Febre maculosa: entenda a transmissão da bactéria e saiba como se prevenir
O diagnóstico da febre maculosa deve ser rápido.
Foto: Envato Elements
A febre maculosa, causada pela bactéria Rickettsia sp., é transmitida principalmente pela picada de carrapato. O carrapato se contamina ao sugar o sangue de animais infectados, como cavalos, capivaras ou vacas. Para transmitir a bactéria a uma pessoa, o carrapato precisa ficar grudado na pele por cerca de quatro horas. A picada pode causar coceira, mas às vezes passa despercebida, especialmente se for um carrapato jovem muito pequeno, conhecido como micuim.
No Brasil, existem duas espécies da bactéria: a Rickettsia rickettsii, mais comum no Sudeste, que causa uma doença grave com uma taxa de letalidade de até 55%, e a Rickettsia parkeri, registrada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará, que causa quadros menos graves.
O diagnóstico da febre maculosa deve ser rápido. Após a contaminação, o período de incubação da doença dura em média uma semana, variando de dois a 14 dias. O diagnóstico pode ser difícil, pois os sintomas iniciais são bastante inespecíficos, incluindo febre, dor de cabeça, dor no corpo, falta de apetite, náuseas e vômitos. Posteriormente, surgem manchas vermelhas na pele e a condição clínica geral do paciente piora.
A pessoa com os sintomas acima deve procurar um serviço médico o mais rápido possível, pois a doença vai evoluindo, diz o bioquímico Rodrigo Rodrigues, do Laboratório Sandrini. A febre maculosa provoca uma inflamação nos vasos que causa tromboses e formação de coágulos, levando a falhas nos órgãos devido à falta de circulação adequada. Em poucos dias, podem ocorrer complicações graves, como insuficiência renal, insuficiência respiratória e necrose de tecidos.
No início, a febre maculosa pode ser confundida com outras doenças, como leptospirose, dengue e malária. Portanto, se o paciente apresentar os sintomas, é importante mencionar se esteve em áreas de risco e teve histórico de picadas de carrapatos. O tratamento precoce com antibióticos é essencial e deve ser iniciado nos primeiros dias para evitar o agravamento da doença. O diagnóstico laboratorial pode ser feito através de um exame de sangue onde são pesquisados os anticorpos contra a bactéria Rickettsia sp.
Tratamento da febre maculosa
Deve-se procurar imediatamente um médico se houver sintomas. O uso de antibiótico deve ser indicado apenas se a pessoa tiver sintomas. Quanto mais precoce for o tratamento, melhor. Apenas uma porcentagem muito pequena dos carrapatos é reservatória da bactéria. São considerados casos suspeitos e candidatos ao tratamento aqueles que apresentam febre e sintomas como dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, vômitos e histórico de picadas de carrapatos e/ou que tenham frequentado uma região de risco nos últimos 15 dias.
O tratamento da febre maculosa deve ser iniciado imediatamente ao surgirem os sintomas. A doxiciclina é o medicamento de escolha, além do cloranfenicol, e normalmente a duração é de uma semana, podendo ser estendido dependendo da evolução do paciente. Casos graves exigem hospitalização, sendo as primeiras 48 horas as mais críticas. Quadros mais leves podem ser tratados em regime ambulatorial, mas todos devem ser monitorados para controle das possíveis complicações, incluindo renais, cardíacas, pulmonares e neurológicas. Os remédios contra a febre maculosa estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Medidas preventivas contra a febre maculosa
Para prevenir a febre maculosa, não existe vacina contra a doença. Portanto, é importante tomar alguns cuidados para evitar o contato com carrapatos infectados.
Os carrapatos vivem em áreas de mata ou em animais. Ao realizar atividades em locais potencialmente infectados, é recomendado utilizar sapatos fechados e roupas compridas que cubram todo o corpo, com a parte inferior das calças dentro das botas. É aconselhável até mesmo lacrar com fita adesiva dupla face. A orientação dos especialistas é escolher roupas claras, que facilitem a visualização dos carrapatos.
Após se expor a um ambiente ou situação de risco, é recomendado fazer uma vistoria no corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas. Quanto mais rápido forem retirados, menor será o risco de contaminação. É importante observar com atenção inclusive locais mais escondidos, como sob os braços, no umbigo, entre os dedos, atrás das orelhas e na parte interna das coxas, pois os carrapatos podem ser muito pequenos.
Caso seja percebida a presença de um carrapato fixado na pele, é aconselhável evitar esmagá-lo, uma vez que isso pode resultar na liberação das bactérias. O método correto consiste em removê-lo com o auxílio de uma pinça, torcendo-o suavemente.
Ainda segundo Rodrigo Rodrigues, a gravidade do quadro depende também da resposta do sistema imunológico do indivíduo, ou mesmo da presença de outras comorbidades. É importante ressaltar que crianças e idosos, por exemplo, podem não se queixar da picada do carrapato e evoluir para quadros graves pela falta de suspeita.