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Dedicação à perícia criminal

Pomerodense Anderson Oenning fala um pouco sobre os mais de quatro anos de trabalho como perito criminal

2 de fevereiro de 2025

Foto: Arquivo pessoal

A atuação na perícia criminal exige conhecimento técnico e dedicação à busca pela verdade, em um contexto marcado pela complexidade das investigações criminais.

Anderson Oenning, perito criminal da Polícia Científica de Santa Catarina, compartilha sua experiência de mais de quatro anos na área, destacando os desafios e aprendizados da profissão. Nomeado pelo Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) em junho de 2020, Anderson iniciou sua jornada como perito criminal nos setores de Toxicologia Forense e Química Forense. Desde fevereiro de 2024, ele integra a Polícia Científica de Santa Catarina, atuando no laboratório de análises de drogas, em Blumenau.

A escolha pela carreira na perícia criminal surgiu ainda no ensino médio, quando Anderson acompanhava um caso de grande repercussão. O trabalho dos peritos criminais o impressionou, levando-o a considerar a profissão como uma forma de aliar conhecimentos técnicos e científicos à busca pela justiça. Em meio à dúvida entre cursar Medicina ou Química, ele optou pela última, reconhecendo a possibilidade de atuar tanto em laboratórios quanto em locais de crime. Essa escolha foi motivada pelo desejo de contribuir para a promoção da justiça e da verdade.

Anderson enfatiza que um dos maiores desafios da perícia criminal é lidar com o lado mais cruel do comportamento humano. A rotina de trabalho frequentemente expõe os peritos a situações que muitas pessoas considerariam insuportáveis. Mesmo com o tempo e a experiência, algumas situações ainda causam desconforto, especialmente em casos violentos envolvendo crianças ou situações brutais. A manutenção do profissionalismo é essencial, mas os desafios emocionais são inevitáveis.

Na Polícia Científica de Santa Catarina, Anderson tem como principais atribuições a análise de materiais apreendidos pelas autoridades policiais, para determinar a presença de substâncias proscritas, como drogas.

Utilizando técnicas padronizadas, é possível identificar com alta confiabilidade a composição das amostras, permitindo que as autoridades policiais tomem as medidas necessárias, como prisões em flagrante ou liberação de suspeitos. Além disso, Anderson também realiza coletas de material biológico de familiares de pessoas desaparecidas, contribuindo para o banco nacional de perfis genéticos e auxiliando na identificação de vítimas.

Outro aspecto importante do trabalho da Polícia Científica é a atuação no Instituto Médico Legal (IML). Esse setor é responsável por necropsias e exames periciais em vivos, como exames de lesão corporal e agressão sexual. Os peritos médico-legistas, por meio dos achados necroscópicos, conseguem determinar causas de morte e encontrar vestígios que auxiliam na compreensão dos acontecimentos que levaram ao óbito.

A perícia criminal é essencial em diversos tipos de ocorrências, como homicídios, roubos, incêndios criminosos e acidentes. A coleta e a análise de vestígios encontrados na cena do crime — incluindo armas, materiais biológicos, digitais e marcas — são fundamentais para reconstruir os fatos. Além disso, a Polícia Científica também atua na emissão de carteiras de identidade, identificação criminal e análises laboratoriais de química, toxicologia e genética forense.

Foto: Arquivo pessoal

 

Para além da rotina de trabalho, Anderson destaca como a perícia científica pode ser um instrumento fundamental na resolução de crimes que, sem o suporte técnico, poderiam permanecer sem solução.

“O trabalho pericial não é apenas técnico; ele carrega a responsabilidade de representar a vítima e garantir que a justiça prevaleça”, explica Anderson.

Isso se reflete em casos marcantes que vivenciou ao longo da carreira. Em um deles, no Rio Grande do Sul, o uso de luminol em um veículo suspeito revelou uma mancha de sangue que foi, posteriormente, confirmada como sendo da vítima. Essa evidência foi crucial para vincular o veículo e seu condutor à cena do crime, contribuindo para a elucidação de uma tentativa de homicídio.

Outro exemplo significativo é a atuação nos casos de identificação humana por meio de análise genética. Anderson destaca a importância do banco nacional de perfis genéticos, que não só auxilia na identificação de vítimas como também estabelece conexões em investigações de crimes interestaduais.

“Cada perfil genético incluído no banco é uma peça no quebra-cabeça da justiça”, afirma. Para Anderson, um perito criminal deve possuir conhecimentos em diversas áreas, como biologia, química, engenharia e criminalística. É fundamental dominar técnicas de coleta e análise de vestígios, bem como ter habilidades de documentação e elaboração de laudos. A atualização constante sobre novas tecnologias e metodologias é indispensável para aprimorar o trabalho desenvolvido em busca da verdade e da justiça.

Ele enfatiza ainda o papel da perícia criminal na prevenção de crimes e na educação da sociedade.

“Quando o público entende o rigor científico envolvido na análise criminal, há uma valorização maior do papel da ciência no sistema de justiça”, observa.

Essa conscientização pode ser um passo importante para reduzir a criminalidade e fomentar uma cultura de maior respeito às leis. A experiência de Anderson Oenning é um retrato do comprometimento e da relevância da perícia criminal no sistema de justiça. Seu trabalho evidencia como o conhecimento científico pode ser aplicado para esclarecer crimes e promover a justiça, contribuindo significativamente para a segurança e a paz social. Com a ciência como aliada, peritos como ele seguem desvendando mistérios e assegurando que a verdade prevaleça.

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