Na delicadeza das orquídeas, a força de uma mulher na liderança
Magrit Mandel, presidente do Círculo de Orquidófilos de Pomerode, fala sobre a paixão pelas orquídeas e os desafios à frente da instituição

Foto: Isadora Brehmer / JP
Pomerode, conhecida por suas tradições e pela forte presença da cultura alemã, tem uma peculiaridade que a distingue no universo da orquidofilia: ao contrário de outras regiões, onde a maioria dos cultivadores de orquídeas são homens, em Pomerode são as mulheres que dominam essa paixão. Entre elas, destaca-se Magrit Mandel, presidente do Círculo de Orquidófilos da cidade desde 2021.
Magrit entrou para a associação em 2009 e, já no ano seguinte, passou a integrar a diretoria. Desde então, tem se dedicado incansavelmente à manutenção e crescimento do grupo. “Para mim, tudo foi uma surpresa. Era um ramo de atividade que eu não conhecia, especialmente na área técnica, do conhecimento sobre plantas e seu cultivo”, relembra.
Apesar de a parte técnica ser um desafio inicial, sua história com as orquídeas vem desde a infância. “A primeira orquídea que ganhei foi de uma tia, quando eu tinha apenas oito anos. Desde então, sempre cuidei delas com muito zelo”, conta. Essa relação afetiva se tornou um dos pilares de seu trabalho à frente da entidade.
Ao assumir a presidência do Círculo de Orquidófilos, Magrit enfrentou desafios significativos. Manter o grupo unido e ativo é uma de suas principais preocupações. “Temos 35 sócios, mas 57% deles são idosos e os mais jovens tem suas atividades profissionais. Isso torna a mão de obra para organização de eventos um grande desafio. Mas o grupo que se mantém na ativa, é muito unido e dá conta do recado”, explica.
Magrit também comenta que Pomerode é uma cidade na qual muitas pessoas gostam de orquídeas e as cultivam, grande parte delas encara o cultivo destas plantas como uma terapia.
“Muitas pessoas amam e cultivam orquídeas, suculentas e plantas ornamentais. A orquídea e a orquidofilia são uma forma de terapia. Várias pessoas começam quando se aposentam, como uma ocupação e, em alguns casos, as viúvas e os viúvos encaram o Círculo também como um grupo onde são acolhidos. Por isso, nos dedicamos tanto a manter o grupo ativo, promovendo exposições que encantem o público e representando bem a cidade em outros municípios”, declara.
As exposições de orquídeas são eventos fundamentais para a associação, e a participação em diferentes cidades do estado exige grande organização e esforço. “Levamos plantas para Timbó, Jaraguá do Sul, Brusque, São João Batista, Blumenau, Tijucas, Porto Belo, São Bento do Sul, Joinville e outras cidades que nos convidam. No entanto, algumas regiões mais distantes ficam inviáveis por conta do alto custo do transporte”, relata.

Foto: Isadora Brehmer / JP
Além dos desafios logísticos, Magrit ressalta a necessidade de apoio institucional para manter a associação em funcionamento. “Nosso maior desafio é conseguir apoio e parcerias. A Prefeitura nos cede o Pavilhão para eventos, mas ainda precisamos de suporte financeiro para manutenção da nossa sede e para o transporte das plantas”, destaca.
Uma das iniciativas que Magrit lidera com entusiasmo é o projeto educacional na Escola Duque de Caxias, onde, semanalmente, ensina crianças sobre o cultivo de orquídeas e sua preservação. “Faço isso de forma voluntária juntamente com associados, representado o Círculo. Moro em Blumenau e me dedico a esse trabalho com muito amor, pois acredito que é fundamental transmitir conhecimento e conscientizar as novas gerações”, enfatiza.
A sede social da associação, localizada na Escola Pereira Oliveira, é fruto de um contrato de comodato de 20 anos. No entanto, manter o espaço também exige recursos. “Quando ganhamos a escola, há dez anos, todos nós éramos mais novos e conseguíamos dar conta da manutenção. Hoje, a realidade é diferente e precisamos de parcerias para manter tudo funcionando”, lamenta.
Apesar dos desafios, Magrit se sente realizada em sua função. “Eu amo o que faço. Trabalhar com pessoas é minha paixão. Sou aposentada e eu preciso ocupar minha mente com algo produtivo. E nada melhor do que compartilhar conhecimento”, afirma.
A gestão de Magrit à frente do Círculo tem sido marcada pelo comprometimento e pelo desejo de deixar um legado. “Por onde passo, gosto de deixar um legado. Para mim, o mais importante é ver que aquilo que ensinei serviu para que outras pessoas crescessem e se desenvolvessem”, diz.
Com uma trajetória inspiradora, Magrit segue firme no desafio de manter viva a paixão pelas orquídeas em Pomerode. Seu trabalho não só fortalece a associação, como também cria um impacto positivo na comunidade. “Não preciso de muito para ser feliz. O que me faz feliz é saber que estou fazendo a diferença. Agradeço esta oportunidade de apresentar a nossa associação de orquidofilia e convidar a comunidade para visitarem a 28ª Exposição de Orquídeas, que se realizará de 11 a 13 de abril, no Pavilhão Municipal de Eventos onde teremos uma bela exposição e grande feira de variedades”, finaliza.