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Iniciando uma nova vida, na Alemanha

Casal relata experiência de iniciar a vida a dois na Alemanha, com desafios e alegrias

26 de setembro de 2023

Stefani e Jonatan se mudaram para a Alemanha em 2020, mesmo com a pandemia. (Foto: Johnny Roedel)

Começar uma nova etapa da vida, em um local diferente do que conhece, já representa um desafio para qualquer pessoa, família ou casal.

Agora some esta dificuldade inicial a um momento delicado e grave para a saúde pública mundial, como foi a pandemia de Covid-19.

Assim podemos começar a contar a história de dois pomerodenses que estão se aventurando pelo mundo, agora morando na cidade Nürenberg, na Alemanha. Stefani Hornuburg Rusch, 25 anos, publicitária, e seu marido, Jonatan José Soares, 28 anos, Engenheiro de Software, escolheram construir sua vida na Alemanha, algo que sempre foi o sonho dela.

“Depois que nos conhecemos, a Stefani passou a ‘plantar a sementinha’ na minha cabeça também. Mas foi depois de uma experiência de trabalho minha que as coisas começaram a criar forma como algo futuro”, conta Jonatan.

Em outubro de 2019, o casal fez uma viagem para a Itália, sozinhos, e quando estavam embarcando para voltar ao Brasil, Jonatan recebeu uma mensagem, por meio de uma rede social de empregos, de uma recrutadora que havia se interessado no perfil dele. E, assim, começou a saga de realizar o sonho da mudança para a Alemanha.

Depois disso, Jonatan passou por uma sequência de três entrevistas sobre a qualificação dele e se conseguiria se encaixar no perfil da empresa. Este processo levou cerca de três meses e, ao final, havia a proposta de emprego. No entanto, a pandemia começou e o sonho de se mudar teve que ser adiado por mais alguns meses, mas não foi deixado de lado ou esquecido.

“Após três meses no exterior, o Jonatan também começou a ter esta vontade de morar em outro país, pois viu todas as coisas que poderíamos ganhar com isso. Não tínhamos nenhuma pendência no Brasil, familiar ou financeira e, dessa forma, quando a oportunidade veio agarramos ela com força. E sem dúvida podemos dizer que foi uma das melhores decisões que tomamos”, garante Stefani.

Foto: Arquivo pessoal

 

O que também influenciou na decisão foi o fato de que a Alemanha não era um país completamente desconhecido para o casal, uma vez que ambos já tinham viajado para lá.

“A questão de conhecer o país é muito relativa. Mas ambos tínhamos mais ou menos ideia de como seria. E a partir do momento que tomamos nossa decisão de mudança, passamos a pesquisar mais sobre o país e seguir outras pessoas, que tinham as mesmas experiências, nas redes sociais. Além de o Jonatan conversar com colegas de profissão que já haviam se mudado para a Alemanha”, pondera a publicitária.

O início da nova vida

Conforme Stefani e Jonatan mencionaram, a oportunidade de realizar o sonho de morar na Alemanha surgiu em meio à pandemia, logo quando ela começou, em 2020. No entanto, não foi um empecilho para que o casal fizesse esta mudança, embora tenha criado alguns obstáculos.

Jonatan se mudou primeiro, em agosto de 2020, e Stefani só conseguiu se juntar a ele, com os dois pets do casal (Babalu e Oberon), em dezembro daquele ano. Portanto, os primeiros dias e meses de fato residindo na Alemanha foram mais desafiadores para o engenheiro de software.

“Estar sozinho em um país novo, onde não se conhece ninguém, pode ser bem difícil. Mas nós nos falávamos todos os dias e a Stefani sempre me incentivava, em todos os momentos. Quando a Stefani veio, foi ótimo (na questão de que estávamos morrendo de saudades um do outro). Mas aí a pandemia começou de verdade e passamos praticamente três meses confinados, como o restante do mundo. O mais ‘louco’, por assim dizer, é que no dia seguinte à chegada da Stefani, os aeroportos fecharam e ninguém mais entrava ou saia. Era para ser”, relembra Jonatan.

Devido à pandemia, no início da experiência de Stefani e Jonatan como moradores da Alemanha era difícil perceber grandes diferenças. Mas após três anos residindo na cidade de Nürenberg, o casal já percebeu diferenças e semelhanças entre o município alemão e Pomerode.

“O que eu mais noto de diferença, pensando no geral, é como as mulheres são tratadas, de não precisar ter medo de sair de noite, de pegar um ônibus mais tarde ou o metrô. Me sinto totalmente segura e livre. Diversas vezes eu e o Jonatan saímos a pé a noite com a Babalu para dar uma volta e nunca sentimos medo de fazer isso”.
Inclusive, após o período de adaptação e agora com o pós-pandemia, Stefani e Jonatan admitem que acreditaram que seria mais difícil passar por isso, antes da mudança.

