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Mês do livro infantil: conheça iniciativas que promovem o incentivo à leitura, em Pomerode

“Hora do Conto”, “Troca Troca de Livros” e outras iniciativas promovidas em escolas estimulam o hábito da leitura desde cedo

2 de abril de 2025

Foto: Divulgação

O dia 02 de abril é a data celebrada como Dia Internacional do Livro Infantil, escolhida para destacar a literatura infantil e homenagear o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, um dos principais nomes da literatura mundial, autor, por exemplo, de obras como “A Pequena Sereia”.

Ainda, o mês de abril também conta com o Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado no dia 18, também em homenagem ao escritor Monteiro Lobato, que nasceu nesse mesmo dia, em 1882, em Taubaté (SP).

A literatura infantil é a porta de entrada para o universo da leitura, sendo, portanto, fundamental no desenvolvimento de jovens cidadãos para o mundo. Em Pomerode, a leitura é incentivada desde a infância, por meio de diversos projetos realizados em âmbito municipal e também nas escolas da cidade.

Um destes projetos é a “Hora do Conto”, realizada pela Biblioteca Municipal de Pomerode, realizada há 21 anos no município, assim como o “Troca Troca de Livros”. A iniciativa envolve a leitura de histórias com o propósito de estimular a imaginação e o prazer pela leitura.

Uma vez por mês, sempre no último sábado, a Biblioteca Municipal recebe crianças e suas famílias para um momento de contação de histórias, que estimula o gosto pela literatura em quem participa da “Hora do Conto”.

“Além de desenvolver a atenção e a criatividade, essa prática amplia o vocabulário, transmite conhecimentos e valores, e desperta o interesse pelos livros, contribuindo para a formação de novos leitores. As histórias são contadas de maneira envolvente e interativa, tornando o momento ainda mais especial para as crianças”, comenta a bibliotecária municipal, Viviane Hermann.

Ela também ressalta que a iniciativa, criada no ano de 2004, assim como “Troca Troca de Livros”, exerce um papel fundamental para o desenvolvimento de futuros leitores.

Foto: Divulgação

 

“O contato de histórias não apenas incentiva o hábito da leitura, mas também aprimora a compreensão e o senso crítico. A combinação entre a literatura infantil e infantojuvenil disponível na biblioteca e a prática da narração de histórias permite que a leitura se torne um prazer genuíno, e não apenas uma obrigação”, declara.

Do amor aos livros, ao incentivo à leitura com as crianças

Steffanie Carvalho de Andrade Jung é atendente de biblioteca da Escola Básica Municipal Olavo Bilac, de Testo Central e se classifica como uma contadora de histórias e leitora voraz. Sua relação com a literatura começou aos cinco anos e meio, por influência da mãe, professora alfabetizadora, e da avó, que sempre lhe trazia diversos livros.

“Não havia biblioteca na minha cidade, mas isso não me impediu de crescer cercada por contos de fadas, gibis da Turma da Mônica e inúmeras aventuras. Esse contato afetivo com a leitura me tornou uma leitora voraz, e é esse amor pelos livros que tento transmitir aos alunos da Escola Básica Municipal Olavo Bilac. Aquele entusiasmo de descobrir uma história incrível, o sentimento ao terminar um livro de 400 páginas e sentir que faltou páginas para ler, de ter uma jornada acompanhada com um protagonista que se tornou um grande amigo”, conta.

 

Foi a paixão pelos livros e pela literatura que revelou a Steffanie a sua vocação. Hoje, como atendente de biblioteca e futura bibliotecária, ela consegue dar suporte pedagógico e literário, ajudando os livros a encontrarem seus leitores.

Como forma de estimular o prazer pela leitura desde cedo, Steffanie promove algumas iniciativas especiais. Uma delas é a realização semanal da “Hora do Conto” na Escola Olavo Bilac, para todas as turmas do 1º ao 5º ano. Neste momento são apresentados livros, gêneros textuais, novos autores e temas que serão abordados em sala de aula.

“Durante essa atividade na biblioteca, os alunos também fazem leituras de materiais previamente preparados, incluindo poemas, jornais, gibis e revistas com exemplares atualizados, além de textos para dinâmicas. Para os Anos Finais, promovemos contos e crônicas quinzenais, além do ‘Café com o Autor’. Os alunos também podem levar livros emprestados para ler e compartilhar em casa. E recebemos autores durante o ano, na biblioteca da escola para realizarem a Hora do Conto com suas próprias obras”, afirma.

