Cultura

15 anos de dança e encanto

Ballet Cultura de Pomerode completou 15 anos no mês de março e segue firme na formação de cidadãos, por meio da dança

21 de março de 2021

Em 2007, iniciava em Pomerode um projeto que, atualmente, é um dos orgulhos da cidade. O Projeto Ballet Cultura começou com a proposta de levar ballet às escolas e creches da rede pública de Pomerode, conforme relembra a fundadora, professora e coordenadora do projeto, Andrea Ianetta Hradec.

“A minha carreira como bailarina começou em São Paulo, porque minha família é de lá, e meu pai conheceu Pomerode por meio da Netzsch e viemos morar em Pomerode. Eu continuei minha carreira em Blumenau, como bailarina, até que a diretora da creche Rosa Borck, em 2006, me perguntou se eu tinha interesse em dar aula de ballet na creche, e assim começou. Escrevi o Projeto Ballet Cultura e apresentei em janeiro de 2007 para a D. Neuzi Schotten e ao Sr. Aristeu Klein, responsáveis pela Educação e Cultura na época. Em fevereiro iniciamos as atividades contando com 82 alunos.”, conta Andrea.

Ano após anos, o Projeto Ballet Cultura foi ganhando força, com cada vez mais alunos e escolas participantes. Como vários talentos foram surgindo em meio às turmas, nas instituições de ensino, em 2009, por iniciativa da professora Andrea, foi criado o Corpo de Baile Municipal de Pomerode com 18 bailarinas. 

 

Talentos artísticos

Ao longo destes 15 anos de história do Ballet Cultura, diversos talentos foram revelados e a paixão pela dança floresceu em diversas crianças e jovens pomerodenses. Fransuê Kauã, ingressou no projeto no ano de 2011 e vem se destacando, ano após ano, pelo talento na dança e interpretação nos palcos. 

“Desde sempre eu gostava de dançar e ballet, quando eu comecei, era a única atividade extra na escola para a minha idade, então entrei no projeto e me apaixonei pelo ballet e pela dança”, conta o bailarino.

Fransuê já acumula diversas premiações individuais e com o grupo, destacando-se quase sempre nos festivais dos quais o grupo participa. Em 2019, quando o Ballet Cultura esteve representado no Magical Dance Tour, do Walt Disney World, o bailarino foi eleito, também, o melhor do festival. Inclusive, a participação no festival, realizado no maior parque temático do mundo, foi um dos momentos mais marcantes de sua história no ballet.

“A ida para o festival na Disney com certeza foi como um sonho realizado e foi graças ao Ballet que pude vivenciar isso. A dança, hoje, é parte de mim, o Ballet Cultura é minha segunda família. Eu amo dançar e continuarei até quando eu conseguir”, garante o bailarino.

Quem também já carrega o Ballet Cultura no coração, como uma segunda família é a bailarina Ana Maria Aparecida. Ela ingressou no projeto aos 11 anos de idade, após receber um convite da professora e afirma que se encantou pela dança.

 

 

Ana Maria é, assim como Fransuê, uma das bailarinas mais premiadas do Corpo de Baile, tanto individual quanto coletivamente. Inclusive, um dos momentos mais especiais de sua carreira como bailarina, tem relação com um prêmio recebido. 

“O momento mais especial, um que ficará para sempre no coração, foi em 2017, quando fui eleita melhor bailarina em Santo Ângelo, em um festival de dança. Hoje, eu considero o Ballet Cultura a minha segunda família e estar aqui, para mim, é incrível, é uma honra e meu maior orgulho”, relata.

 

Famílias unidas

As famílias dos bailarinos também são peça importante na engrenagem que move o grupo de dança em Pomerode. É graças ao esforço e confiança dos pais que o Projeto pôde se consolidar e contribuir para a cultura da cidade, além da revelação de talentos, no Corpo de Baile Municipal.

Com mais de 400 premiações, ao longo destes 15 anos da história do Ballet Cultura, muitos deles só foram possíveis graças à dedicação dos pais da Associação Cultural do Corpo de Baile de Pomerode, criada em dezembro de 2014, com o objetivo de ajudar a professora Andrea na gestão do Projeto, além de se empenhar em buscar recursos para custear o funcionamento do projeto e as participações em festivais.

A atual diretora da Associação e mãe de bailarina, Léa Lohse Alvarenga, destaca a importância de a família abraçar a causa e o amor dos filhos pela dança, apoiando-os como for possível. 

“A minha filha, Clara, entrou no Ballet com quatro anos, no começo na escola, e depois foi selecionada para o Corpo de Baile. O ramo da cultura é sempre um desafio, pois estamos sempre buscando valorização, recursos, para tornar estes sonhos possíveis, como o da minha filha. Na nossa família sempre brinco que todos dançam juntos, é uma parceria de todos, para que a Clara possa realizar este sonho de dançar no Corpo de Baile. E acredito que os outros pais pensem o mesmo, porque o que mais importa é ver nossos filhos felizes, e todos os alunos do Ballet Cultura são felizes no palco”, ressalta.

Wilson Krueger é pai de duas ex-bailarinas e foi presidente da Associação. Porém mesmo depois da saída das duas filhas do Projeto, por questões de estudos, a família continuou engajada nos esforços para que o Ballet Cultura continuasse o seu trabalho. 

“A gente fala que nós saímos do Ballet, mas o Ballet não saiu de nós. A nossa família ainda acaba participando, e sentimos uma energia muito positiva, que foi o que nos motivou a sempre ajudar. Vale muito a pena pelo que o Projeto retorna à sociedade”, destaca.

Nilson Radtke, atual presidente da Associação, destaca como o Projeto e a dança, em si, agregam na formação das crianças e jovens, para que sejam cidadãos melhores.

“A Érica, minha filha, começou a fazer ballet em 2010 e, desde lá, a paixão dela virou o ballet e contagiou a gente. A partir de então, eu vi como a dança é um diferencial, porque não é apenas dançar, o Ballet Cultura forma crianças diferentes. É preciso ter muita disciplina, saber trabalhar em conjunto, ter o respeito. Com certeza o Projeto forma pessoas melhores”, destaca o Presidente.

 

 

Foco no futuro

A professora Andrea também comentou sobre os momentos mais marcantes ao longo desta trajetória e garantiu que o que mais a emociona não são os prêmios, mas sim a formação dos alunos. 

“O que mais me marca é ter a criança no Baby Class e ver a evolução dela, para as outras categorias. E então, um dia, a aluna já está na faculdade, e mesmo que saia do Ballet, continua ajudando. É muito emocionante ver a criança crescendo. E acredito que o que faz o Projeto ser sólido em Pomerode é esta troca de amor, o meu pelas crianças, pela dança e das crianças pelo Projeto”, afirma.

Este amor que se multiplica, nos alunos que fazem parte do Ballet Cultura, de acordo com Andrea, é o que faz o Projeto se manter firme e continuar, por mais 15 anos, e assim em diante.

“Talvez uma aluna, um dia, assuma o Projeto e isso é muito emocionante. Acho que daqui para a frente o Ballet será mais forte, porque, até o momento, plantamos a sementinha e a ajudamos a crescer. Fizemos as pessoas perceberem que é um investimento na formação destas crianças e a partir de agora, estaremos mais forte, torcendo para tempos melhores venham”, finaliza.

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