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Uma viagem internacional sobre duas rodas

Douglas Grubel conta como foi a aventura por 17 países utilizando a bicicleta como seu meio de locomoção

4 de dezembro de 2021

Pedalando e atravessando fronteiras, literalmente. Durante cerca de três anos, Douglas Grubel dedicou seu tempo numa viagem desafiadora e decidiu embarcar em uma aventura pelas Américas, saindo de Blumenau, com destino a vários países dos destes continentes. Aos 30 anos, Grubel mora no bairro de Testo Salto, porém, teve contato com Pomerode, já que ele nasceu na cidade e estudou nos colégios Olavo Bilac e José Bonifácio.

A ideia de seguir o rumo numa aventura mais longa, surgiu após uma viagem curta, em 2014, de cerca de 10 dias, ao Paraná, onde Grubel se interessou ainda mais por viajar com a bicicleta. Em 2015, quando dava aula de História, em duas escolas de Blumenau e neste momento, se sentia insatisfeito e decepcionado com a profissão e tinha o desejo de mudar a vida. 

“O meu primeiro trajeto seria até Minas Gerais, pois eu queria muito conhecer essa parte do turismo histórico do estado. E, foi em 2016 que tudo começou. As coisas foram acontecendo e eu fui seguindo, pois queria ter mais experiência e conhecimento”, comenta.

 

 

Grubel conta que viajar pela América Latina não era uma ideia inicial. Após sair de Minas Gerais, seguiu os caminhos até o Nordeste e depois conheceu uma “cicloviajante” holandesa. Ela, que já havia morado no México, falou sobre o país, o que despertou um desejo do blumenaunse para visitar a nação mexicana.
“Depois disso, resolvi estender minha viagem, para fora do Brasil. Decidi fazer passaporte em Belém, já que sai de casa apenas com o documento de identidade, pois não pensava em sair do país, ou fora da América do Sul. Tirei o passaporte, segui para a Colômbia e fui com o objetivo de ir México”, explica.

Com o objetivo em mente e definido, da Colômbia foi em direção ao México e passou por outros países, antes de chegar por lá. Neste momento, a bike foi com ele, porém, em viagens de barcos e veleiros, deixando a aventura ainda mais desafiante. Neste trajeto, usando a bicicleta e os meios aquáticos, Grubel passou por Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize até chegar no México. Do México, viajou de avião até Cuba e depois de lá retornou à Colômbia, único momento da expedição que foi utilizado uma aeronave para o deslocamento. 

Mas a bike continuou sendo sua principal parceira, já que depois da Colômbia, seguiu pedalando pelo Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai. Depois de passar por 17 países, em quase três anos de viagem, retornou em 2019 para Blumenau, com muita história para contar, na bagagem. 

 

Bike foi a sua companheira em uma viagem de cerca de três anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Um dos desafios da grande viagem era de como se manter nestes países, com pouco dinheiro. Para isso, Grubel passou a acampar com mais frequência. Para economizar, durante o trajeto, ficava na casa de famílias que acolhiam o cicloviajante. Ele também utilizou um aplicativo de “hospedagem solidária” para conseguir lugar para ficar e até dormiu em sedes do Corpo de Bombeiros. Para se alimentar, o blumenauense fazia a própria comida ou comia nestes locais voluntariados. E, para conseguir dinheiro, afim de pagar algumas despesas, também por conta de problemas com a bicicleta, ele passou a vender brigadeiro na praia, vendeu o seu próprio artesanato e chegou a trabalhar de servente de pedreiro e garçom.

“Assim eu fui me mantendo, fazendo trabalhos voluntários em campings, em troca de hospedagem ou alimentação. Isso fez com que eu conseguisse economizar em certas ocasiões, pois a situação apertava um pouco quando tinha algum problema mecânico com a bicicleta. Mas as pessoas me acolhiam bem, ofereciam alimentação, água e isso me ajudou muito a seguir o rumo. Apenas tive uma queda de bike, em Cancún e machuquei as mãos e os pés, porém nada grave. Foram que tive algumas intoxicações alimentares e até uma crise alérgica. Mas nada disso foi motivo pra eu não continuar a viagem”, ressalta.

Na viagem, nos 17 países que visitou, muitas histórias Grubel conheceu nesta expedição. Cada nação visitada era uma surpresa diferente, já que ele se encantava com as belezas das paisagens e também das diferentes culturas. Um dos momentos mais inesquecíveis da aventura, foi no México, quando acompanhou uma tradição cultural.

 

Grubel teve oportunidade de visitar várias paisagens pela América. (Foto: Arquivo pessoal)

“Estava pedalando e passei por um cemitério e vi uma família reunida perto de uma tumba. Passei reto, porém, resolvi voltar, pois tem uma tradição no México que a família limpa os ossos de uma pessoa falecida, após uns anos, para guardar e preparar a tumba para outra pessoa que faleceu na comunidade. Isto é uma tradição milenar e pude acompanhar isto e ver como tudo funcionava. É algo muito diferente da nossa cultura”, relembra.

 

Lançamento do livro

Para reunir todas essas histórias e poder contar as mesmas para os outros, Grubel resolveu escrever um livro sobre a viagem e compartilha as experiências por meio de páginas. O livro, chamado de “Sensível, mas não fraco. Forte, mas não rude”, conta com uma série de entrevistas e as histórias vividas pelo blumenauense nestes quase três anos de viagem, fora do país.

“Depois que voltei, no ano seguinte, por conta da pandemia, fiquei muito tempo ocioso. E, então, fiquei pensando em compartilhar essas tantas histórias e experiências e seria bom para mim, naquele momento, escrever e poder contar o que eu vivi e vi nesta grande viagem. Colhi muitos depoimentos de famílias e isso rendeu muitas histórias interessante. Minha expectativa é bem boa”, relata.

No dia 11 de dezembro, será feito um lançamento na Livraria Refopa, no Centro da cidade. Além da loja, em Pomerode, o exemplar está disponível para compra, pela Internet, através da Amazon.

 

(Foto: Arquivo pessoal)

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