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Mais de seis décadas dedicadas à música

Haroldo Raasch, que participou por mais de 60 anos de bandas típicas da cidade, anuncia aposentadoria e relembra vivências com a música

25 de março de 2023

Haroldo Raasch ainda tem, consigo, o saxofone, que o acompanhou por vários anos. (Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode

Uma paixão que durou mais de seis décadas. Assim podemos começar a definir a relação de Haroldo Raasch, de 83 anos, com a música. O músico pomerodense é um dos mais antigos da cidade e atualmente anunciou sua aposentadoria da música.

O aposentado revela que a paixão pela música começou cedo, ainda na juventude e comenta sobre um incentivo inesperado, no início.

“Comecei a tocar quando tinha 18 anos e tocava acordeão. Eu tinha um acordeão, pequeno, e tocava às vezes na Porcelana Schmidt, onde eu trabalhava, na época. Um dia, meu patrão me viu tocando e comentou que o acordeão que eu tinha era muito pequeno. Eu achei que seria mandado embora, pois estava tocando dentro da empresa, mas meu patrão era um homem bom e me presenteou com um acordeão novo, perguntando até mesmo qual marca eu queria e de que cor poderia ser”, relembra Haroldo.

Depois de um tempo, Haroldo passou a tocar saxofone, instrumento que o acompanhou até o fim da carreira e que foi seu companheiro durante várias décadas. Ainda na juventude, participou da fundação da banda Palmeiras. “Meu patrão, novamente, me incentivou a criar a banda, e quis que tivesse o nome Palmeiras, porque ele também foi um dos fundadores do clube paulista. Este conjunto se manteve por vários anos, inclusive com várias trocas de músicos. Quando começamos a ter dificuldades em achar novos colegas, eu e um colega nos juntamos à banda Lyra”, comenta o músico aposentado.

Neste conjunto, Haroldo afirma que permaneceu por um período de seis a sete anos, até ser procurado para se unir à banda Mensagem, da qual fez parte por cerca de 20 anos. Seu fiel companheiro era o saxofone. Um deles, que está com Haroldo até hoje, é alemão e foi dado por um amigo, que o conseguiu com um cunhado, que morava na Alemanha.

 

O aposentado também comenta que, graças à música, teve a oportunidade de viajar muito, por todo o país, em mais de 60 anos de relação com a música.

“Com as bandas, tive a oportunidade de viajar muito e tocar em vários lugares do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Goiás, Curitiba, oeste catarinense, em diversos municípios, além de outras cidades do estado, como a capital, Florianópolis, além de sempre estarmos presentes nas festas típicas da região”, destaca Haroldo.

Oktoberfest, Fenarreco, Schützenfest e, claro, todas as edições da nossa Festa Pomerana faziam parte dos compromissos obrigatórios de Haroldo, enquanto parte da banda. Além da participação em festas, quando tinha um tempo, tocava para o Grupo Folclórico Pomerano, tradição que se manteve por 11 anos.

“Sempre participei de todos os desfiles da Festa Pomerana, com a banda, e também de desfiles de outras festas típicas. Sempre foi algo que gostei muito. Toquei também em muitos casamentos e festas de rei e rainha dos clubes de caça e tiro. Dificilmente tínhamos um fim de semana livre, pois sempre havia algum evento para nos apresentarmos. Hoje em dia, inclusive, quando estava em alguma festa nos clubes, muitas pessoas vinham conversar comigo, relembrando que eu toquei em suas festas de casamento, o que é muito gratificante de ouvir”, enaltece.

Haroldo Raasch, durante um desfile da Festa Pomerana, em 2020. (Foto: William Bucholtz)

 

Depois de mais de seis décadas dedicadas à música, Haroldo sentiu que era hora de parar, para dedicar-se mais a si mesmo e à própria saúde. “Agora cheguei a uma fase da vida em que senti que precisava parar. Estou em uma idade na qual não compensa mais ter tanta dedicação e nem tenho mais condições para a rotina que tinha antes. O cansaço chegou e preciso cuidar da minha saúde, também”, destaca o músico aposentado.

No entanto, Haroldo destaca que a música foi uma parte muito importante de sua vida e, justamente por não conseguir mais entregar a mesma energia de antes, no palco, decidiu que era a hora de parar.

“Sempre tentava ter a melhor convivência possível com todos os colegas das bandas das quais fiz parte e a música foi uma alegria muito grande, sempre fazia mais amigos e encontrava os antigos. Uma das melhores coisas era poder conhecer novas pessoas graças à música e, a cada início de semana, ficava ansioso para que ela acabasse e chegasse a hora de tocar novamente. Mas agora é chegada a hora de parar, pois quando estamos no palco é preciso estar 100%, para também conseguir animar o público, algo que não consigo mais. Agradeço a todos que compartilharam momentos bons comigo e que gostavam de quando eu tocava. Fui muito feliz com a música e é isso que vou levar comigo”, finaliza.

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