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Produção do café como uma tradição de família

Morador de Pomerode cultiva café em sua propriedade para consumo próprio e revela quais as etapas e cuidados necessários para se ter a bebida a partir do grão

3 de agosto de 2024

Foto: Paola Koglin / JP

Você sabia que o café teve suas primeiras mudas cultivadas no Brasil no século XVIII, expandindo-se pelo território brasileiro nas décadas seguintes? Durante o século XIX e início do XX, o café foi o principal produto de exportação da economia brasileira.

Atualmente, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a área total usada para cultivo do café, estimada para 2024 no Brasil, é de 2,25 milhões de hectares, contando as espécies Coffea arábica (café arábica) e Coffea canephora (café robusta+conilon).

Em Pomerode, o café não é um dos produtos mais comumente cultivados, mas há quem não abra mão de produzir o seu próprio café.

Por uma tradição familiar e também pela maior qualidade do produto, Artur Augusto Koglin, aposentado e morador de Pomerode Fundos, dedica-se ao cultivo e produção do café consumido por sua família. Ele conta que a cultura fazia parte da produção agrícola de sua família desde sua infância.

“Desde que eu me entendo por gente, minha família produzia café. Meus pais plantavam e colhiam o café, que era o que consumíamos em casa. No começo, ainda criança, eu apenas observava, mas quando fiquei mais velho, minha mãe perguntou se eu gostaria de aprender como era o processo de colheita, da torra do café e os demais processos até estar pronto para fazer a bebida. Como cresci assim, em minha propriedade, continuei cultivando o café”, conta Koglin.

Desde então, o aposentado cultiva café em sua propriedade, tradição que vem sendo mantida entre 40 a 45 anos. Segundo o produtor, o café produzido em casa também é mais natural, não passa pelo processo de industrialização, sendo menos agressivo ao corpo.

“Já provei o café industrializado e, conhecendo o café natural como o nosso, percebemos a diferença ao longo dos anos. O nosso acaba sendo mais puro e também sabemos como é feito, o que é utilizado. Além disso, o sabor é melhor, na nossa concepção, e conseguimos economizar, sem precisar adquirir o produto no mercado”, destaca.

Na propriedade da família Koglin, o café cultivado é da espécie café arábica, um dos mais tradicionais no Brasil, sendo conhecido também como café comum. O processo de produção do café, do pé à xícara é bem simples, mas precisa de mais tempo para ser finalizado.

Foto: Joana Prochera / JP

 

Tudo começa com a colheita do café nos pés. O próximo processo é a separação dos grãos colhidos, que são deixados no sótão para a secagem, que leva de três a quatro meses. Logo depois, é necessário descascar o grão, que então será torrado. Quando o processo da torra do café está quase no fim, a família Koglin o mistura com melado, uma receita já usada antigamente, e que muda o sabor do café, deixando-o mais saboroso.

Terminada a torra do café, ele precisa ser moído. Esta etapa pode ser feita de duas formas diferentes, ou por meio de uma máquina específica, ou mesmo no liquidificador. “Algumas vezes fazemos desta segunda maneira, por ser mais prático e rápido”, explica o produtor.

Além do café, Koglin comenta que também cultiva outras variedades de legumes e verduras na propriedade, além de criar alguns animais, tudo para garantir o consumo da família.

“Comecei a cultivar minhas coisas por conta própria e a me interessar ainda mais pela natureza a partir dos 20 anos, pois assim teria certeza do seria colocado na mesa para a minha família. Hoje tenho mais tempo e me dedico mais a isso, portanto temos de tudo um pouco, para nosso consumo próprio”, destaca.

Foto: Joana Prochera / JP

 

O produtor comenta, ainda, um aspecto que também contribui para a qualidade do café e das outras variedades produzidas é o uso do adubo orgânico, sem uso de aditivos químicos, fazendo com que a terra tenha um bom rendimento.

“Também é muito importante ter conhecimento para plantar cada variedade no tempo certo, bem como torcer para o clima sempre ajudar e não haver nenhum fenômeno atípico, como muita chuva ou ventos fortes. Tudo isso influencia para termos uma boa colheita”, enaltece.

 

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