Outro projeto significativo é a Ciranda Literária, que já está em sua 16ª edição. Neste projeto, segundo Steffanie, são trabalhados autores selecionados pelos professores, com a promoção de releituras de suas obras por meio de teatro, sarau, pintura, escultura e outras formas artísticas, culminando em uma apresentação para as demais turmas. “Também tenho grande carinho pelo projeto Contar e Encantar, que há mais de dez anos forma alunos do 6º ao 8º ano como contadores de histórias. Para isso, eles recebem formação de contadores profissionais que ensinam a magia de dar vida aos livros. Os alunos apresentam histórias para as turmas dos Anos Iniciais, encantando os pequenos e, ao mesmo tempo, ganhando mais confiança e desenvolvendo sua comunicação e autoestima”.

Mais uma iniciativa importante, citada pela atendente de biblioteca, é a Feira de Livros, aberta a toda a comunidade escolar. Além de apresentar novos títulos, ela permite que os alunos escolham os próximos livros que gostariam de ver na biblioteca. Segundo Steffanie, a atualização do acervo é essencial para manter o interesse pela leitura, especialmente entre os alunos dos Anos Finais (6º ao 9º ano). Os livros disponíveis passam por uma curadoria para garantir que sejam adequados ao nível de leitura dos estudantes, facilitando o processo de imersão na literatura.

Feira do Livro em 2025. (Foto: Divulgação)

 

Além desses projetos fixos, são realizados eventos temáticos, como o Arraiá Literário, onde a biblioteca se transforma em um centro de cultura e brincadeiras tradicionais. A iniciativa trabalha literatura de cordel, quadrinhas, pescaria de adivinhas e outras atividades lúdicas.

Arraiá Literário, brincando com as palavras, quadrinhas e adivinhas (2024). (Foto: Divulgação)

“E não posso deixar de mencionar um dos meus projetos favoritos: a Gibiteca. Em fase de implementação, esse projeto já foi desenvolvido por mim em duas outras escolas, tendo sido premiado pela AMVE. A Gibiteca busca aprofundar o estudo dos quadrinhos por meio de oficinas, produções, uma Feira do Livro temática e um Evento Geek, ambos já programados para este ano, esse é um projeto que conversa diretamente com o universo de heróis e personagens conhecidos pelos alunos, sendo uma porta de entrada para outros gêneros literários. Além disso, temos projetos menores, como o Clube do Livro com os alunos do 9º ano, e outras iniciativas que surgem a partir das ideias dos próprios estudantes e professores”, enumera.

Steffanie também comenta sobre a importância do Varal Literário, realizado há mais de 20 anos em Pomerode. “Complementando essa iniciativa, temos a Estante Mágica, onde os alunos não apenas escrevem seus próprios livros, mas também ilustram suas histórias, contando com o suporte e a orientação das professoras regentes. As turmas do 5º ano participam desse projeto, que culmina na Noite de Autógrafos, um momento especial em que as famílias vão à escola para celebrar a entrega dos exemplares. A emoção desse evento é indescritível; a ansiedade dos alunos pela chegada de seus livros é tão grande quanto à expectativa pela noite de autógrafos, uma recordação para toda a vida”, declara.

A atendente de biblioteca garante que ter um espaço “vivo” e em constante movimento gera mais interações e incentiva crianças e adolescentes a mergulharem no universo da leitura. Durante os recreios, a biblioteca fica aberta para leitura, descontração e conversas sobre os livros. Alguns títulos, inclusive, já têm lista de espera, segundo Steffanie. Os alunos também podem interagir com o mascote literário, o Greg.

“Acredito que, ao estarem entre livros e ao despertarem a curiosidade adormecida, os estudantes acabam, naturalmente, se tornando leitores. Sou suspeita para falar sobre a importância da leitura, pois adoro ver a biblioteca cheia de alunos (às vezes, até um pouco bagunçada). Nada me deixa mais feliz do que um livro bem usado, pois sei que foi muito amado e lido. A leitura desenvolve inúmeras habilidades, como escrita, interpretação e pensamento crítico. Além disso, quando guiada por boas obras e autores de qualidade, contribui para a formação de cidadãos mais empáticos, respeitosos e conscientes. Os livros nos transportam para diferentes realidades, culturas e épocas. Podemos revisitar o passado, planejar o futuro, refletir sobre possibilidades ou nos encantar com mundos mágicos e personagens inesquecíveis”, enaltece.

Por fim, Steffanie frisa a importância da parceria com a família para o incentivo à leitura. “Minha dica para incentivar a leitura é compartilhar histórias, seja entre autor e leitor, seja entre leitores. Em casa, a parceria dos pais é fundamental: ler junto com as crianças, conversar sobre os livros, ouvir o que elas têm a dizer sobre a leitura são atitudes que ajudam a formar leitores críticos e conectados com a literatura. Ter um exemplar sempre à vista, dar o exemplo lendo, visitar livrarias e bibliotecas são práticas que facilitam a criação do hábito de leitura. Crianças adoram ouvir e contar histórias, e assim o livro pode se tornar um amigo de aventuras para a vida toda”, finaliza.

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