídeo, CLIQUE AQUI.

Para ver o vídeo da prisão do acusado, CLIQUE AQUI.

Notícias relacionadas
Pomerode na linha de fogo
Sem paz e sossego
Campotamento na Avenida
Acidente na Rua Jerusalém

Notícias relacionadas