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Doando carinho e tempo, em prol do povo gaúcho

Voluntárias que auxiliaram na organização das doações feitas no Pavilhão de Eventos comentam sobre a importância de terem colocado seu tempo à disposição de uma causa maior

6 de julho de 2024

Voluntárias Loraine Valentini e Marilene F. Reiter. (Fotos: Isadora Brehmer / JP)

Doar o seu tempo em prol de uma causa ou do bem do próximo é algo que exige uma genuína vontade de fazer o bem. E, Pomerode, mais uma vez deu um exemplo de solidariedade, com uma mobilização de dezenas de pessoas que se dispuseram a doar itens ou o seu próprio tempo para ajudar as vítimas da catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul.

Durante o mês de maio, centenas de doações foram feitas pelo povo pomerodense, sendo a maioria delas entregue no Pavilhão de Eventos da cidade. E para que tais doações chegassem já em condições de serem entregues a quem mais precisasse, algumas pessoas destinadas ao voluntariado foram essenciais, doando o seu tempo para organizar todas as doações que chegavam ao Pavilhão.

Coordenada pela Secretaria de Assistência Social e Habitação de Pomerode, a campanha de arrecadação de donativos teve uma importante contribuição da primeira-dama de Pomerode, Salete Kriek, acompanhada da filha, Paola Sabrine, bem como de outras voluntárias que colocaram seu tempo à disposição da organização das doações, especialmente das roupas. Entre elas, um sentimento é unânime: o chamado para o voluntariado neste caso.

Uma das voluntárias foi Loraine Valentini, que falou um pouco sobre o sentimento em ajudar também nesta causa.  “Estamos neste mundo porque Deus tem algo para colocar em prática, por meio de nós. Sempre digo que estou à disposição Dele, então para mim foi natural vir ajudar, é algo que faz parte de mim. Me sinto feliz e realizada, como ser humano, com o sentimento de missão cumprida”, revela.

Outra voluntária no Pavilhão de Eventos foi Eliane K. Luemke, que ficou sabendo sobre a necessidade de ajuda na triagem das doações recebidas por meio da filha. Ela conta que se colocou à disposição para ajudar e atuou na separação das doações de roupas.

Eliane destacou que os dias em que esteve auxiliando na organização foram um aprendizado importante e também trouxeram momentos de emoção, embora tenha notado um ponto importante acerca da importância de ser uma doação de algo que realmente possa fazer a diferença para as pessoas que receberão o item doado.

“Uma coisa que me chamou atenção foi a quantidade de doações recebidas, foi um volume muito grande. É comovente ver como as pessoas pensam em ajudar o próximo, em quem realmente precisa. Mas, ao mesmo tempo, eu também fiquei um pouco triste, porque ao analisar determinadas peças vi que elas não estavam em condições de uso. Estavam sujas e rasgadas. Como o povo gaúcho iria lavar essas roupas se eles ‘mal e mal’ tinham água para beber? Acho que antes de doar algo eu tenho que me colocar no lugar da outra pessoa e pensar: se eu recebesse essa peça eu iria usar? Se eu não usaria, não devo doar. Doar não é descartar. De qualquer forma, foi muito emocionante ver todos os voluntários ajudando a separar os donativos e ver o caminhão carregado saindo rumo ao RS”, enaltece a voluntária.

Marilene Fischer Reiter era mais uma cidadã preocupada em poder ajudar, doando o seu tempo na organização de donativos. Ela auxiliou em tudo o que era necessário no local, e comenta como era feita a separação, principalmente de roupas e calçados.

“Em primeiro lugar, estar à disposição para ajudar é algo que sempre fez parte de mim, então quando eu soube por meio do grupo da Lareira, pela primeira dama Salete que havia a necessidade de voluntários aqui, logo me prontifiquei para ajudar. Na maioria das vezes eu ajudava com as roupas, então separávamos em feminino ou masculino, se eram roupas de verão ou inverno, por tamanhos e com os sapatos juntávamos o par e amarrávamos para não se perderem”, explica.

A voluntária também pondera que estar ajudando, de forma voluntária, é uma forma de contribuir em uma situação na qual, muitas vezes, nos sentimos impotentes.

“É triste saber que tem pessoas que perderam tudo e precisam destas doações, mas saber que podemos ajudar, pelo menos um pouco faz bem para nossa alma. No fundo eu gostaria de estar lá, para dar um abraço, pois na hora do desespero, sei que somente um abraço já faz a diferença”, comenta Marilene.

Loraine também fala com carinho de como o voluntariado acalenta o coração de quem o faz. “Nas sacolas e caixas de doação, tem um pouco das minhas mãos, o que eu sei que fará a diferença lá. Sendo apenas uma hora, ou até tarde da noite, como foi um dos dias, não importa, sei que fiz com o maior carinho e penso que, se fosse comigo, minha família, gostaria que alguém dedicasse o mesmo carinho. Se cada um dedicar um pouco do seu tempo, juntos, fazemos a diferença. Penso que o nosso trabalho foi muito importante, para separar tudo da melhor forma, para ajudar também a ser distribuído com mais agilidade”, enaltece.

Inclusive, uma das filhas de Loraine é moradora de Cachoeirinha (RS), para onde foi o primeiro caminhão com doações de Pomerode. A voluntária comenta que, em meio à preocupação constante com a segurança da filha, auxiliar na organização foi uma forma de acalmar o coração.

“Quando soube que o caminhão havia saído, com as doações que ajudei a organizar, o sentimento foi de alegria e gratidão pelo dever cumprido. Depois recebi uma mensagem da minha filha, agradecendo por eu ter ensinado a importância de ajudar e, lá no Rio Grande do Sul, ela ter transmitido isso ao meu neto, Eduardo. Ele me contou que me viu ajudando nas coisas em Pomerode, e disse que ajudou a receber e descarregar as doações em Cachoeirinha. É uma sensação indescritível saber que meu legado continuou lá, com a ajuda dele. Foi o maior presente que eu poderia receber”, destaca Loraine.

Marilene finaliza fazendo um convite a quem tiver o desejo latente de fazer o bem. “Para mim, o mais emocionante foi ver as imagens das doações sendo entregues, ver a alegria deles. Para quem puder, ajude, porque é algo que faz bem para nossa alma. Quem se sentir triste solitário, busque ajudar alguma causa, porque além de você ajudar o próximo, irá se sentir útil, faz um bem pra sua alma e faz muitas amizades novas”, finaliza.

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