Nove anos depois, um sonho realizado
Casal de Pomerode conta como foi a experiência e o desafio de reconstruir um jeep “do zero”.

Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode
Mais de 3 mil dias envolvido na reconstrução de um Jeep. Esse número equivale, também, a nove anos de um processo árduo e sonhador que o casal Ricardo Hedel e Sendy Talita Harmel enfrentou para reconstruir, praticamente “do zero”, o veículo 4×4 adquirido no ano de 2008.
Naquele ano, Ricardo acabou sofrendo um capotamento durante uma corrida de “gaiolas”. Após um pedido de seu pai, que achava perigosas as “aventuras” nas pistas, o pomerodense resolveu aposentar o carro que utilizava nas corridas e decidiu vendê-lo.
Foi aí, então, que apareceu a proposta para fazer a troca da “gaiola” em um Jeep ano 1965. Na época, não tinha dinheiro para pagar a diferença do valor do acerto para a troca dos veículos, porém, seu pai, que fazia questão que o filho vendesse o outro carro usado nas corridas, bancou e ajudou a concretizar o negócio.
Com o tempo, o Jeep adquirido passou a dar vários problemas e dores de cabeça ao casal. Foi aí, então, que Ricardo e Sendy, resolveram desmontar tudo e começar um projeto do zero, montando o próprio Jeep.
Com grande entusiasmo, Ricardo começou a procurar por peças e componentes de qualidade para sua criação. E, quando não encontrava ferramentas no mercado, fazia, com as próprias mão, para que a montagem pudesse ser feita, de maneira correta. Cada processo feito era motivo de alegria, pois representava um passo adiante em direção à realização de seu projeto.
Os dias se transformaram em semanas, semanas em meses e, eventualmente, em anos. Ricardo mergulhou de cabeça na construção de seu Jeep, investindo horas incontáveis de trabalho duro e dedicação, sempre com o apoio da esposa. Foram vários fins de semana e feriados que foram trocados pelo trabalho dentro da oficina, espaço este que foi disponibilizado pelo seu amigo Boba, da Oficina Testo Central.

Processo de montagem do Jeep. (Foto: Arquivo pessoal)
“Foi um período que deixamos de fazer as nossas coisas para que pudéssemos realizar este sonho. A Sendy sempre foi parceira, pois deixámos nossos programas de fim de semana e feriados para que eu pudesse me dedicar à construção do Jeep. Não me arrependo de ‘perder esse tempo’, pois era algo que almejávamos”, conta Ricardo.
Finalmente, após cerca de nove anos de trabalho árduo, o grande dia chegou. Ricardo colocou a chave na ignição, girou-a com expectativa e ouviu o ronco do motor pela primeira vez. Seu coração se encheu de emoção ao perceber que havia construído seu próprio Jeep, um veículo único, feito com suas próprias mãos e carregado de significado.
De primeiro momento, era um motor de Opala, quatro cilindros. E, em 2021, resolveu dar uma cara nova ao veículo, trocando e motor, vindo mais um desafio pela frente. Foi aí, então, que foi instalado um motor de Vectra, 2.0, deixando o Jeep com cerca de 150 cavalos de potência.

Processo de montagem do Jeep. (Foto: Arquivo pessoal)
“Não foi fácil trocar o motor. Tivemos que fazer várias adaptações para que pudesse funcionar. O motor do Opala era bom, porém, dava alguns defeitos, já que também era um pouco antigo. Então, encontramos esse motor de Vectra e resolvemos instalar no Jeep. Foi uma surpresa muito boa, pois foi ali que finalizamos de vez o nosso projeto”, conta.
Agora, com o Jeep pronto e funcionando perfeitamente, o que fica é o orgulho de ver o trabalho transformado em realidade. Além disso, Ricardo comenta que é uma sensação indescritível ver o pai emocionado com a construção do veículo.
“É um sonho realizado. É uma conquista minha e da Sendy. E, poder ver meu pai emocionado, é algo que não tenho palavras para descrever. Quando comentei com ele, que o nosso Jeep seria pauta de uma matéria do Jornal de Pomerode, ele quase foi às lágrimas, de tanta emoção e orgulho que sentiu, deste processo que durou nove anos. E, logo pretendemos no casar, dos 16 anos juntos, mais da metade teve envolvimento com a reconstrução do Jeep. Vamos nos casar e o “Jipão” , com certeza, estará lá”, ressalta.

Casal comemorou a realização do sonho. (Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)
Ricardo também aproveitou para deixar a uma mensagem de agradecimento.
“Se você tiver um sonho…lute, lute, lute! Arranque forças de onde você não tiver. Talvez digam para você, no meio do caminho, que você não é capaz. Mas levante a cabeça e siga em frente, jamais desista, pois um dia você vai poder estufar o seu peito e dizer que tudo isso foi resultado de muita luta. Fica ao agradecimento especial aos meus pais Ingo e Edeltraud Hedel, Oficina Testo Central, Moacir Pein, Mario e Eduardo Reiter, Fabio Koegler, Daniel Possamai e tantos outros que de alguma forma me ajudaram”, finaliza o pomerodense.