Um desfile de inclusão e aprendizados para a vida

Inclusão por meio da moda. A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, celebrada em agosto, revelou um projeto significativo realizado por uma turma do Senai de Pomerode, em parceria com a Apae.

Um desfile de moda, cujos modelos foram alunos da Apae, apresentou à comunidade um pouco do que é trabalhado com a turma de Aprendizagem Industrial de Desenho de Produto de Moda. E o resultado final foi muito além da avaliação técnica das peças, terminando em uma verdadeira lição de inclusão.

O projeto começou a tomar forma no mês de julho, quando a professora do curso, Aline Romig, buscou a Apae para uma parceria neste projeto.

“No curso de Aprendizagem Industrial de Desenho de Produto de Moda temos turmas anuais e, todos os anos, pensamos em projetos sociais para trabalhar os conceitos com os alunos. Neste ano, em janeiro, já surgiu a ideia de oferecer aos alunos do curso uma experiência com pessoas que possuem deficiência intelectual e múltipla, para desenvolver uma coleção especial para eles, incluindo-os na moda. O objetivo era não só incluir na questão da moda, cortar um pedaço e adaptar, mas sim que as pessoas se sentissem amadas e inclusas, felizes de vestir uma determinada peça”, conta Aline.

A coordenadora da Apae, Luciana Riemer da Cruz, afirma que a procura da instituição por parte da equipe do Senai veio no momento exato para que este desfile especial se tornasse realidade.

“O Senai nos procurou com esta proposta de trabalhar com os nossos alunos, bem no momento em que estávamos elaborando a programação da Semana Nacional. Então, oferecemos as roupas do brechó, nos colocamos à disposição para que nossos alunos servissem de modelos para a confecção das roupas, com a condição de fazer um desfile como parte da programação da Semana”, destaca relembra Luciana.

Segundo a professora do Senai, Aline, a turma conta com 13 alunos, que trabalharam durante cerca de dois meses conceitos técnicos como elaboração de casting, desenvolvimento de croqui, montagem de looks e desenvolvimento de coleção. Além disso, houve momentos de conversa com os alunos da Apae, para saber deles o que gostariam de vestir.

“A partir daí começou a criação destas roupas, provas e adaptações até o resultado final. E além das roupas desenvolvidas, foi maravilhoso termos apoio na cidade para a produção dos alunos, feita por profissionais da Rosander, agregando ainda mais à experiência proporcionada. Foi extremamente gratificante e prazeroso ver a alegria destas pessoas, trouxe um sentimento de preenchimento, que acredito que agregou muito mais valores à nossa vida”, comenta.

Foto: Isadora Brehmer / JP

Fabiana Schumacher é uma das alunas envolvidas no projeto. Ela falou um pouco sobre a experiência e enalteceu o aprendizado.

“Foi muito bom mostrar meus dons no projeto, fiquei muito feliz em poder demonstrar meus talentos. É tão gratificante ver o sorriso no rosto das pessoas da Apae. Acredito que nós aprendemos muito mais com eles, do que eles conosco. Poder ver a felicidade deles não tem preço, uma experiência incrível para os dois lados, um momento que jamais irei esquecer. Pudemos fazer amizade novas e adquirir grandes conhecimentos, tanto na moda, quanto no crescimento pessoal. Tenho somente que agradecer”, frisou.

A estudante complementou, ainda, que o melhor foi ver a felicidade no rosto de todos. “Foi muito gratificante ver o sorriso no rosto das pessoas, não tem preço, o coração se enche de alegria. Automaticamente me emocionei, vibrei por eles, ao ver a felicidade das pessoas, foram dias de lutas, mas hoje eu vejo que valeu muito a pena. Somente agradecer por estar vivendo isso”.

A coordenadora da Apae também agradeceu pela parceria e enalteceu o resultado final.

“Foi um sucesso, os alunos amaram e a comunidade prestigiou o evento. Todos ficamos encantados com o resultado. Como o tema da semana foi sobre incluir, e quando falamos em incluir falamos em levá-los para a sociedade, uma ação como esta, em que trazemos o Senai para cá e oferecemos a oportunidade de trabalhar com alunos com deficiência, proporcionamos a chance de os alunos vivenciarem esta outra realidade, o que é, portanto, uma forma de trabalhar a inclusão. E como são alunos novos, levarão estes aprendizados pela vida inteira”, declarou a coordenadora Luciana.

Foto: Isadora Brehmer / JP