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50 anos de união, parceria, empreendedorismo e fé

Claudete e Salézio Martins, fundadores do Grupo Kyly, falam sobre a união, o amor entre eles, e a criação da empresa

30 de março de 2024

Foto: Raphael Carrasco / JP

Quatro filhas, seis netos e outras famílias envolvidas nesta história de amor, parceria, companheirismo e força. Salézio e Claudete Martins, empresários fundadores do Grupo Kyly, completaram 50 anos de casamento e celebraram suas Bodas de Ouro no mês de fevereiro.

O casal se conheceu no ano de 1972, bem no início daquele ano. “Na época, eu morava em uma pensão e os donos da pensão passavam as férias ao lado da casa de quem seria o meu futuro sogro. Conheci a Claudete quando ela veio passar alguns dias com eles e foi amor à primeira vista. Costumamos dizer que foi um raio que atravessou o coração e depois dali não teve jeito”, conta Salézio.

“Lembro que, quando eu cheguei naquela pensão onde ele estava, Salézio não estava ainda lá. Foi meados do mês de janeiro e eu tinha 18 anos. Conheci ele nos últimos três dias, logo iria embora, mas conversamos naqueles dias e ele veio atrás de mim depois”, completa Claudete.

O casal iniciou o namoro e, durante este período, Salézio ia de ônibus até Porto Belo, depois pegava um táxi e ia até Bombinhas para encontrar Claudete, que morava no município litorâneo. O namoro durou dois anos e o casamento foi em 09 de fevereiro de 1974.

Segundo o casal, o principal segredo para um casamento ser duradouro, como é o caso deles, é ter respeito, união e parceria, características que sempre estiveram presentes em sua relação.

“Para mim a dificuldade, no início, foi sair da casa dos meus pais, pois não queria sair de casa e deixar Bombinhas, que era maravilhosa. Quando viemos para Blumenau, logo engravidei e depois logo tive a segunda filha. Com dois anos de casados já tínhamos duas filhas e sempre ajudei mais em casa, encontrando formas de ganhar o meu dinheiro e ajudar, por exemplo costurando roupas infantis para uma loja do meu sogro. Eu e Salézio sempre fomos muito parceiros e tínhamos o sonho criar alguma coisa para o futuro dos nossos filhos”, destaca Claudete.

O espírito empreendedor sempre esteve presente no casal, especialmente devido aos exemplos recebidos dos pais. Salézio relembra que montaram um restaurante rústico, no litoral, de frente para o mar, em uma área de seu sogro, e esta foi uma forma de aprender marketing de maneira prática.

“Aprendemos que, se um cliente tem um desejo, temos que encontrar uma forma de atender a este desejo. A lição foi saber como é importante atender bem ao cliente e serviu para o futuro, com a abertura da empresa, onde sempre procuramos aperfeiçoar o nosso trabalho em relação aos clientes, para que ele seja bem atendido, além de torcer sempre pelo sucesso dele”, destaca.

Casamento ocorreu em 1974. (Foto: Arquivo pessoal)

 

O jornalista e empreendedor também falou do exemplo do pai, que tinha este espírito criativo e trabalhador. “O meu pai e a minha mãe eram muito trabalhadores, atuavam na roça. Depois meu pai foi para o centro da cidade de Presidente Nereu, onde ele montou inicialmente uma oficina, uma marcenaria, depois uma loja. Viemos para Blumenau e meu pai era alguém que estava sempre buscando fazer coisas novas, com ideais novas, e isso passou naturalmente a mim e aos meus irmãos”, comenta Salézio, com carinho.

O casal também frisa a importância da fé na construção de toda a sua vida em família. “Meus pais eram ministros da eucaristia, frequentadores da igreja, assim como todos nós. Eu fui seminarista, assim como dois irmãos meus, e minhas irmãs foram para o convento, então tivemos uma base religiosa forte. Quando colocamos Deus em nossa vida e colocamos nossas tarefas e conquistas nas mãos Dele, tem uma possibilidade grande de dar certo”, completa o empresário e jornalista.

Casal com as filhas, Karine, Michele, Taciane e Naraline, e suas famílias. (Foto: fotos: Pedro Waldrich)

 

O surgimento da Kyly

A história do Grupo Kyly, hoje a maior indústria têxtil kids do País, começou quando Claudete confeccionava roupas infantis. Salézio relembra que, um dia, foi fazer uma cobertura jornalística de um incêndio em um galpão de algodão e começou a pensar ainda mais sobre o sonho de ter o negócio próprio.

“Pensei ‘bom, se nós fizermos nossa própria malha, conseguimos fazer um produto mais barato’ e aquilo era um sonho nosso. Foi aí que tudo começou, compramos algumas máquinas usadas da Hering, começamos a tecer, vender para pequenos confeccionistas. Em 1986 teve o Plano Cruzado, então houve uma grande demanda de malha, e começamos a tecer em outras empresas de Blumenau e vendíamos rolos de malha. Quando botamos o nome da empresa de Kyly, era o apelido de nossa terceira filha, Karine, e eu me lembro que falei ‘vamos colocar o nome de Kyly, se um dia entrarmos no ramo de confecção, teremos uma etiqueta infantil’, e foi como uma profecia, pois foi o que aconteceu depois”, conta.

Em alguns anos, começaram a confeccionar as roupas infantis, com a marca Kyly, e, posteriomente, surgiram outras marcas, como a Milon, que é a marca Premium, com mais de 100 lojas, seguida pela Nanai (infantil), Amora (feminino teenager), e Lemon (masculino teenager).

Foto: fotos: Pedro Waldrich

 

Para Salézio, a satisfação maior é saber que conseguem fazer a diferença na vida da comunidade, por meio da geração de empregos. “A empresa continua lutando, crescendo, e minha maior satisfação é conseguir empregar tantas pessoas. Atualmente, temos 2.600 pessoas registradas na empresa, além de pessoas empregadas em confecções, sendo 1.300 costureiras em pequenas confecções que trabalham exclusivamente com o Grupo Kyly”, frisa.

Claudete complementa, falando sobre o sentimento de felicidade em saber do bem que fazem a tantas famílias, com os empregos gerados.

“Começamos inicialmente pensando em dar uma vida melhor aos nossos filhos, e não imaginamos que se tornaria tão grande. Começamos na garagem de casa, em Blumenau, mas fomos expandindo conforme a necessidade ia crescendo. Quando viemos para Pomerode, achamos que um espaço de 5 mil m² seria muito grande, e hoje estamos em um espaço de 50 mil m² construídos. Tudo isso nos deixa muito felizes, pois houve a necessidade de ter mais colaboradores, e nos traz felicidade saber que ajudamos famílias e o município. Mas também é uma responsabilidade, pois é da nossa empresa que vem o sustento destas famílias. É algo que nos alegra e nos dá força para continuar”, finaliza.

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