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Um nome marcante para as construções de Pomerode

Pedreiro e mestre de obras aposentado, Gerard Maas, de 90 anos, fala sobre as lembranças do tempo em que exercia a profissão

19 de maio de 2024

Foto: Isadora Brehmer / JP

Um personagem da história pomerodense, que ajudou a erguer dezenas de construções em toda a cidade, ao longo de mais de 50 anos de profissão.

Gerard Maas, de 90 anos, completados no dia 1º de março, foi um dos pedreiros e mestres de obras de Pomerode e escreveu seu nome na história de diversas famílias por meio da construção de suas casas, e também ajudou a conectar os lados de Pomerode separados pelo Rio do Testo, participando da construção de diversas das pontes existentes na cidade.

“Comecei a trabalhar com 18 anos, em 1952, na Porcelana Schmidt, onde fiquei até 1953. Depois de lá, fui trabalhar na construção civil. Na época, meu vizinho trabalhava com construção e me convidou para trabalhar com ele, pois precisava de um ajudante. Fui aprendendo com ele diversas técnicas para a construção e segui nesta profissão, por 56 anos”, conta Maas.

No início, o pedreiro e fiscal de obras aposentado ajudava em pequenas tarefas, como assentar tijolos, fazer rebocos, encaixar peças de madeira, tudo isso em diversas construções, até aprender do início ao fim todo o processo para fazer uma casa. “Cada vez que eu parecia pronto para fazer algo a mais, o patrão me dava uma obra melhor, até estar fazendo construções completas”, relembra.

A sua primeira construção de maior porte foi no Centro de Pomerode, a casa que seria de Haroldo Goede, a qual trabalhou desde o fundamento até a pintura. No local, hoje fica a sede da Associação Visite Pomerode.

No currículo de Gerard Maas também estão construções como a casa que pertenceu à Gilmar Knaesel, sendo inclusive uma das construções mais difíceis de sua carreira, segundo Gerard, assim como uma residência em Pomerode Fundos, que ficava mais próxima ao rio, tornando o trabalho mais difícil.

O pedreiro aposentado recorda, também, que esteve presente no início da construção do Hospital e Maternidade Rio do Testo, ajudando na escavação para a colocação da pedra fundamental.

Ponte da Rua Paulo Zimmermann foi um dos trabalhos de Gerard. (Foto: Arquivo pessoal)

 

“Fiz muitos projetos de cálculo das madeiras necessárias para os telhados, como tinha que ser feito, depois fazia a construção deles. Algumas construções mais modernas, de algumas casas, eram mais difíceis pela quantidade de madeira que exigiam, além do peso delas, mas sempre dava um jeito de fazer”, garante.

 

“Assinatura” também nas pontes de Pomerode

Gerard Maas também comenta com orgulho sobre a contribuição para os deslocamentos da comunidade pelo território de Pomerode, por ter ajudado na construção de praticamente todas as pontes existentes na cidade, antes de sua aposentadoria, há cerca de 20 anos.

“A primeira foi na Avenida 21 de Janeiro, na entrada do Ribeirão Areia, depois a segunda foi a ponte na Rua Castelo Branco. Daí vieram várias, tanto de construção quanto de reconstrução, a exemplo da atual ponte da Rua Paulo Zimmermann. Construí depois três em Testo Rega, a ponte da Rua Vitória, a da entrada da Rua Testo Alto, próximo à Casa Haut, e depois na chamada Ponte do Facão”, afirma Gerard.

Segundo o pedreiro aposentado, entre casas e pontes, o que tornava a segunda opção mais complicada era o risco, pois o trabalho no local era um pouco mais perigoso.

Gerard também afirma que o mais difícil em seu trabalho, era lidar com os dias de calor. “Acho que isso era o mais complicado, continuar trabalhando mesmo com o calor, e na minha opinião era tão quente quanto é hoje. Subir nos telhados, subir no andaime, assentar tijolos, fazer os rebocos, tudo isso tínhamos que fazer e no calor não era fácil. Mesmo assim, ao longo da vida nunca peguei um atestado, sempre estava pronto e disposto para trabalhar”, frisa o pedreiro aposentado.

Durante seus mais de 50 anos de profissão, Gerard também teve a oportunidade de trabalhar, trocar experiências e conhecimento com vários engenheiros da cidade, entre eles Leane Hass Zimmermann, que relembrou um pouco das vivências com pedreiro e mestre de obras aposentado.

Ponte da Rua Paulo Zimmermann foi um dos trabalhos de Gerard. (Foto: Isadora Brehmer / JP)

 

“Trabalhei com ele no fim da década de 80 e nos anos 90, pelo que me lembro e ele já era praticamente um mestre de obras, sendo o responsável por marcar obras, definir fundações, e fazer cálculo de madeiras, algo no qual era muito bom”, afirma.

Segundo a engenheira aposentada, os dois trabalharam juntos na construção de um prédio próximo ao Gumz, além de diversas outras obras. Inclusive, Gerard foi o responsável pela construção da casa da própria Leane, de tijolos à vista.

“Gerard era considerado um excelente pedreiro e deve estar na memória de muitos. Amava o trabalho dele, ele aceitava tudo e não havia desafio que fosse grande o suficiente. Ele sempre desempenhou o papel dele na construção de uma forma exemplar, era muito rigoroso com a forma de fazer as coisas. Sempre ouvi muito sobre as soluções que ele trazia, ideias para que tudo ficasse da melhor forma. Trocar experiências com ele e com outros pedreiros mais antigos foi grande aprendizado, na minha profissão”, comenta a engenheira.

Ainda no currículo de Gerard Maas, estão trabalhos no Litoral de Santa Catarina, em cidades como Itajaí, Balneário Camboriú, assim como da construção da caldeira da empresa Kyly, das reformas da Igreja Luterana do Centro e de Testo Alto, a construção do prédio onde hoje é a Pousada Max, construção da casa onde reside o Padre da Igreja Católica e alguns galpões da Paróquia.

Gerard também foi tesoureiro da igreja de Testo Alto por 16 anos e por muitos anos do Cemitério também. Gerard trabalhou sempre na mesma empresa, ao longo de sua carreira, que no início era Construtora de Carlos Krueger e depois passou a ser Construtora Grützmacher e Knopf. Todos os dias, ele se deslocava ao trabalho de bicicleta, sempre usando um tamanco de madeira.

O encerramento de uma carreia exemplar foi em uma obra também no Hospital e Maternidade Rio do Testo, quando tinha 74 anos e sentiu que era a hora de parar.

“Não tenho nada do que me queixar, me sinto realizado com tudo o que fiz ao longo da minha vida enquanto pedreiro”, finaliza Gerard.

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