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Limite, uma palavra fora do dicionário

Daniela Werner, deficiente auditiva, se forma em Design de Moda e mostra que as pessoas com necessidades especiais não devem parar de sonhar e concluindo mais uma etapa em sua vida.

25 de fevereiro de 2019

Realizar um sonho é uma sensação inexplicável para a maioria das pessoas. Mas para quem chegou a imaginar que não conseguiria, a conquista é mais especial ainda. É o que afirma a pomerodense Daniela Werner, de 22 anos, recém-formada em Design-Moda, pela Uniasselvi. Daniela sempre foi um exemplo de superação, pois é deficiente auditiva, e a acessibilidade não está muito presente em alguns setores da sociedade. Mas isto nunca foi empecilho para que ela conquistasse seus sonhos. O último, a graduação em Design -Moda, veio após três anos e meio de dedicação à busca por seu sonho, que surgiu inspirado em uma pessoa de sua família.

“No começo, eu queria fazer manicure. A minha madrinha é designer de moda, quando vi ela desenhando, me interessei e decidi cursar design de moda. Realizar esse sonho é me sentir realizada, estar feliz por ter concluído essa etapa da minha vida”, conta a designer de moda.

Daniela afirma que sua “deficiência” não foi um empecilho em sua caminhada no Ensino Superior. Apenas teve algumas dificuldades no fim do percurso. “No começo dos semestres estava acompanhando, mas quando cheguei ao último semestre, de uma matéria que era estágio, tive muita dificuldade para elaborar o paper e tive muito nervosismo”, revela.

E foi neste momento que a jovem precisou da força vinda de familiares e amigos. Daniela destaca que sua família a ajudou muito, principalmente, a irmã Luana. “Eles foram fundamentais nesta minha conquista”, ressalta.

Quando chegou o tão esperado dia, em 02 de fevereiro, a emoção tomou conta da família e da própria Daniela. A cerimônia foi realizada no Teatro Municipal de Pomerode e a jovem descreve que o sentimento foi de dever cumprido.

“Minha sensação foi de tudo que eu passei valeu a pena. Tenho sorte de minha família ter me ajudado. O desespero que eu tive quando não conseguia terminar um trabalho e dormir apenas por cinco horas, pois eu trabalhava, e ainda trabalho, no primeiro turno. Então, tudo valeu a pena para mim”, garante a designer de moda e, hoje, operadora de produção.

Pensando no futuro, Daniela admite que ainda não tem planos concretos definidos e quer aproveitar o sentimento de felicidade com a conquista. Mas ela garante que tem o desejo de trabalhar na área da moda. Emocionada, Daniela comenta que obter um diploma de curso superior foi a superação de limites que ela mesmo chegou a acreditar que tinha, mas que, na realidade, não representam obstáculo algum em sua caminhada.

“Quando eu era menor, eu não pensava muito em fazer faculdade ou algo, por causa da minha deficiência auditiva, mas cresci e vi que era possível correr atrás do que queríamos e ainda é. Muitos acham que nós surdos ou deficientes auditivos não conseguimos e que não somos capazes de fazer faculdade ou algo. Então, quero dizer para todos que somos capazes de correr atrás dos nossos sonhos, com obstáculos ou sem, somos capazes. Se quisermos ser aquilo, com vontade e coragem, a gente consegue ser”, frisa.

Deficientes ainda são minoria no ensino superior

Desde o ano de 2017, o ensino superior tornou-se mais acessível para as pessoas com necessidades especiais. Isso porque o grupo foi incluído na Lei 12.711/2012, conhecida como a Lei de Cotas, através de um decreto do Governo Federal. Antes disso, era opcional de cada instituição decidir se iria, ou não, destinar uma parte das vagas aos portadores de necessidades especiais.

Dados do Censo da Educação Superior de 2016 mostram que 0,45% do total de oito milhões de matrículas no ensino superior são de alunos com deficiência. Na rede privada, esse percentual é ainda menor, o equivalente a 0,35%. A evasão entre esses estudante é de 27%, sendo maior na rede privada, que chega a 31,5%. Os cursos com maior número de deficientes são Direito, Psicologia, Engenharia Civil e Pedagogia.

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