Saúde

Leucemia mieloide aguda: quais os sintomas e como funciona o tratamento da doença

Hematologista explica como a doença afeta a saúde do paciente e como funciona o seu tratamento

1 de novembro de 2024

Imagem ilustrattiva (Foto: Envato Elements)

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que o Brasil tenha mais de 11 mil casos de leucemia. Leucemia é uma neoplasia, ou seja, um tumor no sangue, que acomete a parte branca dele, ou seja, os glóbulos brancos.

O hematologista Dr. Alysson Rafael Fabris explica que a leucemia pode ser dividida em dois tipos: a leucemia linfóide e a leucemia mieloide, e também em aguda ou crônica. No caso da leucemia linfóide, as células acometidas pela doença são os linfócitos, enquanto na mieloide, os neutrófilos são afetados.

“A diferença entre uma leucemia aguda ou crônica é o tempo de instalação. A leucemia aguda, seja ela linfóide ou mieloide, tem uma instalação muito rápida, como o próprio nome já sugere, se instalando no corpo em questão de dias e meses. Já a leucemia crônica pode demorar anos para manifestar algum sintoma”, esclarece o especialista.
Outra diferença, segundo Fabris, é que, na aguda o tratamento começa de imediato, quando há o diagnóstico. A crônica, dependendo do tipo, permite que se espere e acompanhe o paciente, porque não exige um tratamento na data do diagnóstico.

“A leucemia é a neoplasia mais comum em crianças, no entanto, a mieloide aguda, especificamente, é o tipo de leucemia mais comum em adultos”, afirma o hematologista.

 

Sintomas da doença

O Dr. Alysson Fabris comenta que, por ser uma doença que surge na medula óssea, que é “fábrica de sangue” do nosso corpo, a leucemia irá comprometer tudo o que e produzido pela medula.

“Da infiltração que acontece na medula óssea, começam a aparecer os sintomas da leucemia, como anemia, pois a medula para de produzir a série vermelha dos componentes do sangue, e o paciente começa a apresentar cansaço, palidez, taquicardia, dor de cabeça, dor pelo corpo, todos os sintomas que aparecem com a anemia. Se a doença atingir as plaquetas, o sintoma é o sangramento, então começa a baixar a quantidade de plaquetas e o paciente começa a ter pequenos sangramentos, dependendo do tipo de leucemia, podem ser muito graves”, enumera.

Ainda, o paciente pode ter manchas roxas aparecendo pelo corpo e, além disso, com a principal célula de defesa do corpo (leucócito) sendo atingido, a imunidade também é afetada. Ou seja, o paciente pode sofrer com quadros de infecção. Todos estes sintomas podem apontar que há algo acontecendo com a medula.

“Uma situação que é importante, ser destacada é que a anemia não se transforma em leucemia. O que ocorre é que a leucemia pode estar causando o quadro de anemia”, frisa o hematologista.

 

Tratamento

Segundo o especialista, o tratamento da leucemia mieloide aguda vai depender de uma classificação de risco, das características clínicas do paciente e também de características citogenéticas. Se leva em consideração, ainda, a idade do paciente, ou seja, de quanto o paciente terá condições de receber um tratamento que pode ser agressivo.

“O tratamento pode ser com a quimioterapia, chamada de mieloablativa, pois vai ter que chegar na medula óssea e limpá-la, destruindo as células leucêmicas, e quando a medula se restabelecer, voltar a funcionar, se espera que venham dali células boas. No entanto, alguns pacientes com leucemia mieloide aguda não aguentam receber essa dose forte de quimioterapia intensiva. Então, eles têm um tratamento com medicações, terapia alvo, bloqueadores de BCL 2 e hipometilantes, que não tem os mesmos efeitos da quimioterapia clássica”, esclarece Fabris.

Além disso, o transplante de medula também faz parte das opções de tratamento para a leucemia mieloide aguda. Caso seja um paciente de alto risco, ele é tratado e logo se inicia a busca por doadores, para encaminhar para o transplante de medula.

“Há pacientes que são de baixo risco que podem obter a cura apenas com a quimioterapia. Nestes casos, se a doença voltar, daí é encaminhado para a opção de transplante de medula. Por ser uma doença que exige uma visão multidisciplinar, é preciso, além da quimioterapia no tratamento, da parte de suporte transfusional. Quando a medula entra em aplasia, não vai mais conseguir produzir células, é preciso aporte transfusional, os pacientes vão precisar de transfusão de sangue, de plaquetas. Algumas vezes os pacientes chegam com infecções, então é preciso fazer uso de antibióticos e normalmente de amplo espectro, devido à defesa baixa dos pacientes. Por isso, pacientes com a leucemia mieloide aguda normalmente precisam ficar muito tempo internados no início do tratamento, com todos estes cuidados”, frisa.

Quando a solução é o transplante, há uma fila de espera para a realização dela. E, no caso do transplante de medula, existem alguns critérios que definem prioridades. Pacientes com leucemia mieloide aguda, leucemia linfoide aguda, aplasia de medula, doenças que tem uma agressividade maior, têm prioridade para o transplante.

“A leucemia mieloide aguda é uma doença altamente agressiva com potencial de mortalidade alto, mas o tratamento vem melhorando muito e é uma doença que tem chance de cura, falamos aos pacientes que devem focar na chance de cura, embora o tratamento seja longo e não seja fácil”, finaliza o hematologista.

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