Economia

Futuro da Porcelana Schmidt será decidido em janeiro de 2021

Assembleia com credores decidiu adiar a decisão, após deliberação

6 de novembro de 2020

Nesta semana, na terça-feira, 03 de novembro, foi realizada a assembleia de credores do Grupo Schmidt, que deliberou sobre o futuro da empresa. Na oportunidade, foi apresentado um plano de recuperação judicial aos credores, tanto os trabalhistas quanto ao que possui a garantia real, a Companhia de Energia Elétrica de Campo Largo (Cocel).

O Plano de Recuperação Judicial é uma proposta do Grupo Schmidt para o pagamento de suas dívidas, cujo passivo atual chega aos R$ 71 milhões. O Plano prevê uma reestruturação significativa do grupo. Caso seja aprovado, uma das principais ações é a criação de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), que receberá a operação que hoje é feita em Campo Largo (PR), atual sede do Grupo Schmidt. A intenção é repassar a fábrica para algum investidor, quitando parte das dívidas trabalhistas com o dinheiro da venda.

A unidade fabril de Pomerode terá um papel fundamental para o futuro da marca, caso o Plano seja aprovado, mesmo após a recente redução do quadro de funcionários da empresa na cidade. Segundo o advogado do Grupo Schmidt, Eduardo Agustinho, a sede original da empresa voltaria a ser operacional, aproveitando-se, ainda, o potencial turístico do local. Também seria mantida a unidade de Suzano (SP), onde é produzida a massa para a fabricação das porcelanas, que forneceria o produto para a unidade de Pomerode e também para outros possíveis compradores.

 

Na assembleia, foi sugerido pelos advogados da empresa, que fosse feito um pagamento com um desconto em relação ao valor devido à Companhia, além do parcelamento, para tornar o pagamento viável, sugestão rejeitada pela Cocel, que fez uma contraproposta, também rejeitada pelo Grupo Schmidt devido à questão de fluxo de caixa do grupo, e em virtude da interpretação por parte da empresa de que se deveria pagar primeiro aos credores trabalhistas, depois ao com garantia real, no caso a Cocel.

“Para resolver o impasse e tentar superar a questão, já que a Cocel detém um voto importante, foi solicitada a suspensão das deliberações por 30 dias, para repensarmos a proposta. Essa sugestão foi aceita pelos credores, mas o Sindicato do Trabalhadores de Campo Largo apresentou outra proposta, sugerindo que a assembleia fosse suspendida até 21 de janeiro, quando termina o recesso do poder judiciário”, explica Agustinho.

Isso porque, em dezembro, alguns imóveis, que foram objeto de medida cautelar, serão leiloados. Caso sejam vendidos, isso pode impactar positivamente no andamento do processo. “Existe a expectativa de que com o valor da venda dos terrenos seja possível o pagamento dos credores trabalhistas”, explica Agustinho.

Portanto, caso a venda seja efetuada, o Plano poderá ser modificado e uma nova proposta poderá ser apresentada, tendo em vista este recurso. Com isso, a decisão deve ser tomada na nova assembleia, agendada para 21 de janeiro de 2021.

 

A redução

Em 26 de maio, a Porcelana Schmidt, cuja matriz localiza-se na cidade de Campo Largo (PR), emitiu uma nota oficial a respeito do futuro da unidade fabril pomerodense.

Em comunicado, a empresa informou a redução de suas atividades na unidade fabril pomerodense e afirma que a decisão acontece de forma a “reestruturar-se, dispensando colaboradores e readequando o processo produtivo na unidade fabril de Campo Largo/PR”.

A Porcelana Schmidt também afirmou, na nota, que “apenas um dos setores instalados na empresa em Santa Catarina continuará operando, com, aproximadamente, 15 colaboradores”, mas não informou qual setor será este.

O sindicato dos trabalhadores da Indústria de Cerâmica, Porcelana e Barro de Pomerode e Timbó, afirmou que cerca de 75 funcionários atuavam ainda na unidade. Parte do maquinário existente na unidade fabril de Pomerode será transferido para a fábrica de Campo Largo. A loja de fábrica permanece aberta, normalmente.

 

A história

A história da fábrica em Pomerode começou em 1945, quando a Família Schmidt decidiu se mudar novamente para Santa Catarina, com a ideia fixa de fundar a Porcelana Schmidt. Esta ideia tornou-se realidade em 19 de dezembro do mesmo ano. Os fundadores, de acordo com um levantamento feito pela historiadora Angelina Wittmann, foram Hans Herwig Schmidt, Hans Ernst Schmidt, Ailhen Krämer, Arthur Leopold Schmidt e Rodolph Pedro Schmidt. Com isso, a Porcelana tornava-se a 3ª fábrica de cerâmica do Brasil.

A primeira instalação da Porcelana Schmidt foi em um galpão de madeira, no centro de Pomerode. Em pouco tempo de atividade, a empresa teve acentuado crescimento, motivada pela moderna tecnologia e aumento de sua capacidade produtiva – no período do pós-guerra.

Em 1948, a Família Schmidt admitiu novos acionistas e, com o novo quadro de entrada de capital, adquiriu as ações da Porcelana Real Ltda., de São Paulo. Em 02 de janeiro de 1954, foi fundada a Porcelana Steatita e, em 1956, a Porcelana Schmidt adquiriu o controle acionário da Cerâmica Brasileira de Campo Largo (PR), transformando-a, também, em fábrica de cerâmica, Porcelana Steatita. 

Em 1972, as três empresas se fundiram, surgindo o Grupo Schmidt a partir de três cidades, em três estados distintos: Pomerode, Campo Largo (PR) e Mauá (SP). Neste período, a empresa chegou a produzir mais de um milhão de peças de porcelana por mês, a partir de uma estrutura de 60.000 m2 e com, aproximadamente, 1.500 funcionários.

Em 1991, as três fabricas passaram por uma reestruturação e não usaram mais as marcas Steatita e Real, trabalhando todas sob a marca Porcelana Schmidt e sobre o símbolo da Coroa. Durante a década de 1990, a empresa detinha 80% do mercado nacional do setor de porcelana.

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