Novos meios de compartilhar conhecimento

Postar, curtir, comentar, compartilhar. Muito da nossa vida, hoje, é baseada nestas quatro ações básicas das redes sociais, que fazem parte de boa parte da nossa rotina. Há quem acredite que as redes sociais são apenas um passatempo, mas se utilizadas de maneira responsável e criativa, podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas.

A professora de Língua Portuguesa, Silvana Wiggers, apostou nas redes sociais como uma maneira de contribuir, de alguma forma, com a comunidade. Por meio de sua formação profissional, passou a utilizar o seu perfil no Instagram como um modo de transmitir conhecimento. O que começou com uma iniciativa que visava apenas oferecer mais meios de aprendizagem para os seus alunos, chegou, hoje, a um perfil com mais de 12 mil seguidores.

“Tudo começou no início do ano de 2019, quando participei de um desafio, que, no fim, tinha uma proposta em que deveríamos pensar em uma forma de ajudar a sociedade com a nossa formação. No meu caso, então, pensei em algo que envolvesse a Língua Portuguesa e comecei a postar os ‘stories’, no Instagram, com questões do conteúdo de sala de aula, direcionadas aos meus alunos. Porém, o que me surpreendeu foi que outras pessoas começaram a interagir e responder as questões, inclusive, perguntando sobre o conteúdo”, conta Silvana.

De acordo com a professora, um fato gratificante, neste início, foi o interesse de várias pessoas que haviam parado de estudar há muito tempo, mas voltaram a se interessar em adquirir conhecimento. 

O alcance das publicações com perguntas e dicas de Língua Portuguesa começou a crescer em 2020, devido à pandemia e com a maior disponibilidade de Silvana em se dedicar a direcionar seu Instagram às dicas relacionadas ao idioma.

“Em 2019, eu fazia os ‘stories’ conforme o conteúdo da escola e quando eu tinha algum tempo livre, mas não tinha uma constância, não era algo que eu fazia sempre. Com a pandemia, minha rotina de professora mudou e eu pude me dedicar mais às postagens no Instagram, inclusive, diversificando o conteúdo”, revela.
Entre os meses de abril e maio, já com as aulas acontecendo de forma remota, Silvana teve mais tempo para se dedicar ao Instagram e às suas dicas de Língua Portuguesa. “No mês de abril, pude me dedicar mais e conseguia postar, nos ‘stories’, todos os dias algum conteúdo. A partir de maio, eu passei a organizar meu ‘feed’, para que houvesse alguma sequência. As dicas que eu tento transmitir são de coisas básicas, práticas, que utilizamos no dia a dia e que, normalmente, podem gerar dúvidas”, explica.

Em meio ao crescimento do Instagram e à dedicação a ele, a professora teve de se adaptar ao novo jeito de lecionar, de forma on-line. Silvana admite que, antes de ter esta experiência, tinha certo receio e timidez em estar em frente às câmeras, mas com a pandemia, precisou encarar esse “medo” e se reinventar na profissão.

“Nós precisamos começar a gravar as aulas para os alunos e eu tive que encarar meu medo das câmeras. Foi tudo muito planejado, pensar como seriam os vídeos, aprender a fazer a edição, a posicionar a câmera, avaliar a luz, os melhores ângulos. Para isso, procurei tutoriais, e assisti lives que ajudaram a aprender mais sobre gravação e edição dos vídeos, para que ficasse o mais dinâmico possível. E, nesta minha busca por conhecimento, também aprendi mais sobre as redes sociais e pude melhorar, também, o conteúdo no meu Instagram”, afirma a professora.

Com a evolução, veio o crescimento da audiência nas redes sociais e cada vez mais pedidos sobre novos conteúdos que a professora poderia trabalhar em suas postagens. Um destes pedidos foi por dicas de interpretação de texto. A solução foi a criação de um canal no Telegram (aplicativo de mensagens), em que Silvana e uma outra professora selecionam um texto, enviam para os participantes, que devem ler e responder às questões propostas, recebendo a correção das professoras depois.

“A maioria dos ‘feedbacks’ que recebo têm sido muito positivos. Muitas pessoas escrevem e enviam mensagens de agradecimento, algumas delas, muito emocionantes, pois várias pessoas não tiveram tanto acesso ao estudo, pelos mais diversos motivos. Por exemplo, uma senhora de cerca de 60 anos, do Rio Grande do Sul, que não teve muito acesso aos estudos e agora estava aprendendo comigo. Também há uma moça de São Paulo, que parou de estudar cedo e agora deseja fazer o Enem. Ela mandou uma mensagem e afirmou que meu Instagram estava ajudando bastante. Quando eu comecei, tinha cerca de 1.400 seguidores e, hoje, já são mais de 12 mil, cresceu muito. E receber estas mensagens, de que estou fazendo a diferença, é muito gratificante”, ressalta.

A professora de Língua Portuguesa também comenta que um fato interessante desta experiência no Instagram são algumas perguntas que recebe de seus seguidores, que fogem do conteúdo que ela própria trabalha em sala de aula e nas redes sociais. “Eu precisava buscar as respostas para as dúvidas que chegavam dos seguidores e,assim, pude adquirir ainda mais conhecimento, com mais livros e pesquisas. Com certeza, eu também aprendi muito neste processo”.

Agora, a espera é pelo retorno presencial das aulas, pelo contato direto com os alunos, na sala de aula. Mesmo assim, Silvana garante que não deixará o Instagram de lado e que continuará transmitindo as suas dicas de Língua Portuguesa.

“Foi bem cansativo conciliar as duas coisas no ano passado, mas foi muito bom, porque o Instagram se tornou uma distração, para sair da rotina e passou a ser como um descanso, em meio à rotina. Eu estou ansiosa para que as aulas voltem, para que se possa ter o contato com os alunos, ter o retorno na hora, tirar a dúvida deles na hora, mas o Instagram continuará do jeito que está”.