A força da mulher, voltada para a terra
Moradora de Pomerode se dedica à propriedade rural, cultivando de forma orgânica
Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode
A agricultura ainda é uma das atividades mais importantes de Pomerode, pois faz parte de uma tradição de dedicação à produção rural, existente desde os tempos da imigração. Hoje, são diversos produtores na cidade, desde os que trabalham com grande produção, até os agricultores que trabalham para subsistência.
É o caso da produtora rural Edeltraud Hang, moradora do bairro Wunderwald, que tem uma propriedade na qual planta para consumo próprio, de forma orgânica. Natural de Ituporanga, Edeltraud conta que o trabalho com a terra sempre esteve presente na história de sua família, uma vez que os pais e os avós também eram agricultores.
“Eu nasci em uma família de agricultores, então sempre tive este contato com a terra, mas em uma época bem diferente de hoje, quando a maioria das famílias dependia do que produzia. Também, meus pais, na época, não tinham muita preocupação em preservar. Eles seguiam o que grande parte dos produtores fazia: derrubavam área de mata, produziam até a terra ficar esgotada e depois buscavam uma nova área e eu, vendo isso, já tinha um outro pensamento. Meu sonho sempre foi ter, um dia, trabalhar de uma forma diferente em minha propriedade”, conta Edeltraud.
No entanto, este desejo de ter seu próprio pedaço de terra, acabou sendo adiado. Edeltraud se casou, construiu uma família e foi morar em uma grande cidade, a capital do estado, Florianópolis. Lá, ela trabalhou com confeitaria, especializando-se na área e atendeu aos professores e colaboradores da Universidade Federal de Santa Catarina. Após alguns anos, mudou-se para Blumenau até que, há sete anos, escolheu realizar o sonho de ter uma propriedade rural, após 25 anos morando em áreas urbanas.
“Ter a minha terra era um sonho meu. Morar em Florianópolis, bem perto da praia, também foi um sonho e foi bom enquanto durou. Mas chegou um momento em que eu quis voltar às origens, de uma propriedade rural. Hoje, o meu sonho está realizado, principalmente pela tranquilidade”, destaca.
Atualmente, a propriedade tem 1/2 hectar de área total, sendo que metade é cultivada. Na área de mata é mantido o distanciamento do rio e Edeltraud afirma que reside há sete anos no local. Mesmo que fosse uma área bem degradada, ela e o marido investiram no local e recuperaram a terra, para que fosse cultivável, com o auxílio da Epagri, em relação ao conhecimento para tal.
“Quando morei na área urbana, sempre busquei manter uma horta, para consumo próprio, pelo menos com as verduras. Durante estes anos, fui estudando, buscando conhecimento, fiz alguns cursos, em outras áreas, tudo já com mais de 40 anos e, para poder preparar a minha terra e cultivar aqui, busquei auxílio na Epagri”, conta.
Na propriedade da dona Edeltraud, quem cuida de praticamente tudo é ela. Seu marido apenas auxilia aos fins de semana, pois não é da área da agricultura. A produtora rural comenta que planta de tudo um pouco, falando com animação sobre a variedade que mantém em sua propriedade.
“Eu planto feijão, milho, faço meu próprio fubá, faço pão, com sobras de verduras eu faço conservas, tenho alho, cebola, hortaliças, tomate, morango, cana de açúcar, tenho um pomar com várias frutas, tudo para consumo próprio. O que sobra do nosso consumo eu vendo e estes recursos eu aplico em investimentos para manter a propriedade”, explica a produtora rural.
A dedicação com a sua terra é uma tarefa que exige a semana inteira de dedicação. Dona Edeltraud começa cedo, de manhã, principalmente em dias de sol, para estar com o serviço na plantação pronto quando o sol estiver em seu ponto mais alto. Em casa, a tarefa é também a produção de conservas e geleias que, inclusive, já possuem uma clientela fiel, durante o ano inteiro.
Mas é no campo que dona Edeltraud se realiza e a produtora rural comenta quais são as variedades com as quais ela mais gosta de trabalhar.
“Uma das mais fáceis, que eu gosto mesmo de cultivar é o feijão, assim como o milho. Dependendo de como for o clima, a exemplo do que foi este ano, a horta é o mais difícil, com o tomate, o pimentão, são mais difíceis em campo aberto, como eu tenho. Também tenho um pomar, e a dificuldade era com alguns problemas que antigamente não existiam, e para isso precisei de ajuda, porque eu não trabalho com herbicidas, com agrotóxicos, minha produção é orgânica e, neste sentido, o apoio da Epagri foi muito importante”, destaca a produtora rural.
Como seu objetivo sempre foi viver da terra, de uma forma diferente de como era feito há alguns anos, foi na Epagri que dona Edeltraud encontrou o apoio e as informações que precisava.
“Eu aprendi a fazer análise antes de plantar, adubar de uma forma correta, plantar na época certa e nestas questões a Epagri foi fundamental. Hoje posso dizer que minha propriedade é um sonho realizado que agrega qualidade de vida”, finaliza.