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Nordestinos de nascença, pomerodenses de coração

Família que deixou Neópolis para morar em Pomerode fala sobre as experiências na Cidade Mais Alemã do Brasil

17 de setembro de 2023

Parte da família contou sobre a experiência em Pomerode. (Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode)

Buscar a construção de uma nova vida, em um local completamente diferente do qual está acostumado. Este foi o desafio de uma família especial e numerosa de Pomerode, que deixou o seu Nordeste e a cidade de Neópolis (SE) em busca de uma nova vida, com mais oportunidades e qualidades, na Cidade Mais Alemã do Brasil.

José Amilton Vieira da Silva, Evânia Vieira da Silva, Maria José Vieira da Silva, Alex Silva Santos, Eline Silva Santos, Gêsivan Silva Santos, João Pedro Bastos Vieira, João Victor Bastos Vieira, Bruna Layane da Silva Pereira, Ana Beatriz da Silva Oliveira, Ryan Eduardo Santos Souza, Ruan Gabriel Santos Souza, Ana Liz Bastos da Silva, Antônio Marcos Mathias de Oliveira, José Givelton de Souza, Jamylle Batista Silva, Ires Lima e Genivaldo dos Santos têm as raízes nordestinas, mas a alma já é pomerodense.

No ano de 2011, os primeiros integrantes da família chegaram a Pomerode. Alex, Evânia e Gêsivan foram os primeiros a vierem para Pomerode. Depois, vieram Maria, José Amilton, seguidos de demais membros.

“Logo que os primeiros integrantes da nossa família chegaram aqui, já buscaram emprego e alugaram uma casa. Aos poucos, mais pessoas foram vindo, e durante um mês chegamos a morar em 11 pessoas na casa. Assim cada um ia conseguindo um emprego, começava a trabalhar e logo fomos morar em casas separadas. No entanto, nunca deixamos de nos reunir”, conta José Amilton, professor e fundador da Quadrilha Junina Carcará do Sertão.

Evânia, que foi uma das primeiras integrantes a chegar em Pomerode, afirma que se apaixonou pela cidade à primeira vista. “Eu me encantei pela cidade assim que cheguei, mas nos primeiros dias, é claro, começou a bater a saudade. Nos concentramos em encontrar um emprego e, com o passar do tempo, fomos nos adaptando”, afirma.

José Amilton completa falando sobre a importância de ninguém vir para cá sozinho, sempre havia alguém esperando ou fazendo companhia, o que ajudou a diminuir o impacto da mudança e um pouco da saudade que todos sentiam. Hoje, são cerca de 20 a 25 pessoas da mesma família que vieram para Pomerode e escolheram a cidade como lar.

“O principal motivo, para todos nós, foi a busca por mais oportunidades, e como vários tinham filhos pequenos, sabíamos que Pomerode oferecia uma qualidade de vida melhor, com mais chances de empregos, e por isso escolhemos vir para cá. Todos almejam o melhor para si e para seus filhos, então decidimos que talvez fosse melhor virmos para Pomerode e hoje sabemos que viemos para ficar”, destaca.

 

As primeiras oportunidades

Conforme explicado de maneira unânime pelos integrantes da família, o principal objetivo com a mudança para Pomerode foi a possibilidade de haver mais oportunidades, mas nem por isso foi simples e fácil encontrar um trabalho na área em que eram formados ou que tinham experiência de atuação.

“Para mim foi um desafio encontrar um emprego na minha área, que é a educação, mas nunca recusei trabalho. O que aparecia, eu abraçava e me dedicava, sempre tentando galgar um degrau acima. Sempre estive focado em crescer aos poucos e hoje estou trabalhando com educação, algo que eu queria”, conta Amilton.

Quem também tinha experiência com educação, mas experimentou outra área de trabalho, aqui, é Maria. “Eu sou professora, mas quando vim para cá não queria mais trabalhar nesta área, queria ter uma experiência em uma fábrica. Trabalhei por sete meses na Fakini, mas me dei conta que minha vocação era a educação e estou trabalhando hoje no CEIM Ruth Koch”, comenta.

As maiores saudades

Quando perguntados sobre as coisas que mais sentem falta, pensando em sua terra natal, uma resposta é comum a todos: o restante da família, uma vez que algumas pessoas permanecem no Nordeste.

Mas algumas outras coisas únicas da região de origem também são citadas. “Eu sinto falta do Rio São Francisco, pois nossa cidade é ribeirinha e morávamos muito próximos do rio, inclusive costumávamos tomar banho e nos divertir”, cita Amilton.

“Também sentimos um pouco de falta da comida, mas não é tanto pois conseguimos fazer algumas receitas típicas aqui, pois encontramos os ingredientes nos mercados. E, claro, nos acostumamos com as comidas daqui”, acrescenta Evânia.

E quanto à saudade da família que permanece lá, ela é amenizada com o contato diário por meio de mensagens ou ligações, e todos os anos, nos últimos meses, é feita uma viagem para o Nordeste.

O que mais os encanta, em Pomerode

Todos os integrantes da família que escolheram Pomerode como lar garantem que fariam exatamente a mesma coisa, caso fosse necessário. E isso se deve muito ao fato de que todos se encantaram por Pomerode, logo que chegaram. “A cidade como um todo nos encanta, nos chamou a atenção desde o início”, frisa Evânia.

“Também me chama muito a atenção a tranquilidade e a segurança de Pomerode, porque víamos muito mais violência em nossa cidade e na nossa região, no Nordeste, então aqui é a segurança é algo que nos chama muito a atenção”, pondera Amilton.

“Pomerode também é uma cidade muito limpa e hoje já mudou muito a forma como somos vistos, em comparação a 2011, quando chegamos”, acrescenta Alex, um dos primeiros a chegar na cidade.

Infelizmente, a questão de certo preconceito com relação a quem escolhe Pomerode para viver, sendo de outros estados, existe e foi citada.

Maria afirma que, quando chegou, há nove anos, precisou lidar com preconceitos, assim como Alex, principalmente em situações nas quais as pessoas percebiam que estavam perto e começavam a falar em alemão.

Outra coisa eram os comentários e perguntas constantes acerca do seu sotaque, mas todos garantem que os preconceitos eram superados com garra e determinação na hora de garantir o seu lugar na sociedade de Pomerode.

“E mesmo que existam as pessoas que tenham preconceito, as pessoas boas e acolhedoras superam completamente as outras. Temos que agradecer especialmente à Chica, que alugou uma casa para nós e nos abraçou, nos ajudando com roupas no inverno, e com tudo o que precisávamos”, cita Amilton.

Por fim, quando perguntados sobre o sentimento em Pomerode, se era de realização após tudo o que já viveram, as opiniões se dividiram, mas o sorriso no rosto ao falar da cidade se manteve para todos.

“Eu me sinto realizada, pois o intuito era buscar melhores oportunidades, e mesmo que não fosse na minha área, aceitava qualquer trabalho e assim ia crescendo, pouco a pouco”, pondera Eline.

“Mas é claro que ainda existem propósitos e sonhos a serem realizados, pensando em prosperar a cada dia. Queremos agradecer às pessoas que nos acolheram, pois fizemos muitas amizades e houve muita gente que nos estendeu a mão. Os percalços existem, e anos atrás não era como é hoje, mas muito já mudou e evoluiu. Hoje, penso que não vou mais embora daqui”, finaliza Evânia.

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