Saúde

O que é o retinoblastoma e como identificar este tipo de câncer

Doença ganhou visibilidade após o diagnóstico da filha de Tiago Leifert e Diana Garbin

12 de fevereiro de 2022

Foto: Envato Elements

A necessidade de atenção dos pais a qualquer anormalidade nos olhos dos bebês foi reforçada a partir da notícia de que a filha de Tiago Leifert e Diana Garbin, Lua Garbin Leifert, tem um tumor raro nos olhos, chamado de retinoblastoma.

A informação foi divulgada pelo casal por meio de um vídeo nas redes sociais, no qual os pais da menina, de apenas um ano e três meses, alertaram sobre a dificuldade de perceber a existência da doença e da importância da atenção aos pequenos sinais, levantando a pauta da existência e do diagnóstico de retinoblastoma.

O oftalmologista Maurício Munareto explica que o retinoblastoma é um tumor maligno raro originário das células da retina – parte do olho responsável pela visão – afetando um ou ambos os olhos. É o tumor primário mais comum no olho de crianças e tende a ocorrer no início da infância ou em lactentes e pode estar presente ao nascimento.

E para que os pais identifiquem os sinais de um possível caso de retinoblastoma e consigam um diagnóstico precoce, é importante estar atento a qualquer anormalidade, como alertaram Tiago e Diana.

“O principal sintoma, presente em 90% dos casos diagnosticados, é a leucocoria, um reflexo branco na pupila, conhecido como ‘sinal do olho de gato’. Essa mancha esbranquiçada indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz. Sem a passagem de luz, as vias óticas para o centro da visão, no cérebro, não se desenvolvem e atrofiam. Esse reflexo branco, muitas vezes, só é notado sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotos, quando o flash bate sobre os olhos. Em olhos saudáveis, esse reflexo é sempre vermelho. Outros sintomas que podem aparecer são estrabismo, vermelhidão, deformação do globo ocular, baixa visão, conjuntivite, inflamações, dor ocular”, enumerou o oftalmologista.

 

Ainda segundo Munareto, apesar de o principal sintoma ser a leucocoria, o seu aparecimento significa que a doença já está em estágio avançado e as chances de salvar o olho da criança serão menores.

“Antes disso, a criança já pode apresentar como sintoma sensibilidade à luz (fotofobia) ou um desvio ocular, por exemplo, estrabismo. Por isso, é extremamente importante que, ao perceberem qualquer anormalidade nos olhos do filho, os pais procurem um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança acometida pela doença”, destaca.

Assim como em outros casos de tumor ou câncer, o diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso de tratamento. Este diagnóstico pode ser feito pelo neonatologista ainda na maternidade, ou nos exames de rotina pelo oftalmologista nos primeiros anos de vida da criança, utilizando o Teste do Reflexo Vermelho. O levantamento do histórico familiar, o exame de fundo do olho e o ultrassom fornecem elementos importantes para confirmar o diagnóstico.

“O teste do olhinho deve ser realizado logo após o nascimento do bebê e periodicamente até os cinco anos, faixa etária mais atingida pela doença. O teste é simples e pode detectar qualquer alteração visual, levantando a suspeita da existência de um tumor, que pode ser confirmado pelo exame de fundo de olho. Além do retinoblastoma, o exame pode detectar outras doenças, como catarata e glaucoma congênito, cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo adequado”, orienta o especialista.

Munareto enaltece, ainda, que o retinblastoma é uma doença curável, na maioria dos casos. A quimioterapia, a radioterapia e o tratamento oftalmológico e a laser têm mostrado bons resultados. Em alguns casos, infelizmente, é preciso recorrer à enucleação, isto é, à retirada cirúrgica do globo ocular.

Outras recomendações, segundo o oftalmologista, são:

– procurar saber se seu filho passou por uma avaliação oftalmológica que inclui o Teste do Olho Vermelho na maternidade. Se não passou, procurar um oftalmologista para realizá-la, quando ele é ainda um bebê;
– levar novamente a criança ao oftalmologista para uma reavaliação, antes dos três anos, ou quando notar alterações como olhos vermelhos, reflexos brancos na pupila, sinais de estrabismo, por exemplo;
– verificar se há outros casos de retinoblastoma na família. Se houver, vale a pena consultar um especialista em doenças genéticas hereditárias sobre a possibilidade de o retinoblastoma afetar outros membros da família.

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