Especiais

Vestindo com amor: Solidariedade que veste crianças carentes

Conheça o projeto da Pastora Marilde Aires Costa, que junto com voluntárias, confeccionam roupas infantis para crianças vulneráveis do Tocantins

30 de abril de 2023

Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode

Solidariedade não significa apenas reconhecer a situação delicada de uma pessoa ou grupo social, mas também consiste no ato de ajudar essas pessoas desamparadas.

A definição reflete muito bem o trabalho realizado pela ONG sem fins lucrativos, Dona Zizinha, de Pomerode.
O projeto, idealizado pela pastora Marilde Aires Costa, tem como objetivo doar roupas infantis para crianças em estado de vulnerabilidade social, no estado do Tocantins.

Natural do estado tocantinense, a pastora, atualmente mora em Pomerode e resolveu abrir uma confecção, dentro de sua casa. Por passar dificuldades na infância, assim como a sua mãe, Zizinha, Marilde olhou para o passado e então resolveu ajudar o próximo, já que conhecia a realidade e situação da comunidade local.

Há dois anos, foi fundada a ONG e, desde então, a pastora e outras amigas voluntárias, dedicam parte do seu tempo confeccionando roupinhas para as crianças. O tecido usado para que as vestimentas possam ser feitas, são doadas pela empresa pomerodense Fakini.

Após a confecção das peças, as roupas são separadas e enviadas através de uma transportadora, até Guarulhos, em São Paulo. De lá, as roupas seguem viagem rumo à capital tocatinense, Palmas. Ao chegar na cidade, as irmãs e outros voluntários, buscam as peças para fazer a distribuição das doações, nas cidades onde a ONG atende, em Tocantins.

Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode

 

Um dos lugares que mais recebe as doações, por conta da pobreza, é o município de Lagoa da Confusão, que fica a cerca de 200 quilômetros de Palmas.

A cidade tem mais de 13 mil habitantes e algumas famílias que moram na região, se encontram em estado de vulnerabilidade social. E, neste percurso, há ainda, muitos problemas com a infraestrutura, já que as estradas, em alguns locais, são precárias e de difícil acesso. Já houve situações em que cargas acabaram sofrendo danos por conta do trajeto difícil.

“São famílias de assentamento, desalojadas. Os invisíveis, improváveis. Infelizmente a realidade é de extrema pobreza e chocante. Teve situações que fizemos doações de roupas e as crianças não queriam tirar as roupas que tinham, sujas, por não usarem as peças íntimas. E, a gente acompanha, daqui, via internet, a entrega dessas doações e conseguimos ver a felicidade nos olhos dessas famílias que tanto precisam”, comenta a pastora.

Crianças atendidas* pela ONG, no Tocantins. (*As identidades das crianças serão preservadas, em respeito ao ECA / Foto: Arquivo pessoal)

 

Atualmente, o projeto “Dona Zizinha” atende mais de três mil crianças em situação de pobreza extrema, principalmente no estado do Tocantins. Algumas doações são feitas para famílias catarinenses e até mesmo de Pomerode, quando alguém está necessitando.

Ainda, Marilde se emocionou e lembrou com muito carinho de sua mãe, que dá nome à ONG. Com os olhos cheios de lágrimas, a pastora contou a história de vida e as dificuldades que teve durante sua infância.

“Nós éramos uma família muito pobre. Porém, minha mãe encontrou na costura uma forma de sustentar todos os filhos. Nós nunca tivemos roupas novas ou compradas em loja, era sempre ela que fazia, pois não tínhamos condições. Muitas vezes, minha mãe comia a raspa de panela, de uma sopa de arroz que fazia para alimentar os filhos. É muito difícil falar da minha mãe, pois sempre me emociono com sua história de vida. Mesmo com todas as dificuldades, ela nunca deixou de dar atenção para as crianças, até para aquelas que não vieram de seu ventre. Não há como não chorar ao falar dela, pois ela foi uma guerreira”, relembra.

Infelizmente, no ano de 2019, Dona Zizinha morreu por conta de complicações em seus pulmões. Porém, ela “renasceu” com a criação da ONG.

Emocionada, Marilde mostra com muito orgulho a fotografia da mãe, Dona Zizinha. (Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)

 

“Hoje, eu sei que ela descansou. Mas, quando a perdemos, foi um momento muito difícil para nós. Hoje, a ONG me dá forças e motivações para continuar fazendo o bem. Minha mãe sempre lutou pelos filhos e, com certeza, deixou um legado imenso aqui para nós e temos muito orgulho de tudo! Também só tenho a agradecer as minhas amigas que estão aqui junto comigo, ajudando na confecção dessas roupinhas. E também, agradecer a Deus, por nos abrir portas e também estar olhando por nós”, agradece a pastora.

 

Você também pode ajudar

Para conhecer mais sobre o projeto e também fazer doações ou ajudar na divulgação, basta entrar em contato no telefone (47) 98844-4331. Nas redes sociais, você pode acompanhar o trabalho da ONG através do Instagram @ong.d.zizinha.

Amigas voluntárias ajudam na confecção das roupas. (Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)

Notícias relacionadas