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Aula de perseverança e amor

Beatriz Campos retornou às aulas presenciais na escola no mês de maio, trazendo consigo lições valiosas sobre a pureza do amor e a capacidade de ultrapassar limites

5 de junho de 2021

Para aquelas pessoas que tem alguma deficiência, a inclusão tem um valor inestimável para o seu desenvolvimento. O acompanhamento adequado é essencial para que a pessoa evolua e tenha a socialização adequada. Por este motivo, a volta de Beatriz Zeplin Campos, de nove anos, para as atividades presencias no Colégio Sinodal Doutor Blumenau foi tão celebrada. A volta foi em 20 de maio, depois de ela ter se recuperado da Covid-19, e foi comemorada pela escola e pelos pais, Marcelo Rodrigo Campos e Iara Cristina Zeplin Campos.

De acordo com o pai, Beatriz tem uma deleção cromossômica, uma mutação genética que aconteceu durante a multiplicação celular, na qual um pedaço do cromossomo 1 foi deletado. “Por ser um caso muito raro, não se sabe exatamente quais as informações que ela perdeu nesta mutação, mas hoje ela possui um atraso motor, um atraso na fala e, consequentemente, um atraso intelectual”, relata Campos.

A deleção foi descoberta por meio de um exame médico, feito quando Beatriz tinha cerca de um ano de idade. Desde então, ela passou a ter um acompanhamento multidisciplinar, com profissionais de diversas especialidades, para auxiliar em seu desenvolvimento. 

 

Beatriz foi diagnosticada com deleção cromossômica  com cerca de um ano de idade. (Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)

 

No ano passado, a família procurou uma nova escola para Beatriz e conheceu o Colégio Doutor. Os pais foram apresentados à estrutura e ao material adotado na escola, mas a maior preocupação era quanto à questão da inclusão, agora que Beatriz iria para o Ensino Fundamental. “Pensamos principalmente na inclusão, pois nosso maior desejo era que ela pudesse se desenvolver da melhor forma. Mas logo recebemos a afirmação de que procuramos o lugar certo e confiamos na escola”, afirma.

Beatriz começou a frequentar o Colégio Doutor em fevereiro do ano passado, porém praticamente não houve tempo de aproveitar a nova escola, pois, em meados de março, começaram as regras de suspensão das aulas presenciais, em virtude da pandemia. Desde então, ela não voltou mais às aulas presenciais até maio deste ano.

“O Colégio logo conseguiu transmitir às aulas à distância, mas mesmo assim era muito difícil fazer com que a Beatriz mantivesse a atenção na aula, então dificilmente conseguíamos participar de uma aula inteira. Fazíamos as atividades que as professoras mandavam e tentava inserir ao máximo, mas foi um período bem difícil. O maior desafio foi quando se manteve o isolamento, era conseguir auxiliar ela com as atividades, embora as professoras mandassem as atividades e as aulas estivesse funcionando adequadamente, no caso dela era bem desafiador”, pondera o pai da menina.

As atividades presenciais tiveram o seu retorno autorizado neste ano, mas os pais da menina optaram por deixa-la em casa, no início, por uma questão de saúde. Os pais tinham certo receio pois Beatriz tem convulsão febril, então havia o medo de ela contrair a Covid-19 e não saberem como ela reagiria à doença. Então, a opção foi deixa-la em casa o máximo que pudessem.

 

(Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)

 

Mesmo assim, por ser uma doença traiçoeira, Beatriz acabou contraindo o vírus, tendo o resultado positivo em 07 de maio. Felizmente, a menina passou de forma relativamente tranquila pela doença, podendo, finalmente, voltar às atividades presenciais no fim do mês de maio, após passar pelo isolamento.

“O retorno foi impressionante, em relação a tudo, por exemplo o apetite dela, o ânimo dela. A Beatriz é muito boa de memória, quando ela está colocando o uniforme e percebe que está indo para a escola, sempre ficou muito animada, bate palmas, é muito interessante. Além, é claro, de ela voltar a ter o acompanhamento presencial, que é de suma importância”, enaltece Campos.

O pai da menina também destaca que a experiência vivida diariamente com a filha é um aprendizado constante, com inúmeros aprendizados.

“A primeira questão é o poder dos afetos, porque hoje a Beatriz ainda não fala, então tudo o que ela comunica é a partir de expressões, mas nós e qualquer pessoa que convive minimamente com ela consegue entender as suas demandas pela maneira que ela se expressa afetivamente, é muito curioso”, comenta.

 

 

Outro aprendizado, de acordo com Campos, é o amor incondicional que ela oferece e que contagia a todos que estão à sua volta, tendo o privilégio de conviver e aprender com Beatriz.

“Para mim também há a questão da humildade e da gratidão, pela clareza de como a gente depende de outras pessoas, para que as situações aconteçam. Quando temos uma situação como a da Beatriz, que esclarece tanto, é muito curioso. Além, é claro, do amor. É impressionante o quanto a Beatriz é empática e é uma pessoa muito amada, por todos que convivem com ela e isso faz com ela consiga enfrentar o que a vida lhe impõe da maneira dela”, finaliza.

 

 

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