Uma coleção de encher os olhos
Colecionador de plantas, considerado o maior de SC, fala sobre paixão pelas plantas e criação de nova espécie
Foto: Isadora Brehmer / JP
O gosto pela coleção de plantas e pelo cultivo de diferentes espécies nem sempre existiu na vida de Jean Carlos Lindemann, morador de Jaraguá do Sul, próximo da divisa com Pomerode, que hoje é considerado o maior colecionador de plantas de Santa Catarina.
Mas como Jean passou de alguém que não sentia tanto apreço pelo cultivo, para um apaixonado pelas plantas? A resposta passa pelas mãos de Verônica Lindemann, mãe de Jean, que foi quem trouxe o colecionador para o mundo das plantas.
“Coleciono plantas há 11 anos, mas é algo que vem desde criança. Minha mãe sempre colecionou orquídeas, mas, quando mais novo, não gostava de plantas. Só que ela sempre me incentivou, insistia para que eu ajudasse e aprendesse, até que comecei a gostar também. A partir dos meus 10 anos comecei a ajudá-la mais, arrancando mato, adubando as plantas, e passei a gostar cada vez mais”, relembra.
O gosto pelo cultivo evoluiu cada vez mais e virou uma verdadeira paixão para Jean, que passou a buscar novas espécies e variedades de diversos tipos de plantas. Quando completou 18 anos, Jean começou a colecionar plantas de diversas partes do mundo, com espécies de vários continentes.
Hoje, o colecionador possui cactos, orquídeas, suculentas, plantas ornamentais, árvores frutíferas, folhagens, e alguns bonsais. São cerca de 20 mil plantas, com aproximadamente 10 mil espécies, o que o torna o maior colecionador de Santa Catarina.
Entre estas milhares de plantas, algumas das favoritas do colecionador estão os cactos. Inclusive, Jean criou uma variação de cacto por si, a partir de um cruzamento entre a espécie conhecida como Rabo de Macaco e a Rabo de Gato, criando uma espécie única no Brasil e no mundo.
“Troquei o pólen das duas plantas, que floresceram no mesmo dia, e uma delas segurou a cápsula das sementes. Houve cinco mudas, mas somente uma delas germinou e cresceu”, revela. O colecionador comenta que ainda não deu um nome para a nova espécie criada por si, mas que está aberto a sugestões.
Ainda entre os cactos, um que Jean considera quase como um filho é uma espécie vinda do Peru, cujo nome científico é Trichocereus Pachanoi Cristata Variegata. “Cristata é porque há uma parte que parece uma crista, que é um defeito genético, e variegata porque tem as manchas amarelas, outro defeito genético. A junção de dois defeitos genéticos é o que o faz muito raro. Este é um dos primeiros que adquiri, e um dos mais raros que eu tenho na minha coleção. Mas também tenho cactos coloridos que vieram da Tailândia, espécie da Espanha, algumas espécies Argentinas. Outro que eu gosto é o cacto conhecido como casco de tartaruga, uma planta rara, original da região da Malásia e alguns exemplares são encontrados na África. Ela vive em média 50 anos, mas floresce poucas vezes neste período”, explica.
Jean afirma que consegue novas espécies com o auxílio de um amigo, que é importador de plantas, ou ainda trocando com outros colecionadores e procurando em exposições e encontros.
O cultivo das plantas divide espaço na rotina de Jean com um outro trabalho, mas o colecionador explica que a parte da manhã de seus dias é dedicada completamente ao cuidado com suas plantas.
“De manhã eu faço manutenção, replantio, troca de pólen quando consigo, para tentar gerar espécie nova, e na parte da tarde minha mãe faz a manutenção básica. Estou todos os dias aqui, para verificar a situação de tudo, até porque de um dia para o outro podem surgir problemas, que precisam ser resolvidos. As regas precisam ser feitas no tempo certo, por exemplo os cactos a cada 15 dias, e suculentas uma vez por semana, ou duas em períodos muito quentes”, comenta.
E para conseguir cuidar de todas as espécies da melhor forma possível e mantê-las saudáveis, Jean explica que é fundamental estudar sobre cada uma das variações, para saber o que cada uma delas precisa ou não.
“Antes de adquirir qualquer planta, pesquiso sobre o clima e cultivo dela, me baseando na região da qual ela vem, se é de região mais úmida, ou mais seca, e daí vou separando. Eu também busco informações no YouTube, ou com colecionadores. Sempre encontro uma forma de buscar informações sobre a planta que vou trazer para cá”, destaca.
Toda a coleção de Jean foi transformada em um local para visitação, chamado de Orquidário e Cactário Lindemann, localizado no bairro Rio da Luz Vitória, Rua JGS 489 (Tifa Herberto Lindemann), em Jaraguá do Sul. O local está aberto aos sábados e domingos, das 9h às 17h, com tour guiado pelas estufas e possibilidade de adquirir plantas na loja do local. A entrada é gratuita.
Ao todo, Jean possui 13 estufas de plantas na propriedade e, segundo o colecionador, para cuidar de tudo isso é preciso gostar, ou dificilmente dará certo.
“O que me dá menos trabalho são os cactos e as que exigem mais são as suculentas e as orquídeas. Os cactos são mais fáceis pois exigem menos regas e poucos cuidados. Já as orquídeas exigem mais, com adubação e substratos específicos para cada espécie, por exemplo. Mas para mim, cuidar das plantas é a melhor coisa do mundo”, finaliza.