Um trabalho de acolhimento e auxílio, feito a muitas mãos
Conheça algumas das voluntárias e serviços que fazem a Rede Feminina ser uma referência em acolhimento para quem enfrenta o câncer
Foto: Isadora Brehmer / JP
Embora o mês de outubro seja o escolhido para chamar a atenção quanto à prevenção ao câncer de mama, esta é uma bandeira que deve ser levantada o ano inteiro. E quem está à frente das ações de conscientização, prevenção, acolhimento e atenção relacionadas ao câncer de mama e colo de útero é a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pomerode.
Com quase 23 anos de existência, a Rede Feminina surgiu, em Pomerode, para prestar o apoio às pacientes que enfrentam a doença. Leane Hass Zimmermann é uma das fundadoras que segue como voluntária na RFCC Pomerode. Ela comenta que, desde o início, houve muita força de vontade para que a ideia saísse do papel.
“A ideia nasceu do Rotary Clube, na época, e tivemos a Rede Feminina madrinha de Indaial. Formamos um grupo de 60 voluntárias e criamos a Rede Feminina em Pomerode, com instalação oficial em 31 de outubro de 2000. Começamos em uma sala cedida pela Acip em sua sede e nossa primeira presidente foi Estelita Tolentino Brandes, que foi uma grande mentora e um modelo para todas nós”, relembra.
Leane resgata, também, a memória pela luta da sede própria, cuja construção começou em 2016 e que começou a ser utilizada em 2018. Mas, mesmo com toda a batalha para oferecer um local adequado às voluntárias e pacientes, para Leane, desde o início o atendimento oferecido foi de excelência. A voluntária fundadora também destaca a parceria com as mais jovens, que trazem ainda mais excelência ao trabalho. “Hoje estamos colhendo os frutos de tanto trabalho. É muito bonito observar a juventude, as novas voluntárias que trazem energia, alegria, um gás novo para nossa instituição, e faz a Rede perpetuar por vários anos. As emoções que vivemos são indescritíveis. Nós fazemos a prevenção, que também faz o bem para nós, pois crescemos como pessoas e é o que nos faz querer continuar, dia após dia”, enaltece.
Do acolhimento às terapias integrativas
A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pomerode possui uma ampla gama de serviços, voltados à prevenção e ao acolhimento das pacientes e famílias.
Um deles é o Projeto Vida Rosa, que acolhe pela primeira vez as pessoas que chegam à Rede, seja quem veio por conta própria ou foi indicado. O acolhimento inicial é pelo setor Apoio Vida Rosa, coordenado por Dorléia Lessmann. “Temos a conversa inicial, na qual a paciente conta um pouco da sua história, pelo que ela está passando, o que ela precisa. Nesta conversa é exposto o que a Rede tem a oferecer ao paciente, que são as terapias integrativas, o setor Mastec e os projetos de integração e socialização dos pacientes”, enumera Dorléia.
No setor Apoio Vida Rosa, são realizados projetos de socialização e integração. “Temos como projetos iniciados este ano, o grupo de apoio mensal, do Vida Rosa, que é um encontro com todas as pacientes que podem e querem vir. Todo mês elegemos um tema e dentro destes temas desenvolvemos uma dinâmica de grupo, inclusive com passeios fora da Rede, para integração e socialização, sempre com um café. Em agosto iniciamos mais dois projetos, primeiro o da hidroginástica, com aulas toda sexta-feira, com vagas para 20 pessoas. E o projeto de trabalhos manuais, que envolve todas as pacientes e as voluntárias da rede que quiserem fazer parte. Fazemos bordado, crochê, sempre com objetivo de integrar e gerar momentos de lazer”, conta.
O Apoio Vida Rosa também realiza visitas a pacientes que não podem visitar a Rede ou participar de algum dos projetos, para que haja o acompanhamento e a atenção a elas, além de fornecer algum suporte financeiro ou doações, quando necessário.
Educação e reconhecimento
O Setor Educacional da RFCC Pomerode, coordenado por Lidiane Volkmann, trabalha com três projetos: Rede Feminina vai às Escolas; Rede Feminina nas Empresas e o Selo Rosa.
