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Belezas Ocultas que promovem conexões

Maria Eduarda Cristofoletti, moradora de Pomerode e diagnosticada com autismo suporte 1, é convidada para expor trabalhos de arte digital na galeria municipal

4 de agosto de 2024

Foto: Isadora Brehmer / JP

A arte sempre fez parte da vida da jovem Maria Eduarda Cristofoletti, de 16 anos. E agora, mesmo com a juventude, a estudante já vivencia a experiência de ter o seu trabalho exposto.

Em uma exposição em conjunto com o artista Cristiano Chaussard, Maria Eduarda, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista de suporte 1, tem a chance de divulgar seus trabalhos com arte digital pela primeira vez.

A estudante revela que o seu lado artístico foi despertado muito cedo. “Sempre desenhei e gostava muito, desde criança. Minha família tem relação coma arte, principalmente o meu pai, que sempre foi muito criativo. A arte digital começou a despertar meu interesse depois, quando pude ter acesso ao trabalho de outros artistas”, conta Maria Eduarda.

Ela começou a se aventurar na arte digital por volta dos seus 13 anos de idade, tentando expressar sua visão artística apenas pelo celular.

“Eu desenhava no celular, com o dedo mesmo, sem ter uma mesa digitalizadora, por exemplo. Era algo que eu fazia para me divertir, era um passatempo, mas fui aprendendo muito também. Quando ganhei minha primeira mesa, eu já tinha mais familiaridade, já conhecia os termos, como funcionavam as camadas, então ficou mais fácil”, relembra.

Assim, aos poucos, Maria Eduarda foi gostando cada vez mais da arte digital, bem como desenvolveu suas habilidades artísticas. A preferência pela arte digital também foi ampliada por ser um conhecimento importante pensando em carreira na indústria e em áreas da inovação.

“A minha primeira mesa digitalizadora foi um presente dos meus pais, que eu ganhei por volta de 2019, 2020. E hoje tenho uma nova, que foi um presente do Cristiano, que também me convidou para expor junto com ele, na Galeria. Eu o conheci quando estava cursando o 1º ano do Ensino Médio, e o Cristiano esteve na escola onde estudo para dar uma palestra. Ouvir a história dele me ajudou com diversas dúvidas que eu tinha, na época, e achei muito legal conhecê-lo, por ser um artista brasileiro da área da arte digital. Fui conversar com ele, mostramos desenhos um para o outro, comentei que não tinha mais a mesa, e durante esta conversa ele me convidou para fazer uma exposição com ele. Depois de um tempo, ele também me deu a mesa digitalizadora”, revela Maria Eduarda.

Na exposição em parceria com Cristiano, intitulada Belezas Ocultas, Maria Eduarda expôs 11 desenhos seus, além de alguns outros trabalhos que fez quando era mais nova ou que não havia terminado, bem como coisas que sua mãe gosta.

Foto: Isadora Brehmer / JP

 

“Uma das que eu mais gosto é uma que retrata duas águias. Tenho uma afinidade enorme com pássaros e, neste desenho, retratei quando elas passam a uma próxima etapa do relacionamento. E junto desta tem outras que também ficaram muito bonitas. Por isso, é algo bem especial para mim ter esta exposição com o Cristiano, é um orgulho. Eu passei a admirar o trabalho dele, gosto como ele retrará a emoção e como usa as cores para isso, em seus trabalhos”, afirma a estudante.

Para Maria Eduarda, a arte tem um significado muito especial e lhe trouxe experiências valiosas para seu desenvolvimento pessoal.

“Eu acho que a arte conta histórias, que é algo que eu gosto muito, e com a exposição, eu percebi que gosto da arte por também conhecer pessoas que gostam de arte. Gosto de conversar com elas, falar sobre arte. E montando a exposição, tive muitas interações com pessoas que tem a mesma paixão, o que é muito importante para mim e me proporcionou uma experiência muito boa. A arte envolve pessoas, como um todo, algo que eu acho fantástico”, declara.

Cursando o 3º ano do Ensino Médio, Maria Eduarda afirma que, um dia, pretende incluir o trabalho com arte digital em sua carreira. “Quero muito que o trabalho com a arte digital seja o meu emprego, mesmo que não seja logo, quero muito que a arte digital seja o meu sustento, algum dia. Eu serei muito feliz se isso acontecer”, afirma.

A mãe de Maria Eduarda, Anna Paula Duarte, presidente da AMA Pomerode, resume o sentimento em ver sua filha mais velha realizando um desejo com a exposição e, assim, vivendo novas experiências, com a palavra orgulho.

“Para mim é emocionante vê-la com esta exposição, e agradeço muito ao que o Cristiano estar fazendo por ela, pois ela é um orgulho para mim, uma filha fantástica e muito talentosa. A arte da Maria Eduarda é incrível e o próprio Cristiano afirmou que ela tem muito potencial, e está sendo um grande motivador neste caminho. Acredito que até o tema da exposição se encaixou muito coma nossa realidade, de Belezas Ocultas, o que escondemos em nós, e o que ela guarda consigo em relação ao autismo, mas que consegue expressar por meio da arte”, finaliza.

Arte: Maria Eduarda Cristofoletti

 

Arte: Maria Eduarda Cristofoletti

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