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O mundo visto de uma forma diferente

Pomerodense que convive com o Daltonismo relata diferenças lidando com a doença

17 de abril de 2022

Foto: Arquivo pessoal

Você, leitor, já imaginou como seria a sua realidade se não pudesse diferenciar as milhares de cores que compõe a nossa vida?

Isto é o que enfrenta o pomerodense Marco A. Lieskow, de 56 anos, que atua como corretor de imóveis e possui uma deficiência ocular, chamada de Daltonismo. Ele relata que, desde criança, notou que não enxergava algumas cores da mesma forma que outras pessoas.

“Era normal pintar uma vaca de verde e o pasto de marrom, já outras cores não tão comuns na época como roxo e tonalidades de azul identificava bem, mas a certeza foi na época do alistamento militar na Base Área, onde um dos exames foi com o teste de cores de Ishihara e que logo mostrou a deficiência em tonalidades de verde e marrom”, relata Lieskow.

O corretor de imóveis relembra que, por muito tempo, não deu muita importância ao fato de ver as cores de forma diferente, mas que sempre houve a curiosidade em saber das cores que os outros enxergavam. “As maiores dificuldades são na combinação de cores no vestuário e minha esposa, às vezes, precisa chamar minha atenção”, enumera.

Porém, existe um acessório que pode auxiliar os portadores de Daltonismo a enxergarem algo mais próximo da realidade. Por meio da internet e das redes sociais, Lieskow conheceu um óculos especial, destinado a corrigir as diferenças de cores provocadas pelo Daltonismo. E, neste ano, decidiu adquirir a peça.

“Eu imaginava que iria começar a ver só as diferenças entre verde e marrom, mas não, as outras cores tem um vivo diferente também, o azul é mais azul, o amarelo é mais intenso e assim por diante. O modelo de óculos que adquiri é junto com o Solar para área externa, também existe o modelo para dentro de casa, mas esse é para a próxima oportunidade”, destaca.

O oftalmologista Maurício Munareto explica que o Daltonismo é um tipo de deficiência visual em que a pessoa com a doença não consegue reconhecer e diferenciar determinadas cores. Ele também é chamado de discromatopsia ou discromopsia. Quem tem esse distúrbio possui dificuldade para reconhecer determinadas tonalidades como verde, azul e vermelha.

O daltonismo tem origem genética, mas pode ser também consequências de lesão nos órgãos responsáveis pela visão ou de lesão de origem neurológica. O problema está geneticamente ligado ao cromossomo X e, por isso a doença é detectada com mais frequência entre os homens.

Quem é portador do gene anômalo não consegue distinguir as cores primárias, porque há um problema com os pigmentos de algumas cores nos cones, que são células nervosas do olho, e estão localizados na retina.

“Infelizmente o daltonismo não tem cura e pode interferir em atividades do dia a dia. No entanto, pode ser feito um tratamento para que suas consequências sejam minimizadas. Existem lentes de contato e óculos especiais que auxiliam as pessoas com daltonismo a distinguir cores muito semelhantes. É importante buscar um oftalmologista para que o diagnóstico seja realizado com precisão e exames sejam feitos para identificar a doença”, destaca o especialista.

De acordo com Munareto, existem três exames que permitem não só fazer o diagnóstico do daltonismo, como determinar o grau de comprometimento na percepção das cores: o anomaloscópio de Nagelan, as lãs de Holmgren e o teste de cores de Ishihara. Este último utiliza cartões com grande número de pontos coloridos, que têm no centro uma letra ou um número só identificado pelas pessoas com visão normal. Para as crianças não alfabetizadas, foram criados cartões que têm, no centro, desenhos ou figuras geométricas fáceis de serem reconhecidos.

“Uma dúvida muito comum com relação à doença é se ela pode ser curada. Como falamos acima, o daltonismo não tem cura e as pessoas precisam conviver com o diagnóstico. De uma maneira geral, elas conseguem se adaptar de uma forma muito tranquila. O uso de lentes, óculos especiais ou diminuir a luminosidade dos ambientes são maneiras do daltônico a distinguir melhor as cores. Mas existem algumas limitações. Pessoas com daltonismo não são aptas a seguirem algumas profissões como pilotos de aeronaves, atiradores, motoristas profissionais ou qualquer uma que exija uma visão perfeita”, ressalta.

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