Educação

Estimulando mais independência e autonomia

Projeto “Casa Lar”, da Apae, estimula atividades cotidianas para que os alunos se tornem cada vez mais independentes

12 de novembro de 2023

Foto: Isadora Brehmer / JP

Proporcionar as vivências mais simples, cotidianas, que fazem parte da vida de qualquer um. Este é o principal objetivo do espaço “Casa Lar”, da Apae de Pomerode, que proporciona aos alunos aprendizados de atividades do dia a dia e estimula a independência de cada um deles.

Segundo a psicóloga e coordenadora da equipe técnica da Apae de Pomerode, Heloísa Helena da Silva, a ideia é simular uma residência, como se fosse o local onde eles estivessem morando. O espaço possui todos os cômodos: sala de estar, cozinha, despensa, quarto, banheiro, closet e lavação, possibilitando aos alunos experimentarem o cuidado com cada um deles.

O principal objetivo, ainda de acordo com a psicóloga, é proporcionar atividades de vida diárias, com a terapeuta ocupacional aplicando as atividades, a fim de que utilizem o que aprenderam em casa. Na cozinha, por exemplo, quando a proposta é a elaboração de uma receita, a primeira coisa é fazer uma lista do que é necessário, os ingredientes, por exemplo, depois eles vão ao mercado encontrá-los. Com os ingredientes comprados, os alunos preparam e consomem o que cozinharam, bem como são responsáveis pela limpeza do espaço e dos utensílios que foram usados.

“É um espaço para trabalhar o currículo funcional, que é muito importante para a vida deles. Adotamos a retórica de que os pais estarão com eles por um tempo, mas precisamos instrumentalizá-los para que eles criem autonomia, consigam seguir sozinhos na rotina deles. E já temos relatos das famílias de que a mudança no comportamento foi muito significativa, depois que implementamos este trabalho na Casa Lar”, destaca Heloísa.

A coordenadora da equipe técnica também destaca que a regra é sempre deixar o espaço da Casa Lar do jeito que encontraram, pois é um local de uso coletivo. Inclusive, os alunos ficam responsáveis pela parte da limpeza cotidiana e manutenção, também com os cuidados com as flores no jardim.

Otávio Fraga Pereira é um dos alunos da Apae que participa das atividades na Casa Lar. Ele falou sobre o que mais gosta no local e o que ainda deseja aprender. “O que mais gosto de fazer aqui na Casa Lar é lavar a louça, o que faço em casa também. Mas ainda não sei lavar a roupa e nem usar o ferro ou fogão, porque são perigosos, só que eu quero aprender”, comenta.

Thaís Patricia Lourenço também participa das atividades na Casa Lar e afirma que usa o que aprendeu em casa. “O mais difícil é costurar, que é difícil, mas vou aprender. O que mais gosto de fazer aqui na Casa é varrer, lavar a louça, ajudar a professora quando precisa, e eu sempre ajudo a minha avó em casa, também” conta.

Otávio e Thaís, na tarefa de lavar as louças usadas. (Isadora Brehmer / JP)

 

De acordo com Heloísa, são as turmas de adolescentes e adultos que utilizam a Casa Lar com as atividades cotidianas e algumas turmas de estimulação podem fazer uso do local, em atividades específicas.

Paloma da Silva Souza, terapeuta ocupacional, explica que o primeiro passo ao determinar quais as atividades que cada aluno pode fazer é avaliar a capacidade e as habilidades do estudante, levando em conta questões físicas, psicológicas e sensoriais.

Ela também explica que as atividades são divididas em dois grupos: em conjunto ou individuais. Em grupo, são trabalhados conceitos como cooperação e trabalho em conjunto. Já em tarefas individuais, são estimuladas questões como coordenação motora, questões cognitivas, habilidades mais específicas daquele aluno, em áreas que ele teria mais dificuldade.

“Assim, determinamos em quais atividades eles se encaixam e o que precisam de mais atenção para o desenvolvimento. Estas tarefas são desde as mais fáceis, às mais difíceis. E vamos trabalhando até que eles cheguem nestas atividades mais difíceis, para que, realmente, eles se sintam mais independentes, com mais liberdade para fazer as coisas dentro de casa. E ajudar em casa faz com que eles se sintam bem, importantes, o que ajuda na autoestima deles”, enaltece.

Heloísa complementa afirmando que a iniciativa tem como meta estimular a independência dos alunos em seu dia a dia.

“Aquisição de independência e autonomia. Falamos de pessoas com deficiência, mas primeiro falamos de pessoas, que possuem habilidades, potencialidades e acreditamos que eles são capazes, por isso auxiliamos e fazemos a manutenção necessária, para que eles consigam gerir situações do dia a dia na vida deles”, destaca Heloísa.

Foto: Isadora Brehmer / JP

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