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A tireoide e a gestação

A tireoide sofre grandes alterações no período da gestação, desde a concepção até o puerpério.

29 de maio de 2022

Foto: Envato Elements

A tireoide ou tiroide é uma glândula no formato de uma borboleta que fica na região anterior do pescoço, logo abaixo do “pomo de Adão”. Ela é responsável pela produção dos hormônios tiroidianos, T4 e T3, que são fundamentais para a ação de quase todos os órgãos do corpo.

A tireoide é comandada por outra glândula, a Hipófise, que fica no cérebro, e produz o hormônio TSH que estimula a tireoide a produzir os hormônios tiroidianos.

De acordo com o bioquímico do Laboratório Sandrini, Rodrigo Rodrigues, a tireoide sofre grandes alterações no período da gestação, desde a concepção até o puerpério.

O hormônio tireoidiano é fundamental para o desenvolvimento neurológico fetal no início da gestação. Como a tireoide fetal só se desenvolve e passa a produzir hormônio após o primeiro trimestre da gestação, a tireoide materna é a responsável exclusiva pela produção do hormônio tireoidiano que vai abastecer o feto neste período. Portanto, alterações tiroidianas maternas durante a gravidez podem ser prejudiciais tanto para o bebê, quanto para a mãe e a gestação.

As disfunções tireoidianas mais frequentes são o hipotiroidismo (pouca produção hormonal) e o hipertiroidismo (excesso de produção hormonal).

O iodo é um micronutriente essencial para a formação do T3 e T4, portanto sua ingesta na gravidez é fundamental. A necessidade de iodo é maior no período da gestação e lactação. A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza que as gestantes consumam 250 mcg de iodo ao dia. O excesso de iodo também é prejudicial e a dose diária não deve ultrapassar 500 mcg.

 

Hipotiroidismo

O hipotireoidismo ou hipotiroidismo é caracterizado pela diminuição da produção de hormônio tireoidiano. Portanto, se a mãe produz menos hormônio, o bebê também terá pouco hormônio em uma fase que é fundamental para a formação do cérebro. O hipotiroidismo está associado a um aumento no risco de aborto, hipertensão, parto prematuro e diabetes gestacional.

No nosso meio, a principal causa de hipotiroidismo em mulheres com ingestão adequada de iodo é a Tireoidite de Hashimoto, uma inflamação crônica da tireoide de origem autoimune. A doença pode ter o diagnóstico prévio à gestação ou durante a gestação.

Outras causas de hipotiroidismo prévio à gestação são pacientes que foram submetidas a tratamento com iodo radioativo e cirurgia da tireoide.

O diagnóstico é feito por meio do exame de sangue com a dosagem do hormônio TSH. Lembrar que o valor de referência do TSH da gestante é diferente da não gestante, sendo menor tanto no limite inferior como no superior.

 

Hipertiroidismo

O hipertireoidismo ou hipertiroidismo é a produção excessiva de hormônio tiroidiano e também pode ocorrer na gestação. Os sintomas mais frequentes são:

• Calor excessivo;
• Palpitações;
• Nervosismo e dificuldade de dormir;
• Ausência de ganho de peso.

Assim como o hipotiroidismo, o hipertiroidismo pode trazer riscos para mãe e bebê. Pode causar hipertensão arterial, eclampsia, aborto, parto prematuro e baixo peso ao nascer.

No primeiro trimestre da gestação, devido à elevação do hormônio Beta HCG (aquele hormônio que dosamos para confirmar a gravidez), pode ocorrer um quadro de hipertiroidismo transitório que não necessita de tratamento específico. O HCG é um hormônio que apresenta uma semelhança com o TSH e consegue se ligar a seus receptores na tireoide e aumentar a produção dos T3 e T4.

A principal causa de hipertireoidismo é a Doença de Graves, uma doença autoimune na qual há uma produção de anticorpos estimuladores da glândula tireoide produzindo aumento e produção excessiva de hormônios. A doença pode ter início na gestação ou ter o diagnóstico prévio.

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