Foto: Arquivo pessoal

 

“Tirando o momento em que eu estava sozinho, a partir do momento em que a Stefani chegou foi tudo de vento em polpa, por assim dizer. Tudo o que vivemos até agora aqui nos fez crescer muito como casal, parceiros e como família. Ficamos muito mais próximos com tudo isso. Nossa intimidade e conexão hoje parece algo surreal. Com relação aos amigos e familiares, sempre levamos a frase ‘família é aquele que te impulsiona na vida e não que te prende’. Perdemos contato com algumas pessoas? Sim, sem dúvida nenhuma, mas também tivemos laços bastante estreitados com outras. E assim é a vida. Amamos nossa experiência e vida aqui. E seria triste ter que nos despedir desse lugar que agora é nosso lar”, enaltece Jonatan.

Felicidade é palavra que resume

Quando perguntados sobre a sensação ao estar vivendo o sonho de morarem na Alemanha, Stefani e Jonatan afirmam que não se veem indo embora de lá, hoje.

“Nossa vida é muito boa e nos permite diversas experiências novas, além de termos muita qualidade. Todos os lugares sempre terão seus prós e contras. Na nossa lista de prós nós incluímos a segurança, poder de compra, transporte público, a acessibilidade de cães em vários locais, inclusive restaurantes (tem uma foto da Stefani e da Babalu em um restaurante, ela inclusive em cima do banco)”, enumera o casal.

Uma vantagem, que integra a lista de “prós” elaborada, é a facilidade para viajar, pois a Alemanha é localizada mais ao centro da Europa, fazendo fronteira com diversos países e facilitando as viagens.

“Dois exemplos disso são Praga (República Tcheca) e Malta. Ambos os locais nem tínhamos imaginado de conhecer e agora já se encontram na lista de países visitados. O primeiro inclusive pela nossa ‘doguinha’, a Babalu. Inclusive, estar aqui nos proporcionou isso, mostrar à Babalu o mundo. Sempre que possível levamos ela junto, seja o país qual for. E ela ama uma nova aventura e explorar novos lugares, nossa pequena viajante”.

A cachorrinha, Babalu, é companhia frequente nas viagens e aventuras do casal. (Foto: Johnny Roedel)

 

Outro ponto positivo é com relação as políticas trabalhistas, onde há uma total flexibilidade com relação as férias, nas quais finais de semana e feriados não contam. “Ou seja, se a semana tem feriado na sexta-feira, e quisermos pegar férias de quarta a domingo, seriam descontados somente dois dias de férias”, explicam.

Porém, é claro que existe a lista dos “contras” de se morar na Alemanha e a questão da família certamente integra esta lista.

“Mas graças ao avanço da tecnologia é possível dar um ‘migué’ na saudade até o próximo reencontro. Outra questão mais chata, por assim dizer, é a questão das burocracias e a forma como temos que lidar com os órgãos público, devido à digitalização ainda estar caminhando a passos de formiga nesses locais, precisamos resolver muitas coisas ainda via cartas. O que acarreta na demora para resolver assuntos, muitas vezes simples”, citam.

Os pets

Stefani e Jonatan também falaram sobre a experiência de realizar a mudança levando os pets consigo, enaltecendo a importância de não deixa-los para trás ao adotar um novo país como lar.

“Se alguém tem a ideia de se mudar de país, não abandone seus bichinhos, somos a prova viva de que é possível sim trazer e não é nada complicado. E eles terão uma vida maravilhosa aqui! Com planejamento e profissionais capacitados (veterinários) a questão do traslado é super prática e pouco complicada. A Babalu e o Oberon tem uma vida ótima aqui e agora com mais um ‘irmãozinho’ o Oliver, o qual adotamos aqui de um abrigo de animais”, contam.

Dicas para quem tem o mesmo sonho

Caso você tenha o sonho de morar na Alemanha ou conheça alguém com esta vantagem, Stefani e Jonatan dão uma dica. Uma das portas de acesso ao país é por meio do trabalho voluntário, principalmente para os jovens.

“Eu comecei quando já estava aqui, mas encontrei vários outros Brasileiros que vieram para a Alemanha através do programa e agora estão estudando e se desenvolvendo profissionalmente aqui. O programa que me candidatei foi o FÖJ (Freiwilliges Ökologisches Jahr), mas tem mais opções como o FSJ (Freiwilliges Soziales Jahr) e o BFD (Bundesfreiwilligendients)”, comenta.

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