Peso da mochila escolar: como perceber se há excesso e se está prejudicando a postura do seu filho
Fisioterapeuta orienta sobre cuidados e atenção que os pais devem ter, em casa

Foto: Envato Elements
Com a volta às aulas das crianças e adolescentes em Pomerode e em Santa Catarina, surge uma preocupação relacionada à saúde e que precisa da atenção devida, por parte dos pais: o peso das mochilas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) para crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, a indicação é que o peso da mochila deve ser de, no máximo, 10% do peso corporal de quem vai usá-la. Por exemplo, se uma criança pesa 30kg, a sua mochila deve ter, no máximo, 3kg.
A fisioterapeuta e especialista em posturologia, Juliana Cesconetto, afirma que a questão do peso das mochilas precisa ser observada em casa, seguindo o que prescreve a OMS.

Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode
“Não há evidências científicas que provem que o peso da mochila possa causar alguma alteração postural, mas as crianças que já têm algum desvio, como escoliose ou cifose, por exemplo, podem apresentar um agravamento destes desvios. Ou seja, não se pode dizer que o peso da mochila é causador de alguma patologia, mas para as crianças que têm algum desvio, é mais fácil que estas curvaturas aumentem”, afirma.
Como perceber se meu filho tem algum desvio de postura?
Para que os pais percebam se seus filhos têm ou não um desvio de postura, principalmente na coluna, a Dra. Juliana recomenda que seja feita uma observação atenciosa em casa, preferencialmente em frente a um espelho.
“Deve-se olhar a criança de costas, observando se a escápula, osso lateral, que fica abaixo da clavícula, pode estar mais alta do que a outra; ou então se o quadril pode estar mais alto de um lado, e na cintura, às vezes é possível perceber que a curva é maior do que outra. Estes são os principais sinais que podem ser percebidos de que há um desvio de postura. Neste caso, a atenção ao peso da mochila deve ser maior”, afirma.
Importância de levar a mochila do jeito certo
Outro ponto que pode influenciar em um desvio de postura, além do peso, é a forma como a criança ou adolescente carrega a mochila. A forma correta e colocar as duas alças sobre os dois ombros, não levando o objeto apenas em um lado só.
“Em casos em que a criança ou adolescente carrega a mochila em um ombro só, pode haver alterações na maneira de caminhar, no equilíbrio. Nem sempre estas alterações podem ser posturais. Às vezes elas podem ser apenas posicionais, mas se já há algum desvio, como escoliose, isso pode se agravar, assim como em casos de peso excessivo”, afirma a especialista.
Peso superior a 10%, o que fazer?
Para as crianças, caso a mochila acabe ficando com peso superior ao recomendado, seguindo o cálculo da OMS, o indicado é que ela utilize uma mochila de rodinhas.
“Neste caso, é importante se atentar ao comprimento da alça que serve para puxar a mochila, que precisa ficar a uma altura adequada para a criança, para que ela não fique curvada ao puxar a mochila, causando um desnivelamento postural da mesma forma”, afirma a Dra. Juliana.
Prefira mochilas com alças e costas acolchoadas
Outro ponto importante, que pode evitar o agravamento de desvios posturais, é a atenção às alças da mochila. Segundo a fisioterapeuta, é interessante que seja uma mochila com alças acolchoadas, inclusive com o mesmo material nas costas.
“É uma questão de conforto para a criança ou adolescente, além de diminuir a pressão em um único ponto, já que as alças acolchoadas são mais largas e proporcionam uma distribuição de peso melhor. Isso, é claro, junto ao fato de a mochila ser carregada da forma correta, com as duas alças nos dois ombros, para que o peso seja bem distribuído”, enaltece.
O que pode sugerir que há um desvio de postura?
Na maioria dos casos, os problemas já existentes, agravados pelo peso excessivo ou por levar a mochila do jeito errado, podem aparecer a longo prazo e já estarem em estágio mais avançado.
“Mas é possível perceber que algo está errado, quando, nas primeiras semanas de uso, as crianças começam a se queixar de dor nas costas, sentirem desconforto depois, na hora de dormir. Mas a longo prazo, para quem já tem alguma alteração, pode se intensificar. É importante, também, que os pais observem os filhos em casa, sem a roupinha, ou de roupas íntimas, para que veja se a criança já tem alguma alteração postural, porque ali conseguimos perceber. A partir daí, a dica é que os pais procurem um profissional, para receberem as orientações corretas”, finaliza.