Uma planta, muitas serventias
Uma planta que não se propaga, pois não tem sementes férteis e só se multiplica por mudas. Uma planta que forma barreiras naturais eficientes que agem na contenção de encostas e controle de erosão.
Uma planta que não se propaga, pois não tem sementes férteis e só se multiplica por mudas. Uma planta que forma barreiras naturais eficientes que agem na contenção de encostas e controle de erosão.
Ainda desconhecida por muitos, o Vetiver possui raízes resistentes e que, em um ano, chegam a ter até três metros de profundidade na vertical e não danificam outros cultivos.
Em Pomerode, a planta já é utilizada em alguns locais, mas ainda de forma muito discreta. Os benefícios, no entanto, são inúmeros e até surpreendentes. O engenheiro Paulo Rogério, em nosso município, é quem ensina a utilizá-las de maneira eficiente e correta.
Rafael Luqui Mirabal é um técnico venezuelano que, ao depois de 30 anos dedicados à inspeção de obras civis e eletromecânicas especializou-se em Bioengenharia de Vetiver. Eu viajava muito e, anos atrás não havia ar-condicionado nos carros, por isso parava em um rio para me refrescar. Anos se passaram e voltei a passar pela estrada que possuía esse rio e meus olhos encheram-se de lágrimas, pois o riacho estava seco. Foi então que percebi a necessidade de preservação do meio ambiente, além de maneiras para evitar a erosão, explica.
E hoje, há 15 anos trabalhando com isso, Rafael efetua palestras e participa de eventos e congressos para enaltecer as mais diversas funções e qualidades do Vetiver. Eu explico como a planta funciona e como deve ser aplicada. A ideia não é mostrar que o Vetiver pode ajudar a reduzir e/ou minimizar alguns dos grandes problemas da humanidade, ressalta.
Além de ser utilizada em terrenos com propensão à erosão e até em terrenos onde o processo erosivo já tenha ocorrido, a planta também reforça a estrutura do solo, filtra e purifica a água e auxilia no combate a contaminação das águas por conta dos aterros sanitários. O plantio das mudas de Vetiver acontecem, normalmente, em países tropicais e subtropicais para a estabilização de taludes, controle de erosão, recuperação de bacias hidrográficas e fitorremediação de solos contaminados por metais pesados e hidrocarbonetos, explica Rafael.
Original da Índia, a planta existe no Brasil há centenas de anos, mas somente agora vem sendo explorada de forma útil e eficiente. O vetiver tem resistido à prova do tempo e suas características de evolução genética o levaram a ser considerado e incentivado em programas ambientais, agrícolas e sociais por instituições como o Banco Mundial, comenta.
A planta precisa de cerca de um ano para crescer. No entanto, antes disso já é possível observar seus benefícios. A partir do terceiro mês de plantio já se obtém uma proteção mínima contra a erosão laminar e o desenvolvimento de sulcos, atingindo-se os melhores resultados após um ano, explica.
Para sua manutenção é necessário o controle de plantas invasoras, particularmente de espécies trepadoras e das espécies de porte alto, que podem projetar sombra sobre as barreiras. Se as barreiras não estão localizadas em cursos de água, se recomenda a poda e adubação uma vez ao ano, completa.
A planta também é bastante utilizada na indústria de perfumaria e cosméticos, como estabilizador e fixador de aromas, medicinal e artesanal. Na Venezuela, cerca de 20 mil artesãos trabalham e tiram seu sustento com o Vetiver. Há plantações inteiras com o objetivo de utilizá-las em diversas indústrias pelo mundo, afirma.
Na superfície, as hastes da planta funcionam como filtro: deixam passar a água – diminuindo sua velocidade – e retém os sedimentos, além de serem extremamente fortes, diminuindo a força das enxurradas.
O vetiver resiste e se desenvolve em qualquer tipo de solo, inclusive contaminados, com baixa fertilidade ou arenosos. Cresce vigorosamente em, praticamente, qualquer regime de chuvas e climas bem variados. Sobrevive na água, sendo por isso muito usado, com enorme eficiência, em despoluição, inclusive de esgotos domésticos.
O plantio poderá ser feito preferencialmente em nível e em linhas transversais à declividade dos taludes ou áreas impactadas, distanciando uma linha da outra cerce de um a dois metros de desnível, dependendo da característica de erosibilidade e instabilidade do solo, formando uma barreira impedindo a passagem de sedimentos (retendo-os), formando terraços evitando erosões e assoreamento dos cursos dágua, tornando áreas estáveis e reaproveitáveis.