Educação

Projeto desenvolvido em escola de Pomerode é finalista na maior feira de ciências do Brasil

Apresentado na FEBRACE, realizada na USP, em São Paulo, o projeto Grass Paper visa a produção de um recipiente biodegradável, que substituiria saquinhos plásticos de polietileno na cor preta nos quais são plantadas as mudas ornamentais, nas floriculturas

26 de abril de 2024

Foto: Divulgação

Um projeto desenvolvido na Escola de Educação Básica Duque de Caxias foi finalista na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), a maior feira de Ciências do Brasil, realizada pela USP.

O Projeto Grass Paper, desenvolvido pela aluna Kamila Pantoja de Araújo de março a dezembro de 2023, sob a orientação da professora Daiane Ronchi tem a ideia de unir o papel que é descartado em sala de aula com o capim elefante para produzir um recipiente biodegradável

“Geralmente as mudas são produzidas em recipientes de plásticos que precisam ser retirados antes do plantio. Neste momento a planta pode sofrer um estresse físico, visto que o torrão precisa estar preso as suas raízes. Além disso, o plástico possui resistência à biodegradação natural. Diante do exposto e visando um sistema produtivo cada vez mais sustentável, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o uso do papel descartado em sala de aula e do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) para produção de um recipiente biodegradável alternativo em comparação com saquinhos plásticos de polietileno na cor preta”, explica a professora Daiane.

“O projeto ele surgiu da vontade de inovar utilizando duas problemáticas da nossa escola, que seria o capim elefante em uma parte da escola que a gente queria utilizar e o excesso de papéis descartados em sala de aula. Então a gente fez uns testes e percebemos que esses dois materiais triturados mais o amido formam uma liga ideal e poderiam diminuir outra problemática, que seria os saquinhos plásticos de polietileno de plantio de mudas em floriculturas”, complementa a estudante Kamila Pantoja de Araújo.

 

O desenvolvimento do projeto

Segundo a professora, os experimentos foram divididos em quatro etapas: na primeira foi analisada a textura, rigidez e consolidação da mistura do papel, do capim elefante e do amido de milho.

Na segunda etapa, foram confeccionados os recipientes biodegradáveis, enquanto na terceira etapa, foi analisado o desenvolvimento das mudas de boca de leão (Antirrhinum majus) e a integridade dos recipientes biodegradáveis em uma floricultura.

Por fim, na quarta etapa, foi analisado o potencial de degradação destes recipientes no solo. Segundo Daiane, todas as composições, tanto do experimento A quanto do B, deram bons resultados na tela, ficando a textura firme.

“Já no experimento de imitação de um copo, somente as composições com o caule do capim elefante, misturadas com amido de milho deram um bom resultado, sendo que os experimentos B2, B3 e B5 os melhores. Para avaliação da integridade dos recipientes biodegradáveis na floricultura foi observado que 100% se mantiveram sem deformações durante todo o período de produção das mudas de boca de leão, 42 dias. No solo as raízes ultrapassaram as barreiras do recipiente e a desintegração completa do recipiente ocorreu após 75 dias. O capim elefante e o papel triturado junto com o amido de milho formaram uma liga ideal para confecção do recipiente biodegradável”, comenta a professora.

Foto: Divulgação

 

Ainda, na floricultura, foram obtidos bons resultados, já eu o recipiente ele não se desintegrou. Quanto ao tamanho das mudas, o recipiente biodegradável tem que ser um pouco maior, pois o desenvolvimento das mudas foi menor em comparação com os saquinhos plásticos. No solo as raízes ultrapassaram as barreiras do recipiente e houve a desintegração completa do recipiente.

“Acho que a etapa mais desafiadora foi a primeira e a segunda, porque as vezes dava errado, o molde não estava bom o suficiente, o experimento ficava muito fino ou muito grosso ou pegava mofo, ou não tínhamos materiais na escola suficientes”, destaca Kamila.

Na pratica, a aplicação do projeto Grass Paper seria a substituição dos saquinhos plásticos de polietileno na cor preta nos quais são plantadas as mudas ornamentais, nas floriculturas. Com os recipientes biodegradáveis, o plantio seria realizado diretamente no solo.

Além de Daiane e Kamila participarem presencialmente da maior Feira de Ciências do Brasil (FEBRACE), classificando-se entre os 200 dos 3000 inscritos no Brasil, em 2023 o projeto foi apresentado na 4ª Feira de Inovação e Empreendedorismo da FURB e conquistou o 5º lugar.

Kamila e Daiane, na FEBRACE. (Foto: Divulgação)

 

“Este resultado foi algo muito importante, pois nesta Feira praticamente todos os nossos concorrentes eram de escolas particulares de Blumenau, as quais tem uma infraestrutura adequada para desenvolver seus projetos. Além disso, na FEBIC do ano passado conquistamos o 2º lugar na Categoria de Ciências Agrárias e ganhamos uma credencial para participar da Mostra de Ciências e Tecnologia realizada em Belém, no Pará”, destaca Daiane.

Para Kamila, que desenvolveu o projeto na prática, as conquistas foram gratificantes e auxiliaram a identificar a área da pesquisa e da ciência como caminho para o seu futuro.

“Foi muito gratificante, realmente eu não esperava ter virado finalista na FEBRACE, a experiência de poder participar dessa feira é incrível, nunca tinha apresentado para tantas pessoas interessadas no meu projeto, e ainda ganhei prêmios aqui em Santa Catarina na FEBIC e na Feira de Inovação e Empreendedorismo, foi tudo muito importante para mim, ganhar esse reconhecimento mesmo vindo de escola pública. Consegui perceber que o Clube de Ciências e a ciência em si, me abriram muitas portas e ainda irão abrir. Gosto muito de pesquisa e dessa área, acredito que eu vou ter muitas oportunidades nessa área e um futuro garantido”, enaltece a estudante.

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