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“Sou apaixonada pelo que faço”: conheça Andressa, que atua como “motogirl” em Pomerode

Dia Internacional da Mulher: saiba como é a rotina e quais são os desafios para a entregadora, em uma profissão tipicamente masculina

8 de março de 2024

Foto: Isadora Brehmer / JP

Uma profissão que exige força de vontade, resiliência e coragem. Trabalhar com entregas de moto é uma ocupação que precisa destas características, que as mulheres têm de sobra. Andressa Haelsner, de 29 anos, mais conhecida como Nina, trabalha como “motogirl” e representa perfeitamente o quanto a profissão também pode ser assumida por mulheres.

Nina relata que trabalha como “motogirl” há cerca de quatro anos. “Na época em que eu comecei, estava enfrentando depressão e crises de pânico. Como meu trabalho era costurar em casa, eu me isolava cada vez mais. Foi quando surgiu a oportunidade de entregar jornais e, aos poucos, fui melhorando. Depois disso, um amigo meu precisou de ajuda para as entregas em um estabelecimento no centro da cidade. Aceitei mais este trabalho e lembro que estava bastante apreensiva, porém, quando voltei para casa no final do dia, tinha a certeza que tinha me encontrado na profissão de ‘motogirl’! E sou apaixonada pelo que faço até hoje”, declara Nina.

A “motogirl” conta que, durante o dia, trabalha com entrega expressa, ou seja, o cliente entra em contato, normalmente por mensagem, e pede o frete a ser feito. À noite, Nina trabalha das 18h às 23h em uma pizzaria, todos os dias.

Sobre os desafios da profissão, Nina afirma que o primeiro deles é lidar com o trânsito, que é perigoso, especialmente para quem anda de moto, com grandes chances de se envolver em acidentes. Além disso, ela cita a correria do dia a dia, a alta demanda nas entregas e os riscos de ter mais prejuízo caso algo aconteça.

A “motogirl” também comenta sobre casos em que o preconceito por ser uma mulher trabalhando com entregas ainda se fez presente.

Foto: Isadora Brehmer / JP

“Houve uma vez em que cheguei para fazer entrega e o cliente falou ‘se fosse um homem entregando teria entregado meia hora atrás, porque você sabe, mulher é lerda’, sendo que, do local onde eu trabalho não levei nem 10 minutos até a casa do cliente. Também houve casos de pessoas que pediram frete e, quando identificam que é uma mulher, cancelam e inventam alguma desculpa. Ou, ainda, falam ‘não me leve a mal, mas não gosto de mulher para fazer meus fretes”, conta.

No entanto, mesmo com os desafios da profissão, como o risco e o preconceito, Nina possui um motivo muito especial para seguir firme em seu trabalho: o filho Vili Daniel Haelsner, de 10 anos.

“Ele é o que me motiva e pelo qual não largo minha profissão. Como trabalho durante o dia, por livre demanda, consigo conciliar minhas entregas no horário em que ele está na escola e passar mais tempo de qualidade com ele. Eu acredito que o mercado de trabalho está aí para quem quer começar, basta ter vontade de trabalhar e muita garra. Não vou falar que é fácil, porém não é um ‘bicho de sete cabeças’ e acho que nós, mulheres, tiramos de letra”, finaliza.

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