Osterwasser: a tradição da “Água Pascal”

No interior do Vale do Selke, onde o silêncio reina soberano, encontramos uma tradição de Páscoa que pouco se vê nas famílias pomerodenses, atualmente. Conversando com Elfrida Lohse, conhecida carinhosamente como Frau Lohse, ela nos contou um pouco mais sobre a tradição da Osterwasser, traduzida ao pé da letra, como “Água Pascal”.

A tradição é relacionada à religiosidade e quem a segue acredita que a água dos riachos e rios, neste dia, tem os poderes de cura, quase como a água benta. Na família Lohse, a tradição da Osterwasser é seguida todos os anos, no Domingo de Páscoa. Elfrida conta que, bem cedo, neste dia, antes mesmo do sol nascer, ela segue até o rio que passa atrás da propriedade da família para pegar água. “Eu vou sozinha mesmo, com uma lanterna, pois é a hora que todos ainda estão dormindo”, relata.

Ela pega no rio algumas garrafas de água e retorna à casa. Quando a família acorda, a Osterwasser é colocada em uma bacia e todos lavam o rosto com a Água Pascal, pois acredita-se que ela tem poderes curativos. Uma outra parte da água trazida pela Frau Lohse é colocada em uma garrafa e armazenada para o próximo ano. Caso algum membro da família tenha algum ferimento, principalmente nos olhos, a Osterwasser é utilizada para curá-la.

“Essa tradição eu aprendi com os meus avós, quando era pequena, e sempre seguíamos ela, algo que eu ensinei para o meu filho e para os meus netos. Também quando eu era pequena, nós também tomávamos essa água na Páscoa. Hoje em dia, os mais novos não conhecem mais essa tradição, e alguns que conhecem não fazem mais”, conta.

A família Lohse também segue a tradição da montagem da Osterbaum em sua casa, que fica toda decorada para o grande dia. Mas dona Elfrida reforça que é importante lembrar do verdadeiro significado da Páscoa. 

“A Páscoa é a ressurreição de Cristo, por isso, é muito importante ir ao culto na Páscoa ouvir a Palavra de Deus, que é mais importante que o resto. Eu penso que, como já temos o ovo gigante e a Osterbaum gigante, porque não termos a cruz em algum local também, para nos lembrarmos sempre do que é a Páscoa”, afirma.

A época também serve como uma forma de relembrar a infância e como eram as tradições de sua família quando era criança.

“Lembro de meus pais e avós pintando os animais, para depois dizer que foi o coelho que passou pela propriedade e fez isso. Também me recordo de ir procurar os ovos de Páscoa de manhã, algo que meus netos também faziam, quando eram pequenos. Um momento muito especial, para mim, foi quando meu filho e minha nora esconderam ovos de Páscoa e deixaram que eu e meu marido procurássemos, foi muito divertido, porque me senti criança novamente”, relata Frau Lohse.