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Vidas abandonadas

Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados

20 de fevereiro de 2015

Em pleno domingo de carnaval, a família de Maria Eduarda Vasselai, teve uma triste surpressa. Próximo a casa em que estavam descansando no feriado, foram encontrados filhotes de cachorros abandonados. “Minha mãe e a prima dela foram caminhar e encontraram os filhotinhos na porta de um prédio. Ela me acordou e fomos lá dar comida e água, tadinhos, eles estavam muito magrinhos e quase nem se mexiam direito”. Maria conta que, após comer, os filhotes ficaram bastante agitados e felizes, retribuindo o cuidado.

A família então entrou em um dilema. Por já possuírem três outros cachorros, não poderiam adotar os pequenos abandonados. Então Maria teve a ideia de fotografar os animais e fazer uma postagem no Facebook, com a esperança de que alguém se interessasse em adotá-los. Ao mesmo tempo alguns vizinhos da praia mostraram solidariedade e decidiram se mobilizar para ajudar também.

Como em um mutirão, cada um fez a sua parte. Um cuidou da comida e comprou um pacote de ração, outro ofereceu leite e foi feita uma caixinha, na qual foi escrito, “doação”. Os cachorrinhos foram colocados lá e os integrantes do mutirão foram almoçar. Quando retornaram, a caixa estava vazia. “De tarde, quando voltamos, eles não estavam mais lá, então não sabemos se foram adotados ou se alguém levou para uma agropecuária, mas a gente sempre espera o melhor né”, explica Maria.

A família de Maria fez a parte dela, mas muito ainda precisa ser feito para acabar com o abandono de animais. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde, estima-se que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% estão abandonados. No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente. Em muitos casos, o número chega a 1/4 da população humana. Cães e gatos são abandonados diariamente nas ruas, mas segundo a Sociedade União Internacional de Protetora dos Animais (Suipa), no período de férias, entre novembro e fevereiro, a quantidade de animais abandonados aumenta em até 70%. Isso porque famílias decidem viajar e simplesmente abandonam o animal à própria sorte.

O Brasil não tem leis efetivas para defender os animais, principalmente de maus-tratos, o que já existe em outros países.

Combater o problema é fundamental. Mais importante ainda é não deixar que ele aconteça. Sabemos que todos precisam ter direito a vida e nós, humanos, com certeza somos minoria perante aos demais habitantes da Terra. Por isso, devemos respeito. Talvez o homem seja o único ser que invada o território do outro. Que agrida sem ser ameaçado. Que abandona sem ter motivo. Que maltrata sem justificativa e que tem a capacidade de racionalidade, mas não usa.

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