Especiais

“Não tinha a certeza de que poderia voltar a andar”: Adão Moreti fala sobre os passos de uma recuperação

Adão Moreti da Silva fala sobre a sua história de superação, após um grave acidente de trânsito

9 de agosto de 2023

Foto: Bob Gonçalves

No último dia de 2021, a vida de Adão Moreti de Souza mudou, para sempre. Não por estar se aproximando um novo ano, mas sim, pro ter vivenciado uma situação que o deixou ainda mais forte.

Naquele dia, voltando de moto da Praia do Ervino (São Francisco do Sul), com sua filha Sara, acabou sofrendo um grave acidente, na SC-110. A menina teve fratura em uma das pernas e ele, por conta da gravidade dos ferimentos, teve que amputar a perna direita.

Começava a luta de Adão para tentar reconstruir a sua vida. “Na hora, um dos bombeiros já me falou que a perna seria amputada. Claro, ainda tinha esperança que não, mas no outro dia, já acordei sem ela. Naquele momento, ‘caiu a minha ficha’ do que tinha acontecido, mas eu não desisti e resolvi lutar contra os meus pensamentos negativos”.

O mestre de obras ainda permaneceu uma semana internado, pois havia quebrado o outro membro inferior e precisou implantar uma barra de titânio. “Recebemos alta juntos – eu e minha filha. A partir daquele momento, minha luta era em busca da minha reabilitação. Ainda no hospital, o médico disse que, com a prótese certa, com certeza, eu poderia voltar a fazer as coisas que fazia antes do acidente. Isso sempre conforta e nos dá muita esperança”.

Em casa, Adão e Sara se recuperavam, mas as coisas não se mostravam muito promissoras. “Até que um dia, minha filha começou a pesquisar e encontrou a Orthoblu, especializada em próteses de membros e órteses. Então, conversamos com ele e fui, na mesma hora, começar a fisioterapia e a preparação para a prótese”.

Após 45 dias de trabalhos, um nova “ducha de água fria” se abateu sobre a família. “Os profissionais da clínica me passaram o orçamento de uma prótese que seria a ideal para mim: R$ 45 mil. Ali voltou a bater aquela tristeza e desespero. Eu sei que conseguiria juntar esse dinheiro, mas em quanto tempo?”, pensou.

 

Campanhas em prol do objetivo

Quem alentou o coração de Adão foi sua outra filha, Pâmela, com a criação de uma Vakinha On-line, que visava levantar os recursos necessários.

“Aí começamos a divulgar o máximo que podíamos, para que, o mais rápido possível, pudesse ter a minha prótese. Além da Vakinha, que rendeu cerca de 1/3 do valor, fizemos uma pastelada e duas rifas. Com o apoio de muitas pessoas, as ações foram um verdadeiro sucesso”, destaca.

Junto com o engajamento de todos, em cerca de três meses, Adão já tinha o recurso necessário. “Fiquei muito feliz com a adesão e o carinho das pessoas, que ajudaram em tudo o que promovemos. A Vakinha teve doações de países como Costa Rica, México, EUA, Rússia… Já as rifas foram “abraçadas” por empresários da nossa cidade. E o que falar da pastelada, que bateu o recorde histórico registrado no 2º de Maio (C.C.T. Pomerode). Então, só tenho mesmo que agradecer a todos que contribuíram, fazendo com que eu pudesse voltar sorrir novamente”.

Morando em Pomerode há cerca de 20 anos, Souza diz que se sentiu privilegiado em poder ter pessoas tão boas ao seu lado. “Sempre fui muito humilde e acho que isso foi um dos ingredientes que fizeram com que as pessoas se sensibilizassem com a minha história. Além disso, minha família também não mediu esforços para o sucesso do projeto”.

 

Novos velhos passos

Agora, o objetivo era voltar a andar. E, literalmente, o primeiro passo foi dado em junho de 2022, quando Adão utilizou, pela primeira vez, sua prótese transfemural provisória.

“Claro, foi um momento emocionante, afinal, voltava a fazer algo que não fazia havia meio ano. Já era um começo, mas havia muitas limitações. A prótese era pesada e sempre necessitava de ajustes. No entanto, era preciso passar por esse processo, para que eu pudesse voltar a fazer minhas coisas”.

Com o atendimento da clínica e ânimo renovado, Adão já pôde voltar ao seu emprego e recomeçar a sua vida. “Mesmo com as dificuldades, andava bastante com a prótese, pois sabia que era importante. E sempre agradecendo a oportunidade que Deus tinha me dado, afinal, meses antes, não tinha a certeza de que poderia voltar a andar”.

Depois deste processo de adaptação, em maio deste ano, Adão pôde colocar seu encaixe definitivo, em fibra de carbono, ganhando alta da ortopedia. Ele estava totalmente reabilitado.

Durante o tempo em frequentou a clínica, ele conheceu pessoas que o ajudaram a passar por tudo isso, de maneira bastante tranquila. Tanto que nem precisou de acompanhamento psicológico.

“Minha filha sempre conversava comigo e isso me acalmava. Ter a sua presença foi fundamental durante este período. Ali na Orthoblu também vi inúmeros exemplos de pessoas com problemas maiores que os meus, mas que nunca perderam a esperança. Então, se eles conseguiram, eu também conseguiria. E como sempre fui uma pessoa independente, logo comecei a fazer as coisas que fazia antes do acidente. Graças ao bom Deus não tive nenhum tipo de trauma. E isso ajudou muito na minha recuperação”.

Foto: Bob Gonçalves

 

Adão garante que nunca questionou o porquê disso tudo. “Para tudo, há um propósito nesta vida. Era para ser desse jeito. A única coisa que eu poderia fazer era enfrentar os obstáculos, de cabeça erguida, afinal, não poderia mudar o já havia acontecido. E o que Deus fez por mim, poder voltar a ter a minha vida normal, após um ano e meio, é um privilégio muito grande. Sou muito agradecido e hoje vejo que a humildade é uma virtude muito grande. Sem ela, com certeza, não estaria aqui hoje”, frisa.

“Também aproveito para agradecer a todos que me ajudaram, pessoas conhecidas, desconhecidas, todos se dedicaram e fizeram tudo de coração aberto. A luta foi grande, mas a batalha, eu consegui vencer. Agora, posso continuar a escrever novos capítulos da minha história, com ainda mais gratidão no coração”, finaliza Adão.

Notícias relacionadas