Da Itália para Pomerode: um contato com novas pessoas
Intercambistas italianos falam sobre primeiro contato com o Brasil e as expectativas para os próximos meses, em Pomerode
Fotos: Raphael Carrasco / JP
Uma oportunidade de conhecer novas culturas, pessoas e lugares. Por meio do AFS Intercultural, intercambistas têm a possibilidade de estarem em outros países para ter contato com os estudos, aliado a novas experiências em um outro país.
Esta oportunidade está presente na vida de Victoria Lai e Alessandro, jovens de 17 anos, que saíram da Itália, rumo ao Brasil, após vagas abertas de intercâmbio da AFS. Ambos chegaram ao entre o fim do mês de julho e o início de agosto.
Alessandro está estudando no Colégio Sinodal Doutor Blumenau e Victoria ingressou no Colégio Fátima. O jovem escolheu o país pois a cultura e as tradições lhe chamaram a atenção e resolveu desembarcar em solo brasileiro para conhecer melhor e ver de perto como funciona a realidade por aqui.
No primeiro contato, Alessandro conta que as pessoas foram muito amigáveis e receptivas com a sua chegada, principalmente sua família anfitriã, que recebeu o jovem em sua casa e também os novos colegas do terceiro ano do Ensino Médio, no Colégio Doutor. Daqui para frente, o adolescente terá até dezembro várias oportunidades para fazer novos contatos e aprender um pouco mais de português, um dos seus principais objetivos.
“Eu gostei muito do português, acho um idioma difícil mas encantador. Nesses próximos meses, pretendo me dedicar bastante aos estudos, para poder falar melhor o idioma, já que ainda não domino muito e estou tendo dificuldades para me comunicar, neste primeiro contato com meus novos colegas. Mas estou conseguindo falar com os novos amigos e também com a família anfitriã, que me abraçou nessa jornada até dezembro”, conta o italiano.
Morador de uma pequena cidade próximo à icônica Veneza, o jovem conta que o método de estudo e também o contato com os professores são diferentes comparados à educação italiana.
“A escola aqui é totalmente diferente do que é na Itália. Honestamente, prefiro como é aqui do que em meu país. Aqui os professores são mais amigáveis e a maneira que eles ensinam é mais alegre, por lá, não temos isso, os professores são mais sérios. Lá, as aulas começam de manhã e seguem até às 14h. E também temos aula no sábado. Como estamos no verão, na Europa, agora são as férias escolares e as atividades retornam no meio de setembro”, explica o estudante.
“Em fevereiro, ganhei uma bolsa pra vir ao Brasil”
Victoria, também de 17 anos, é a outra jovem que teve uma oportunidade de estudar em solo brasileiro. Ela recebeu a notícia de que estava incluída no programa de intercâmbios da AFS no mês de fevereiro e se empolgou com a possibilidade de chegar ao Brasil para estudar e aperfeiçoar o português, já que começou a aprender o idioma de forma autônoma, on-line.
Ela, que também chegou no começo de agosto, conta que a primeira coisa que lhe chamou a atenção, foi a receptividade de seus novos colegas e também da família, assim como Alessandro, que também enalteceu essas situações. Victoria conta que tinha um pouco de medo em fazer novas amizades, por conta do idioma, mas está conseguindo se comunicar com seus novos colegas, já que consegue falar o português básico.
“Eu ainda quero aprender mais o português. Eu aprendi tudo sozinha no começo, mas agora, com os professores, posso aperfeiçoar ainda mais. É um idioma bem complexo e fiquei com um pouco de medo em não conseguir falar a língua. Mas tudo neste primeiro momento está ocorrendo bem e minhas expectativas são muito grandes até janeiro, mês em que retorno para a Itália”, conta.
Victoria, que também já foi para a Alemanha, ressalta que Pomerode realmente lembra algumas cidades as quais visitou quando teve a oportunidade de conhecer o país germânico.
“Eu fiquei surpresa com Pomerode. Muitas coisas lembram cidades pequenas da Alemanha. Uma coisa que remete muito é a arquitetura, pois as construções lembram muito o estilo do que vi por lá”, relata.
Por fim, além da receptividade de seus novos colegas, o que também lhe agradou foi a culinária e os pratos que já provou, no Brasil.
“Eu amei a comida daqui! Gostei muito dos pratos que têm nos restaurantes, pois aqui os almoços são mais variados do que lá na Itália. A pizza, ainda prefiro a nossa, pois já vi algumas pessoas comendo com ketchup, isto lá é um crime (risos). Mas de forma geral, amei a culinária brasileira e estou aproveitando máximo que dá”, finaliza.
Abraçando intercambistas
João Marcos Beber, presidente do comitê Vale Europeu do AFS, que também já teve a oportunidade de fazer intercâmbio para a Alemanha, falou sobre a importância e relevância que o programa tem, para a comunidade.
“É uma troca cultural. Eu já tive oportunidade, pelo AFS, de realizar o intercâmbio, para estudar e outra para trabalho voluntário, ambos na Alemanha. Você conhece novas culturas, pessoas e costumes. E digo mais: Esta troca de experiências culturais também ocorre quando a família anfitriã recebe um intercambista, afinal, isto acaba sendo um ‘intercâmbio’ local de quem está recebendo, pois você também acaba aprendendo mais sobre as tradições da pessoa que chega de outro país”, conta.
O AFS começou sua história no Brasil em 1956 e desde então já enviou e recebeu cerca de 14.000 intercambistas, fez parcerias com cerca de 3.000 escolas e se tornou parte da vida de mais de 5.000 famílias hospedeiras. Hoje, o AFS Intercultura Brasil conta com quase 1.000 voluntários que formam uma rede de atuação em mais de 100 cidades do Brasil, onde possibilitam a realização de nossos programas e desenvolvem as atividades que apoiam as experiências interculturais de todos os envolvidos.