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Amor em dose dupla, com um acréscimo especial

Mãe de duas crianças, uma delas com Síndrome de Down, fala sobre desafios da rotina e como conciliar a relação com os dois filhos

14 de maio de 2023

Foto: Arquivo pessoal

Conciliar o papel de mãe com as obrigações profissionais, além de administrar a relação entre filho mais velho e caçula. Pode parecer simples, mas no dia a dia torna-se desafiador.

Para Bruna Luisa Romig Duarte, mãe de Noah Lorenzo Duarte, de seis anos, e de Liz Aurora Duarte, de quatro, podemos acrescentar, ainda, os desafios de ser mãe de uma criança com Síndrome de Down, já que a pequena Liz é portadora da Síndrome.

A secretária revela que a sua vivência com as experiências relacionadas ao “ser mãe”, começaram com uma surpresa, já que a sua primeira gravidez não foi planejada. “Pensava em ser mãe, mas não foi planejado, então, o susto foi grande. A gestação do Noah foi tranquila, amava estar grávida, tinha alguns desconfortos mas já esperados e tudo foi tranquilo. Curti bastante a barriga e amava meu corpo, gerando meu filho”, conta.

Quando vivenciava a sua primeira experiência como mãe, logo começaram a surgir os primeiros desafios. Um deles, foi justamente a adaptação à nova rotina, além da habilidade de filtrar todos os conselhos e sugestões, mesmo que com a intenção de ajudar, que vinham de pessoas conhecidas.

“Tinha vontade de agradar a todos em meu redor, e acabei criando um obstáculo para interação, aprendizado e construção desse relacionamento meu com meu filho. Quando enfim decidi fazer da nossa melhor forma, o Noah já tinha quatro meses, foi quando as coisas começaram a se ajeitar de uma forma muito mais tranquila e a maternidade então começou a ser bem mais prazerosa e deliciosa de viver. Meu marido e eu optamos por eu não trabalhar fora enquanto o Noah era pequeno, abrimos mão de muitas coisas, mas não nos arrependemos disso. Tive o privilégio de ficar com ele em casa”, comenta Bruna.

E, quando o Noah ainda era pequeno, com apenas um ano e quatro meses, veio a segunda gestação de Bruna, da qual nasceu a pequena e especial Liz.

Foto: Arquivo pessoal

 

“A gestação da Liz também foi muito tranquila. Não teve muitas diferenças da primeira. Na gestação da Liz, a diferença maior era que as contrações de treinamento iniciaram bem cedo, mas nada que me atrapalhasse no dia a dia. Descobrirmos a síndrome de Down na hora do parto, foi tudo muito intenso. Muita angústia, medos, afinal, as informações que tínhamos eram bem diferentes do que realmente é, e não sabíamos o que fazer. O desafio inicial foi aceitar a Liz como ela é, e entender que ela não é a síndrome de Down, ela é a Liz, uma criança com cabelos castanhos, sobrancelhas definidas, boquinha em formato de coração, pezinhos pequeninhos, olhinhos puxados, e com síndrome de Down que no caso, é apenas uma das várias características que ela tem”, enaltece a mãe.

Bruna também afirma que alguns familiares e amigos foram cruciais nesse processo de aceitação, receberam a notícia da síndrome e acolheram e amaram a Liz de uma forma que nunca esquecerão.

 

Conciliando atenção e cuidado com dois filhos

Bruna afirma que o amor por cada um de seus dois filhos, em sua experiência, foi construído principalmente após o nascimento deles. “Eles estavam dentro de mim, mas não os conhecia ainda. Quando engravidei da Liz, tinha uma preocupação enorme, pois tinha um amor muito grande pelo Noah, e achava que não iria conseguir dar conta e que não iria amar ela o tanto que amava/amo o Noah. Mas o amor era e é incrivelmente igual para com os dois”.

Na parte mais prática do dia a dia, segundo a mãe, ela sempre buscou envolver o Noah em tudo, e conciliar a atenção entre eles, e isso é algo que com certeza foi pela graça de Deus que Bruna conseguiu, de acordo com suas palavras.

“Consegui dar atenção a um menino de dois anos e três dias de diferença de uma pré-maturinha apressada, que tinha algumas necessidades especiais, de uma forma equilibrada. Esse era um medo gigantesco, então hoje, me orgulho disso. Vêm conselhos de vários lugares, alguns bons outros nem tanto, mas ficamos felizes pois as pessoas querem cooperar, que privilégio sermos amados e termos tantas pessoas querendo ajudar, não é mesmo? Mas filtramos os conselhos e buscamos entender em Deus o que Ele quer que façamos e o que é o melhor para nós. Enfatizo que a melhor forma será descoberta entre a mamãe e o bebê, e esse processo é delicioso demais quando vivido de forma tranquila e leve”, ressalta a mãe.

Bruna finaliza citando uma passagem bíblica, a qual ela carrega como inspiração e conforto, em sua rotina. “’Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção. Salmos 139:13‭-‬14’. Temos filhos feitos de modo especial e admirável, que privilégio, que honra que maravilhoso isso”, frisa.

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