“O Projeto Selo Rosa surgiu em 2022, para reconhecer o apoio e a parceria da comunidade, das empresas, das entidades. É uma forma de reconhecer quem nos ajuda, quem faz a prevenção e ajuda em ações de estímulo à prevenção, além de estreitar laços. Para participar, a empresa ou entidade deve se inscrever e comprovar que fez, durante o ano, pelo menos duas ações voltadas à prevenção, ou que ajudou a rede, de alguma forma”, explica Lidiane.
Além disso, os outros dois projetos tem o objetivo de levar informação à comunidade, com palestras ou conversas. “Quem tem interesse em nossa participação, basta entrar em contato com a Rede. Nós realizamos palestras sobre câncer, câncer de mama, de colo de útero, doenças sexualmente transmissíveis, autoestima e saúde da mulher. Além disso, participamos de uma mesa educativa, na qual levamos tudo o que podemos oferecer. Nossa principal intenção é levar a informação às pessoas, o conhecimento, que é fundamental”, afirma Lidiane.
Setor Mastec
O setor denominado Mastec realiza os atendimentos com a luva e também é responsável pela distribuição de sutiãs, próteses, perucas, gorros, lenços, almofada de acolhimento, cadeira de rodas, muletas, camas hospitalares, tudo o que a paciente precisa no pós-operatório.
Para conseguir algum destes itens, basta entrar em contato com a Rede Feminina para que seja repassado à Amanda Schlup Maass, fisioterapeuta e coordenadora da Mastec. Ela fará o primeiro acolhimento e depois o encaminhamento ao Apoio Vida Rosa, para entender as necessidades de cada paciente, como for possível.
É a fisioterapeuta também que trabalha com as pacientes que acabaram de passar pela cirurgia. “No caso da masectomia, o processo mexe em glândulas da axila, na parte linfática, por isso o braço pode inchar e a luva vai ajudar a drenar estes líquidos. Na fisioterapia, que também iremos oferecer aqui na Rede, o objetivo é ajudar a resgatar a funcionalidade dos braços, com melhora da força e amplitude de movimento”, explica.
Para a fisioterapeuta, poder contribuir com a recuperação das pacientes, não só física como da autoestima, é recompensador. “É muito gratificante fazer parte disso. Na Rede, o acolhimento é muito diferente, pois passamos pelo processo não só da cirurgia, mas da recuperação da autoestima. O câncer de mama afeta diretamente este aspecto da mulher, pela retirada da mama e queda de cabelo. Ver as mulheres felizes novamente é muito gratificante”, destaca.
Terapias integrativas
Um terceiro braço do Projeto Vida Rosa são as terapias integrativas e complementares, coordenadas por Cristiane Simão. O setor dá apoio aos pacientes oncológicos e familiares.“Estendemos este atendimento, porque sabemos que é uma situação complicada para toda família. Gratuitas e ministradas por terapeutas totalmente capacitadas, algumas são voluntárias da rede e algumas são voluntárias esporádicas”, explica.
As terapias oferecidas são: acupuntura, auriculoterapia, dança circular, dança ritmos, grafoterapia, nutricionista, psicanálise, psicóloga, reflexologia podal, reike e yoga.
Para Cristiane, é visível o quanto as terapias contribuem para o bem-estar das pacientes. “A gente vê o quanto representa para eles este apoio, este conforto oferecido, e conseguimos oferecer com muito mais agilidade, o que influencia muito na parte emocional do paciente e da família e, consequentemente, na imunidade do paciente. Temos uma resposta muito grande e vemos a mudança em cada paciente após passar por nossas terapias diretamente”.
A presidente da Rede Feminina de Pomerode, Marineuza Henschel, finaliza reafirmando o compromisso em oferecer cada vez mais à comunidade. “Cada vez mais me enche o coração e digo a mim, à diretoria, como às coordenadoras e voluntárias, que estamos no caminho certo. Cada ação é como um pulsar do nosso coração. Vamos buscando atender cada vez mais e oferecer o máximo possível para quem passa pelo câncer de mama e para as famílias”, encerra.