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Egon Tiedt e seu legado para a história de Pomerode

Responsável por reunir grande parte do acervo do Museu Pomerano deixou um legado de valor inestimável para a história da cidade

5 de maio de 2024

Família guarda a medalha Cruz e Souza, entregue a Egon pelo Governo do Estado. (Foto: Isadora Brehmer / JP)

Uma personalidade marcante para a história de Pomerode e também para o Estado de Santa Catarina, quando pensamos nas heranças da imigração alemã na região do Vale do Itajaí.

Egon Tiedt, nascido em 25 de novembro de 1934 e falecido em fevereiro de 2008, aos 73 anos, foi um dos grandes responsáveis pela manutenção de parte da história de Pomerode, por meio da preservação de diversos objetos, utensílios e veículos antigos, que hoje compõem parte significativa do acervo do Museu Pomerano.

O início desta relação de carinho com a cultura e a história começou por volta do ano 1961, quando Egon adquiriu um caminhão para fazer fretes, o que possibilitou que ele conhecesse muito da cidade e da região, além de realizar a compra e venda de objetos antigos.

“Quando ele encontrava uma peça diferente, que lhe chamava a atenção, ele guardava, e assim foi criando um acervo, aos poucos”, conta um dos filhos de Egon, Sido Tiedt. Ele teve cinco filhos em seu casamento com Erena Weinfurter: Rui, Ruth, Sergio, Sido e Marcos.

Além do gosto pelos objetos antigos, Egon passou a se interessar pelas construções enxaimel e procurou adquirir conhecimento sobre a técnica de construção com carpinteiros e pedreiros que trabalhavam com este ramo. Assim, se especializou nas construções enxaimel e passou a trabalhar com isso, auxiliando em diversas obras de desmontagem e remontagem de casas em estilo enxaimel, ou mesmo em construções delas.

Uma destas casas foi transportada para o terreno onde a família vivia. Datada de 1888, a construção enxaimel ficava na Rua dos Atiradores, próxima à atual Escola Profª Noemi V. C. Schroeder e foi atingida por uma enchente no ano de 1911. Depois desta enchente, foi transferida para um terreno atrás da Escola e, após ter ficado abandonada, foi transferida para o terreno de Egon Tiedt na década de 1970.

A remontagem de casas enxaimel também foi uma das ocupações de Egon. (Foto: Arquivo pessoal)

 

“Foi nesta casa que meu pai montou o seu museu, chamado de ‘Pommersches Museum’, onde foram colocadas todas as coisas antigas que ele estava colecionando. Meu pai gostava muito de reunir coisas antigas, saber destas histórias, era algo que ele curtia muito. Havia pessoas que vinham visitar o Museu aqui e meu pai sempre explicava cada uma delas, gostava de saber sobre as histórias. Ele tinha o dom de explicar o que era e para que servia cada coisa. Não sabemos ao certo quantas pessoas chegaram a visitar o Museu aqui, mas se ele estivesse em casa, não importava o dia em que alguém visitasse, ele sempre atendia”, relata Sido.

Além da paixão pela preservação da história, Egon sempre foi envolvido nas ações relacionadas à cultura na cidade, como o auxílio no início da feira de Páscoa, que depois se tornou a Osterfest; participação nos desfiles da Festa Pomerana e na Oktoberfest, além de participar de atividades na Igreja de Confissão Luterana, nos clubes de caça e tiro e no Clube Sênior.

O “Pommersches Museum” foi mantido até o início dos anos 2000, quando houve um acordo com o poder público municipal para que o acervo fosse adquirido para o Museu Pomerano. “O sonho dele era que o Museu continuasse, que as peças continuassem sendo vistas e cuidadas. Quando o acordo foi fechado, foram necessários cerca de três anos de trabalho de catalogação, em parceria com Roseli Zimmer. Na época eram quase mil peças, que foram catalogadas e depois passadas ao Museu Pomerano, pois havia muita coisa pequena também e tudo precisava estar catalogado. Durante este tempo, procuravam os antigos donos de cada peça para encontrar a história daquele item. Mas pensando no cenário como um todo, foi uma ótima decisão, pois foi uma forma de manter tudo cuidado e parte da história de Pomerode”, destaca Sido.

Egon organizando parte dos objetos que tinha, na propriedade. (Foto: Arquivo pessoal)

 

O Museu Pomerano foi inaugurado em junho de 2008, alguns meses depois da morte de Egon Tiedt, que infelizmente não chegou a ver o local pronto. O carro fúnebre, que hoje está exposto no Museu Pomerano, foi utilizado pela última vez no funeral de Egon Tiedt, que fez questão de mantê-lo na sua coleção.

O trabalho de Egon Tiedt foi tão significativo para a história local, que ele foi premiado com a Medalha Cruz e Souza, em Florianópolis, em 21 de novembro de 2002, concedida a pessoas que tenham contribuído de modo eficaz para o enriquecimento e defesa do patrimônio artístico e cultural de Santa Catarina.

“É um orgulho para toda a família saber que aquilo que ele tanto gostava, amava, continua lá para todos verem, pois era isso que ele queria, que todos pudessem ver e saber da história de cada peça”, finaliza Sido.

Um antigo arado estava na propriedade, onde Egon tinha o museu. (Foto: Arquivo pessoal)

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