Esporte

Velhos rivais, novas propostas

Separados pelo Rio do Testo, Água Verde e Caramuru renovam sua diretoria em busca da reafirmação no futebol pomerodense

7 de agosto de 2023

Foto: Bob Gonçalves

Dois dos clubes mais emblemáticos e tradicionais de Pomerode estão localizados no bairro de Testo Alto. Rivais históricos, separados pelo Rio do Testo, Água Verde e Caramuru vivenciam momentos muito parecidos.

Passando por uma verdadeira reestruturação, após tempos considerados difíceis por conta da pandemia da Covid-19, as equipes também apostaram na renovação de sua diretoria, em busca de uma nova afirmação dentro do futebol da cidade.

Jackson André Blodedorn e Felipe Daniel Gustmann, ambos de 25 anos, são amigos e vivem a realidade de seus clubes desde muito novos. E agora, em 2023, resolveram subir de patamar aceitando o desafio de serem seus presidentes.

Felipe Daniel Gustmann, presidente do Caramuru. Foto: Bob Gonçalves

PAIXÃO NO SANGUE

Bloedorn passou toda a sua infância toda participando do Água Verde, que, inclusive, foi fundado por seu bisavô.

“Meu pai sempre me levou junto e naquela época, era uma festa. Conforme fui crescendo, a paixão pelo clube crescia junto. Até que, no começo deste ano, surgiu a oportunidade de ser o presidente. Até estava disposto a assumir algum lugar na diretoria, mas como meu nome foi citado, acabei aceitando. Tive o apoio da minha esposa e da minha família, falei com pessoas que já estiveram à frente do clube e todos na hora toparam em me ajudar, no que fosse preciso”.

No entanto, o novo mandatário teve que superar algumas desconfianças.

“No começo, até que senti certo preconceito, mas, ao mesmo tempo, sabia que estava cercado de pessoas experientes. Então, tive a certeza que tudo se encaminharia da melhor forma. Desafios temos a toda hora, mas com uma diretoria unida, só temos a crescer”, pondera.

Com relação à rivalidade, Jackson diz que ela existe desde sempre, por serem times do mesmo bairro.

Jackson André Bloedorn, presidente do Água Verde. Foto: Bob Gonçalves

“Anos atrás, a rivalidade era muito maior, mas hoje em dia, a mantemos em dias de jogos e dentro de campo, principalmente. Eu cresci cercado de amigos que são Caramuru e tive que aprender a conviver com isso (risos). E é dessa forma que pretendemos levar! Cada um cuidando do seu time, mas a cerveja gelada na roda de amigos sempre acontecendo, indiferente do clube”.

Mas aquela “alfinetada” não pode faltar. “Atirar foguetes, após um ‘clássico’ entre as duas equipes, é uma tradição que vem de muitos anos, porém, hoje em dia está se acabando, muito para preservar a integridade dos animais e idosos. Atirando ou não os foguetes, após uma vitória em cima deles, na segunda-feira, às 18h, sempre nos passa pela cabeça soltar uns foguetes atravessando o rio que ‘divide’ os dois clubes”, cutuca.

Enquanto presidente, o objetivo principal de Bloedorn é manter a transparência. “Em toda reunião falamos sobre fazer o que é certo. Com certeza, os erros vão acontecer, mas é com eles que crescemos! Além de me preocupar muito com a questão da Escolinha, pois temos muitas crianças sob a nossa responsabilidade.

Mas a nossa equipe está fazendo um trabalho incrível e o resultado está em campo todo sábado pela manhã, onde a cada novo treino, novas crianças aparecem para participar”.

E se, algum dia, houvesse a oportunidade de juntar Água Verde e Caramuru, como seria? “Eu e o Felipe temos uma boa amizade e trocamos ideias, sim, sobre melhorias, eventos e sempre procuramos prestigiar um ao outro, mas quando o assunto é futebol, evitamos falar. Tem coisas que é melhor não tocar no assunto e cada clube mantém certos sigilos. E com relação a uma ‘união’ das duas equipes, acho pouco provável. Mas se houvesse pessoas interessadas em investir num futebol profissional aqui no bairro, por que não? Nunca diga ‘nunca’, finaliza o presidente do Verdinho.

APOIO DOS “VETERANOS”

Do outro lado do Rio do Testo, Gustmann tem a “cara” do Caramuru. Fazendo parte há mais de 10 anos como atleta, com o tempo, também resolveu integrar a diretoria do clube de seu coração.

“E como esse ano era ano de eleição, surgiu a oportunidade de assumir a presidência. E com o incentivo dos demais membros, veio a motivação para esse novo desafio, sabendo que teria o apoio dos que, hoje, fazem parte da diretoria. Sei da representatividade do clube para o bairro de Testo Alto e do município, e isso vem carregado de grandes responsabilidades. Um dos desafios para essa gestão é trazer ainda mais visibilidade do clube para o município, tanto na participação de competições, como nas melhorias e eventos realizados na sede”, enfatiza.

Com os anos, mesmo um clube tão tradicional, vem a busca pela inovação. “Com a renovação da diretoria, isso nos é permitido. Hoje, contamos com muitos membros e simpatizantes na nossa torcida, o que nos impulsiona e motiva em busca dessa inovação”.

Mas mesmo em um momento de calmaria, a rivalidade está sempre presente. “Isso sempre existiu e é o que nos move. Brincadeiras e cobranças em relação aos dois clubes acontecem no nosso dia a dia, mas acredito que por sermos da ‘nova geração’, essa rivalidade fica apenas entre as quatro linhas. E sempre converso sobre isso com o Jackson, não tem como evitar, até porque somos amigos desde crianças. Então, acredito que, mesmo cada um vestindo e defendendo a camisa do seu clube, esse assunto sempre surgirá”.

E um dos momentos inesquecíveis de Felipe dentro do clube, não aconteceu “dentro de casa”. “Em 2014, quando ficamos campeões do Campeonato Municipal, na casa do Água Verde, foi muito especial. Ainda mais pelo fato do troféu ter sido intitulado ‘Guido Belz’, um dos maiores nomes que esteve à frente do Bugre por muitos anos e considerado, por nós, um ídolo.

E nesse dia, tive a oportunidade de marcar o gol do título, então, não tem como ser diferente. Para mim, essa rivalidade ficou marcada”.

Justamente por isso, Gustmann ressalta que uma possível união das duas equipe está longe de acontecer. Mas com uma ressalva: “Nem tanto pela rivalidade, mas sim, pela estruturação de um hipotético campeonato profissional”, conclui o mandatário do Bugre.

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