Síndrome de Burnout: saiba mais sobre a doença fruto do esgotamento profissional
Psicóloga enumera os sintomas de que alguém possa estar sofrendo com a Síndrome e como ela se manifesta
Imagem ilustrativa. (Foto: Envato Elements)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Síndrome de Burnout como doença ocupacional em 2022. Atualmente, psicólogos e psiquiatras utilizam o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) e lá não consta esse diagnóstico.
“Isso acontece porque os sintomas do Burnout estão relacionados exclusivamente ao esgotamento profissional, isto é, não há impacto em outras áreas da vida”, explica a psicóloga Janaina Busarello, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Saúde Mental.
Por ser considerada pela OMS uma doença, a Síndrome de Burnout deve ser tratada com seriedade e a atenção aos sinais de que uma pessoa está sofrendo com ela exigem atenção. Segundo a especialista, a Síndrome de Burnout é definida por três características principais:
- Sentimentos de esgotamento de energia (fadiga ou perda de energia no contexto profissional);
- Distanciamento mental do trabalho e negativismo relacionados ao trabalho (capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, e pensamentos negativos em relação ao trabalho);
- Sensação de redução da eficiência profissional (pensamentos recorrentes de não ser um bom profissional).
“Os sintomas da Síndrome de Burnout são muito parecidos com de um transtorno depressivo, porém são únicos e exclusivamente relacionados ao meio profissional. Isto é, o trabalho é a causa do sofrimento emocional, como por exemplo: esgotamento, fadiga, tristeza, irritabilidade, desmotivação e desinteresse ao trabalho. Ter um transtorno depressivo elimina o diagnóstico de Síndrome de Burnout, pois não é possível ter os dois diagnósticos como comorbidade. Porém, é possível ter a Síndrome de Burnout e não ter depressão”, esclarece Janaina.
Por outro lado, a depressão é um transtorno de humor que tem como principal sintoma o humor deprimido (tristeza, vazio, sem esperança) na maior parte do dia ou quase todos os dias, e/ou a diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas atividades, que pode impactar outras áreas da vida, além do contexto profissional.
Já a Síndrome de Burnout não evolui para outros transtornos mentais, que não possuem uma causa única, sendo ela multifatorial, ou seja, depende de fatores genéticos, história de vida, ambiente, e fatores desencadeantes.
No Brasil, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) estima que cerca de 30% dos trabalhadores sofrem com a Síndrome de Burnout.
“A Síndrome de Burnout pode acometer qualquer trabalhador, porém é mais comum em profissões que envolvam altos níveis de estresse, ansiedade e cobrança. Como por exemplo, profissionais da área da saúde, bombeiros, policiais. Entretanto a profissão não é regra para diagnóstico. É importante realizar uma investigação clínica, principalmente para eliminar outros diagnósticos, como transtornos de ansiedade e transtornos depressivos”, reforça.
A psicóloga frisa que, independentemente de diagnóstico, se há sofrimento emocional com intensidade, frequência e prejuízos na área profissional, a recomendação é buscar um psicólogo.
“Diagnóstico envolve investigação da história de vida, sintomas, prejuízos e a individualidade de cada paciente. Nenhuma pesquisa ou lista de sintomas na internet substitui a avaliação de um profissional. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma das principais abordagens recomendadas para o tratamento da Síndrome de Burnout. Com a ajuda psicológica é possível trabalhar para a remissão dos sintomas, através de técnicas cognitivas para identificar padrões de pensamentos disfuncionais e crenças que geram comportamentos de cobrança excessiva ou baixa autoestima. Pode envolver outras ferramentas também, como técnicas de relaxamento”, destaca.
De acordo com a especialista, não há uma lista de ações recomendadas que podem evitar o desenvolvimento de um transtorno ou a Síndrome de Burnout, pois a causa é multifatorial.
“Porém, hábitos saudáveis como atividade física frequente, alimentação saudável, sono regulado, baixo consumo de bebida alcoólica, e não uso de drogas, são fatores que podem contribuir de forma positiva para a saúde mental. Se você se identificou com algum sintoma ou possui algum sofrimento emocional, não deixe de buscar a ajuda de um psicólogo”, finaliza.
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