Saúde

Ministério lança campanha de combate à Hanseníase

Desde 1954, se comemora em todo o mundo o 'Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase' no último domingo do mês de janeiro e como parte das ações que marcam esta data, o Ministério da Saúde lançou uma campanha educativa dirigida à população e aos profissionais de saúde. Com slogan…

1 de junho de 2015

Desde 1954, se comemora em todo o mundo o 'Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase' no último domingo do mês de janeiro e como parte das ações que marcam esta data, o Ministério da Saúde lançou uma campanha educativa dirigida à população e aos profissionais de saúde. Com slogan 'Hanseníase tem cura', a campanha orienta-os a identificar os sinais e sintomas da doença, visando o diagnóstico precoce. O secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que a campanha é de fundamental importância para conscientizar à população sobre a existência da doença e também sobre a disponibilidade do tratamento ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil ocupa o 2º lugar no mundo em detecção de casos de Hanseníase. Em Santa Catarina, apesar de apresentar uma das menores taxas de diagnóstico de casos novos por ano, a doença continua a ser um grave problema de saúde pública, pois a percentagem de casos com algum grau de incapacidade física ou deformações é considerada alta. A hanseníase, conhecida oficialmente por este nome desde 1976, é uma das doenças mais antigas na história da medicina. É causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae: um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. Não é, portanto, hereditária.
Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas.
Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões, como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões.
Esta doença é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve. Aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras pessoas. Este dura até aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente curado, desde que siga corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação de outras pessoas.
A Hanseníase está inserida nas ações da atenção básica, os municípios recebem recursos financeiros para desenvolvimento das atividades de prevenção e controle da doença. A unidade de saúde municipal tem a obrigação e pode diagnosticar e tratar seus doentes, bem como buscar e monitorar seus contatos. A cura da doença, sem instalação de incapacidades e deformações, depende do diagnóstico precoce e conhecimento dos sinais e sintomas. O diagnóstico consiste, principalmente, na avaliação clínica: aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Exames laboratoriais, como biópsia, podem ser necessários.

Escolas – Em 2013, o Ministério da Saúde realizou uma campanha inédita nas escolas para diagnóstico de casos suspeitos de hanseníase e tratamento coletivo de geohelmintos em 852 municípios, considerados prioritários. A campanha teve como objetivo a detecção de casos novos de hanseníase entre menores de 15 anos. 'A partir destas análises foi possível identificar – nas famílias e nas comunidades – adultos portadores da hanseníase, que podem ter sido a fonte de infecção das crianças', explicou o Secretário de Vigilância em Saúde. Segundo ele, quando há um caso em criança é porque existe um adulto próximo ainda sem diagnóstico e tratamento.
Foram submetidos ao exame inicial cerca 3,8 milhões de alunos, dos quais 243 mil foram encaminhados para avaliação nas unidades de saúde, sendo confirmados para a doença cerca de 300. Além disso, pela primeira vez no país, foi realizado o tratamento coletivo para verminoses, que alcançou 2,8 milhões de crianças. O Ministério da Saúde irá realizar nova campanha nas escolas, prevista para o primeiro semestre deste ano, acrescentando mais 150 municípios, totalizando cerca de 1.000 municípios.

Queda – A taxa de prevalência de hanseníase caiu 65% nos últimos dez anos, passando de 4,33, em 2002, para 1,51 por 10 mil habitantes, em 2012. A queda é resultado das ações de combate à doença, intensificada nos últimos anos. O Brasil registrou 33.303 casos novos da doença. Em 2012, o coeficiente de detecção foi de 17,17/100 mil habitantes na população em geral. Em menores de 15 anos, o coeficiente foi de 4,81/100 mil habitantes, redução percentual acumulada de 40% na comparação com o período de 2003 (7,98/100 mil habitantes) a 2012. Cinco estados apresentam coeficiente de prevalência acima de três casos por 10 mil habitantes (Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia) e três estados a menor taxa de prevalência (Rio Grande Sul com 0,12/10 mil habitantes; Santa Catarina 0,29/10 mil e São Paulo 0,34/10 mil).

Monitoramento – Entre as ações adotadas pelo Ministério da Saúde, também se destaca o Monitoramento para Eliminação da Hanseníase, realizado com apoio da Organização Pan-Americana/Organização Mundial da Saúde, que coletou dados em 60 municípios. Foram pesquisadas 164 unidades de saúde de todo Brasil, representando 27% da população brasileira (52,8 milhões). Os municípios selecionados foram os que apresentam maior carga da doença e concentram 60% dos casos.
Foram examinados 6.170 prontuários, realizadas 656 entrevistas com pacientes e com 279 com profissionais de saúde. No monitoramento, ficou constatado que 87,5% dos municípios brasileiros oferecem serviços de diagnóstico e tratamento para hanseníase. Também se observou na pesquisa redução da proporção de casos com grau dois de incapacidade física, de 18%, quando comparado os anos de 2007 e de 2011, demonstrando que o diagnóstico precoce está crescendo.
A ampliação da oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde; o fortalecimento da busca ativa de casos para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno, além do aumento da capacidade de profissionais para realizar diagnósticos também são medidas que vem sendo adotadas para a eliminação da doença. O Ministério da Saúde repassa, regularmente, a estados e municípios recursos para as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças, inclusive para a hanseníase, por meio do Piso Financeiro de Vigilância em Saúde. Em 2013, esses recursos totalizaram R$ 1,3 bilhão.

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