Dedicação em cada peça consertada: conheça a história de Casturina Nair Dias
Casturina de 77 anos, atua na Rede Feminina com o conserto das peças de roupa para o brechó e fala sobre a gratidão em poder ajudar ao próximo

Foto: Isadora Brehmer / JP
Para que as peças disponíveis no brechó da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pomerode estejam em perfeitas condições para quem opta por adquirir algumas delas, o trabalho de uma pessoa muito especial é fundamental.
Dona Casturina Nair Dias, de 77 anos, atua na RFCC Pomerode, sendo responsável pelos consertos nas peças que chegam para serem destinadas ao brechó. Sua história junto à Rede começou graças à filha, Eliana Goretes, que é enfermeira da instituição há alguns anos.
“Eu me formei em Enfermagem no fim de 2011 e, no ano seguinte, surgiu uma norma do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina exigindo que fosse um profissional de Enfermagem e não mais um técnico a fazer a coleta do exame preventivo. Portanto, a Rede Feminina de Pomerode contratou a primeira enfermeira, que fui eu. Permaneci nesta função na RFCC por dois anos e então saí. Depois, de 2014 a 2020, estive algumas vezes atuando na Rede, cobrindo algumas licenças, até ficar permanentemente aqui, após a pandemia, completando cinco anos em março”, conta Eliana.
Pelo envolvimento da filha na Rede Feminina, dona Casturina também passou a fazer parte do grupo das “rosinhas” e atua nos reparos das roupas para o brechó há dois anos.
“Como eu já estava aposentada e surgiu a oportunidade de vir trabalhar na Rede, eu aceitei e abracei a ideia, porque eu amo poder ajudar as pessoas, especialmente com a costura. Eu e minha família moramos em Pomerode há 45 anos e, além de estar aqui na Rede Feminina também faço visitas para irmãos da igreja Congregação Cristã no Brasil”, conta dona Casturina.
A filha, Eliana, comenta que o trabalho de dona Casturina na Rede Feminina também surgiu devido à relação dela com o voluntariado e à necessidade de ela ter uma ocupação após a sua recuperação de uma doença.
“Depois que a minha mãe adoeceu e se recuperou da doença, ela passou a precisar de alguém constantemente o seu lado. No início, como eu tenho meus dias de trabalho na Rede, uma das minhas irmãs ficava com a nossa mãe. No entanto, a rotina dela mudou drasticamente, passou a não ter muitas atividades, e minha mãe costurava desde jovem, consertando roupas da família, além de trabalhar na roça. A vida inteira eu me lembro da minha mãe costurando, então eu a trouxe para a Rede para lhe proporcionar uma atividade que ela gostava, além dela poder ajudar outras pessoas, algo que ela também sempre adorou”, comenta Eliana.
Ainda de acordo com a Enfermeira, há muitas pessoas em Pomerode que conhecem dona Casturina e que buscavam o auxílio dela com concerto de roupas, dos mais diversos modelos. Portanto, na Rede Feminina, com o conserto das roupas do brechó, a aposentada tem a oportunidade de fazer o que gosta.

Eliana e a mãe, dona Casturina. (Foto: Isadora Brehmer / JP)
“Todas as terças-feiras pela manhã, eu levanto cedo e venho para a Rede, com a Eliana. Aqui é ótimo, temos a companhia de mais pessoas. Passo a manhã toda na Rede Feminina, consertando as roupas para o brechó e, à tarde, eu faço visitas para os irmãos da igreja. A quantidade de roupas para arrumar varia muito, em alguns dias há poucas peças, em outros há uma caixa cheia, e são sempre diversos modelos, tecidos e tamanhos. Normalmente, eu consigo terminar tudo em uma manhã, mas caso eu não termine, levo para casa e deixo tudo pronto para a próxima semana”, afirma dona Casturina.
A filha de dona Casturina também comenta que o sentimento em poder ver a mãe recuperada é de alegria e poder tê-la consigo no dia a dia, especialmente na Rede Feminina, é motivo de gratidão.
“Ela vir para a Rede Feminina também vem de encontro ao nosso desejo de demonstrar esta gratidão por ela ter se recuperado, ajudando a outras pessoas, talvez até que precisem mais. Eu acompanho muitas pacientes que enfrentam a descoberta da patologia e o tratamento, e que fazem parte dos grupos das terapias, que vêm para o grupo de artesanato e é possível perceber o quanto isso faz bem, assim como fez bem para a minha mãe começar a vir para a rede depois de se recuperar. Ver pessoas diferentes, estar em um ambiente diferente e ter contato com pessoas que precisavam deste carinho tanto quando ela, trouxe mais energia e vontade de viver e ajudar. Tudo isso nos potencializa como seres humano, como profissional”, pondera Eliana.

Dona Casturina e a coordenadora do brechó da RFCC Pomerode. (Foto: Isadora Brehmer / JP)
A rotina de Dona Casturina, além de ser preenchida com o trabalho na Rede Feminina às terças-feiras, consertando as roupas que irão para o brechó, tem ainda o serviço de sua casa, as sessões de Pilates uma vez por semana, além das costuras em casa e das visitas aos irmãos da igreja. Além disso, dona Casturina adora passear e, sempre que pode, visita algum lugar.
Para a aposentada, o sentimento em poder ajudar a comunidade, por meio do trabalho realizado na Rede Feminina, é motivo de orgulho e felicidade. “Estar aqui ajudando, mesmo que apenas com a costura destas peças, me traz muita alegria, porque é algo que eu gosto de fazer e por meio do qual eu posso ajudar alguém. Isso, para mim, é o mais gratificante”, reforça a aposentada.
A filha e enfermeira da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pomerode, também fala sobre a emoção em ver a mãe recuperada após ter ficado doente e, de novo, dedicando-se a ajudar as pessoas, algo que sempre foi exemplo em sua vida.
“Me emociona vê-la se dedicando a este trabalho aqui na Rede Feminina e se dedicando tanto a ajudar as pessoas. E eu trago este exemplo da minha mãe comigo. Sou bombeira voluntária há 21 anos no município e a vontade de ajudar as pessoas é algo que herdei dela. Eu acredito muito que todos nós viemos com um propósito na terra, do quanto nós podemos nos doar pelo próximo e pelo bem comum. No caso da minha mãe, pode parecer pouco, mas ela faz os consertos com tanto carinho, pensando em que aquela peça de roupa pode ser essencial para alguém”, frisa.
“Quando eu vejo alguém comprando alguma peça no brechó, gostando do que encontrou e sabendo que eu ajudei no conserto e preparação daquela peça, representa uma alegria muito grande e sou grata por vivenciar isso”, finaliza Casturina.