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O “maior Harleyro do mundo” mora em Pomerode

Dauzelei Benetton, conhecido por este título, escolheu Pomerode para residir e conta como surgiu o apelido pelo qual é conhecido

18 de agosto de 2024

Foto: Isadora Brehmer / JP

“O maior Harleyro do mundo”. Este é o título popularmente dado a Dauzelei Benetton, ou simplesmente Benetton, morador de Pomerode, pela sua paixão por motos da marca Harley Davidson.

Sua relação com os veículos sobre duas rodas, no entanto, começou há cerca de 60 anos, quando trocou uma bicicleta por um veículo que chamavam de motor. “Quando era pequeno, havia pessoas que tinham lambretas e eu achava interessante. Nos meus 12 anos de idade, ganhei uma bicicleta no Natal e, dois meses depois, eu troquei esta bicicleta por um veículo chamado motor, pois naquela época ninguém chamava de moto ou motocicleta”, relembra.

Benetton conta que consertava seu motor ao longo da semana inteira, e então andava com ele por cerca de 10 minutos, no máximo, pois o motor do veículo fundia. Ainda criança, o aposentado deixava seu veículo guardado na casa de um amigo, até o dia em que seu pai o viu andando com o motor e depois o questionou se era mesmo Benetton.

“Minha mãe me contou que meu pai queria destruir o meu motor, mas esperei alguns dias, na esperança que ele se acostumasse com a ideia de me ver andando com ele, até que meu pai me intimou a levar o veículo para casa. Quando o fiz, ele começou a olhar, sério, mas ainda mais ameno do que na primeira vez. Depois levei-o embora de novo e fiquei com o motor, até que ele me viu de novo andando com o veículo, e acabou aceitando o fato. Isso faz 60 anos e, desde então, não houve um dia em que eu ficasse sem motor e depois sem uma moto”, afirma Benetton.

Tendo sua motocicleta, em especial modelos da montadora Harley Davidson, Benetton conseguiu realizar muitas viagens e conhecer muitos lugares, inclusive percorrendo locais em diferentes continentes, como América do Sul, do Norte e Europa, por exemplo.

“Fiz muitos amigos durante as minhas viagens de moto e eu desconheço outra coisa que proporcione tantas amizades verdadeiras, além de ser uma terapia ótima dar uma volta de motocicleta. Isso tem sido a minha vida nos últimos anos, se me tirar a motocicleta é a mesma coisa que tirar meu oxigênio”, enaltece.

Sua paixão pelas motos Harley Davidson, retratada nas redes sociais e vídeos no YouTube, passou a ser conhecida no Brasil e no exterior, inclusive chamando a atenção da própria montadora, que o convidou para entrevistas em diversas oportunidades.

Foi em uma destas entrevistas junto de representantes da marca, que surgiu o apelido de “maior Harleyro do mundo”, criado por outros admiradores da montadora e que foi sendo popularizado entre os amantes do universo do motociclismo.

Benetton e Willie G. Davidson, ex-vice presidente sênior da Harley Davidson. (Foto: Arquivo pessoal)

 

“A Harley Davidson já entrou em contato comigo algumas vezes, convidando para dar entrevistas com eles, o que acho muito importante para a divulgação do esporte sadio do motociclismo. Uma vez, dois representantes da marca me convidaram para uma entrevista grande, de cerca de 15 minutos, para cerca de 20 a 30 jornalistas, de vários países. Aceitei o convite e fui para a entrevista, na qual um dos jornalistas perguntou sobre o vazamento de óleo da Harley Davidson, que acontecia com as motos da marca. Eu estava acompanhado de um tradutor, que me passava o que era dito nas perguntas. Para responder aquele jornalista, eu disse que desconheço sobre isso. Percebi, então, que todos se entreolharam, questionando-se como era possível um ‘Harleyro’ não saber sobre o vazamento. O jornalista continuou insistindo e a minha resposta era a mesma, até que ele começou a levantar, ficar na ponta do pé, insistindo, enquanto eu pensava em algo para responder. Na quinta vez que ele perguntou, colocaram um litro de óleo em baixo de uma das motos, e apontaram, que isso seria vazamento de óleo. Mas eu respondi: para mim, isso nunca foi e nunca será vazamento de óleo. Quando você ver uma mancha como esta em algum lugar, saberá que passou uma Harley Davidson, porque ela não vaza óleo, ela marca território. Naquele dia me ergueram nos braços e passei a escutar depois que era o ‘maior Harleyro do mundo’ e foi algo que pegou. Inclusive falaram que havia resolvido o problema do presidente da Harley Davidson e é algo que me dá muita honra, porque a marca é um dos orgulhos dos americanos. Mesmo assim, eu sempre digo que não sou o maior do mundo, mas sim um dos milhares de ‘Harleyros’ do mundo”, conta.

Benetton afirma que, embora tenha tido várias motocicletas de diferentes marcas, a paixão pelos modelos Harley Davidson sempre foi maior, pela força, resistência e, claro, pelo ronco do motor, tão característico e conhecido das motos fabricadas pela montadora. “É uma grande paixão e não tenho como sair dela”, garante.

 

Trajetória de sucesso na engenharia e a vinda para Pomerode

Benetton é natural de Criciúma, no Sul do Estado, mas com 16 anos foi emancipado e se mudou para Porto Alegre para terminar os estudos básicos. Depois, ele foi para a cidade de São Leopoldo, onde havia sido criado o curso de Geologia, escolhido por Benetton por ser de uma área relacionada às suas origens.

Depois de formado, Benetton foi para Florianópolis, capital catarinense, e passou a trabalhar na Casan, no setor de hidrogeologia. Foram quase 40 anos atuando na profissão até a aposentadoria. E foi neste período que Benetton também se engajou no trabalho realizado pela Associação Catarinense de Engenheiros, participando de várias ações em prol da melhoria da qualidade de vida e infraestrutura da cidade e do estado.

Foto: Arquivo pessoal

 

“Também me orgulho muito das lutas das quais participei, como por exemplo pela duplicação da BR-101, pela construção do Túnel Antonieta de Barros, cuja inauguração foi muito emocionante para mim, já que passei de moto com um grupo pela primeira vez, na abertura oficial dele. Tive dois mandatos como presidente da Associação e fui um dos homenageados na celebração dos 90 anos dela”, comenta Benetton.

Durante o período em que residiu em Florianópolis, Benetton afirma que o trânsito sempre foi um motivo de dor de cabeça e, por este motivo, começou a considerar a possibilidade de morar em outro lugar.

“Conheci minha namorada pela primeira vez em Florianópolis, mas ela precisou retornar à sua cidade natal, no Rio Grande do Sul. Depois, ela recebeu uma proposta para trabalhar em Pomerode e veio para cá. Nos reencontramos novamente, começamos a namorar, e depois de um tempo decidi vir morar aqui, também”, afirma.

Além de escolher a Cidade Mais Alemã do Brasil como moradia, o “maior Harleyro do mundo”, como é conhecido, planeja tornar a sua história de vida uma iniciativa aberta ao público, em Pomerode.

“Futuramente, minha ideia é ter um espaço com um museu, contando minha história, já que tenho muitas fotografias e lembranças de histórias que vivi e lugares que eu visitei. A ideia é que o local também seja um ponto de encontro para os motociclistas, a fim de criarmos novas histórias e fazermos novas amizades”, finaliza.

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