Meio Ambiente

Vídeo: Depois dos maus-tratos, uma vida tranquila, no Bioparque Zoo Pomerode

Conheça a história das elefantes-asiáticas que vivem no Bioparque Zoo Pomerode

15 de fevereiro de 2024

Foto: Isadora Brehmer/JP

O Bioparque Zoo Pomerode, que completa 92 anos em 2024, exerce um importante papel na preservação ambiental, em nível nacional, pois abriga animais de resgate que vem através da Polícia Militar Ambiental, IBAMA e outros órgãos ambientais por terem sofrido algum acidente, como atropelamento ou choque na rede elétrica, por terem sido encontrados órfãos, apreensão por maus tratos ou ainda por ter sido apreendidos do tráfico de animais, ou seja, foram retirados das florestas pelos traficantes para serem vendidos como animais de estimação de forma ilegal.

São animais que não tem mais condições de viver sozinhos na natureza, por isso o zoológico abriga e cuida desses animais. 77% dos animais que vivem aqui são de resgate.

Dois exemplos são bem fáceis de serem encontrados. Estamos falando das elefantes-asiáticas que vivem no Bioparque Zoo Pomerode, que chegaram ao local em 2007, após apreensão feita pelo IBAMA e pelo Ministério Público em um circo, por situação de maus-tratos.

As duas fêmeas viveram por mais de 40 anos no circo, acorrentadas pelos pés, com severas restrições de movimento e comportamentos. Depois de décadas nesta situação, hoje no Bioparque Zoo Pomerode experimentam a possibilidade de interagir uma com a outra, têm oportunidades de escolhas, além da dieta balanceada e cuidados com a saúde.

Foto: Isadora Brehmer/JP

Uma delas, que é a mais a velha, foi batizada de Alika e completou 64 anos no mês de janeiro. No circo, ela teve um dos olhos perfurados e, por isso, acabou perdendo a visão neste olho. Além do cuidado rotineiro, ela precisa de uma atenção especial, conforme explica a bióloga e educadora ambiental do Bioparque Zoo Pomerode, Jenifer Kroth.

“O fato delas terem sido vítimas de maus tratos influencia no cuidado, principalmente com a Alika, pois ela teve um olho perfurado no circo, provocando a cegueira. Então, os cuidados com ela, na parte do condicionamento, são mais lentos, pois ela é mais desconfiada, não tem uma visão total, então fazemos tudo com mais calma, de uma forma que ela aceite e esteja bem com isso”, explica.

Segundo a bióloga, o cuidado com as elefantes varia no decorrer do dia, pois, além da alimentação, elas também recebem condicionamento, que é um treinamento para podologia (cuidados com os pés), treinamento para casos em que é necessário coletar sangue ou aplicar medicação, e o enriquecimento ambiental, que podem ser alimentares, como colocar comidas diferentes daquelas que são oferecidas diariamente ou uma disposição diferente desta comida.

Além de Alika, que tem 64 anos, a outra fêmea tem 61 anos de idade. A expectativa de vida dos elefantes-asiáticos é de, em média, 60 a 65 anos.

“Quando elas chegaram ao Zoo, estavam bastante estressadas e com machucados nas unhas, então o treinamento foi muito importante para a saúde delas. Com um intervalo de poucos meses sempre fazemos os exames para verificar a saúde delas, uma vez que ambas já estão em idade avançada. Além dos cuidados veterinários com exames e treinamento, elas recebem bastante acompanhamento dos zootecnistas, na parte de nutrição, para garantir que elas recebam todos os nutrientes da melhor forma. Hoje, podemos dizer que elas estão super bem e aguardando para serem transferidas para o novo recinto que está sendo construído, 10 vezes maior do que o atual”, destaca Jenifer.

A educadora ambiental também reforça que a transferência será muito positiva para o desenvolvimento delas. “Elas chegaram em caráter emergencial e, desde então, fazemos várias atividades de estímulo com elas. Hoje, elas já interagem entre elas e com o recinto e um local novo será muito positivo para o bem-estar das elefantes, pois terá novos ambientes, novos substratos, o que é bom para o animal”, reforça.

Sobre o elefante-asiático

O elefante-asiático é ameaçado de extinção por dois motivos principais, a perda do habitat e a caça ilegal por causa do seu marfim, já que as presas são utilizadas para a fabricação de diversos itens.

A tromba é a característica mais notável do elefante e é o resultado da junção transformação do lábio superior e do nariz num órgão alongado, muscular (tem cerca de 50.00 músculos) e sem ossos. Sua tromba termina num só lóbulo. Usa-a para cheirar, manusear objetos, recolher alimentos e água e ainda para defesa, ataque ou demonstração de afeto.

São animais gregários e a unidade social é formada pela família, constituída por uma fêmea adulta e suas crias. Os machos são solitários e só se aproximam das manadas quando estão no cio, conhecido por musth (que pode ter uma duração de 2 a 3 meses e ocorre frequentemente na estação das chuvas). Diversas famílias reúnem-se e formam rebanhos que variam entre 15 e 30 indivíduos. Os membros do rebanho costumam ser aparentados e sempre são conduzidos por uma fêmea adulta, a matriarca.

Em geral elas apenas toleram animais de sua própria espécie e ficam muito inquietos com a presença de outros animais, mesmo que não sejam seus predadores naturais.

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